Os mercados de óleo do motor estão mudando para produtos de menor viscosidade, que exigem óleos básicos de elevado índice de viscosidade, e pode ser difícil para a indústria de refino fornecer uma quantidade suficiente deles, disseram dois membros da indústria na conferência da ICIS da Ásia, no mês passado.
O estabelecimento de padrões obrigatórios de economia de combustível ou de emissões de gases de efeito estufa para veículos leves está moldando a tendência de fluidos de baixa viscosidade no segmento de lubrificantes automotivos, disse Chan Tat Yin, técnico na Infineum, na conferência de 19 de maio.
“Muitos fabricantes de equipamentos originais precisam reduzir suas emissões de dióxido de carbono em mais de 10 gramas por quilômetro para atender aos limites de 2015, ou enfrentar sanções em caso de descumprimento, que poderiam chegar a bilhões de Euros por ano para alguns”,observou Tat. Isso fez com que os fabricantes explorassem qualquer via para melhorar a economia de combustível, incluindo o óleo do motor.
“A redução da viscosidade do óleo pode levar ao aumento da economia de combustível e as emissões de dióxido de carbono”, disse Tat. “Ao diminuir a viscosidade do lubrificante, o atrito do motor também pode ser reduzida, o que é uma forma eficaz de melhorar o desempenho da economia de combustível.”
Tat e Amy Claxton, CEO da consultoria My Energy, concordaram que os formuladores precisam de óleos básicos com elevado índice de viscosidade, a fim de ter menor viscosidade a baixas temperaturas, equanto mantêm ou estreitam os limites de volatilidade Noack.
Demanda por menores graus de viscosidade
Como parte do impulso para óleos mais leves, a Society of Automotive Engineers – SAE aprovou, no ano passado, as definições para óleos SAE 0W-8 e 0W-12. Tat previu, no entanto, que a demanda por esses graus de viscosidade não se tornará significativa durante anos, até que os veículos que são novos agora, ou que serão novos nos próximos anos, tornarem-se uma grande parte da população de veículos.
“Levou do final dos anos 1980 até 2006 para o grau SAE 5W-30 assumir uma parcela de mercado significativa, e também irá levar um longo tempo para ele sair do mercado”, disse Tat. “É provável que as novas variantes de ultra-baixa viscosidade, como SAE 0W-16, só serão usadas em veículos novos e não existentes. Isso deve significar que não podemos ver volumes significativos no mercado, até 2020, e mesmo assim, elas só serão responsável por uma pequena percentagem do total de óleo vendido”.
Eventualmente, porém, a demanda por óleos 0W-16, -12 e -8 deve atingir altos volumes. Claxton advertiu que as opções de óleos básicos para a formulação de tais lubrificantes continuarão a serem restritas ao Grupo API III + e às polialfaolefinas.
“E agora, os OEMs precisam de óleos ainda mais leves do motor, com volatilidade equivalente ou menor, e menor viscosidade CCS a baixa temperatura e menor viscosidade HTHS”, disse ela. “Óleos básicos com I.V. de 120 a 122 não são suscetíveis a cumprir as novas metas.”
Os básicos de Grupo III+
O American Petroleum Institute – API define básicos do Grupo III como tendo índice de viscosidade de, pelo menos, 120. Já o Gupo III + é uma categoria não oficial reconhecida pela indústria para fins comerciais, como tendo índice de viscosidade de 130 ou mais.
Há apenas um número limitado de produtores no mundo atualmente produzindo óleo Grupo III +, disse Claxton, e sua capacidade de fazê-lo é parcialmente determinada pelo mix de petróleo que eles usam. Por exemplo, os crus parafínicos utilizados em uma planta de óleo básico da SK-Pertamina, na Indonésia e em uma refinaria Petronas, na Malásia fornecem um I.V. de aproximadamente 132. De longe, a maior fonte de Grupo III + é a joint venture de Pearl entre a Shell e a Qatar Petroleum, no Qatar , que é parte de uma refinaria que transforma o gás natural em produtos líquidos de petróleo (GTL).
O problema do baixo rendimento
Algumas plantas que atualmente não atingem tais níveis de I.V. são teoricamente capazes de fazê-lo, mas iriam sofrer reduções significativas na produção. “As fábricas de Grupo III na Europa Ocidental e na Ásia (excluindo China) perderiam cerca de metade dos seus rendimentos se eles fizessem as mudanças necessárias no processo para produzirem Grupo III +”, disse Claxton.
A Ásia atualmente tem capacidade para fabricar cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano de Grupo III, disse ela. Esse número cairia para 1,3 milhões, se todas fossem atualizadas para o Grupo III +. Da mesma forma, a capacidade da Europa Ocidental cairia de 850.000 t/ano para 450.000 t/ano, e no Oriente Médio do cairia de 310.000 t/ano para 205.000 t/ano.
Claxton e Tat observaram que o mercado mundial tem atualmente um excedente de capacidade de Grupo III, mas os aumentos de capacidade estão diminuindo, e apenas os óleos Grupo III+ com I.V. de mais de 130 são responsáveis por 30 por cento desse aumento.
Outros básicos especiais
As Polialfaolefinas, que são classificadas como básicos do Grupo IV, também podem ser usadas para formular os óleos de motor de baixa viscosidade. Os produtores de PAO fizeram diversas expansões recentemente, mas todos eles têm como alvo as PAO de alta viscosidade, que são utilizadas para diferentes aplicações. Não há expansões significativas anunciadas para PAOs de baixas viscosidades.
Algumas empresas estão tentando desenvolver fluidos de base biológica que poderiam servir de óleos básicos de alto I.V., mas Claxton informa que a comercialização em grande escala ainda está há vários anos de distância.
“Opções comercialmente viáveis para complementar óleos básicos que atendam aos mais rigorosos requisitos dos OEMs são limitadas”, concluiu. “Fornecedores de óleos básicos de Grupo III + estão em uma posição cobiçada no mercado de hoje.”
Tat pareceu concordar. “Não está claro se haverá suficiente desses óleos básicos para atender à demanda, que vai colocar crescentes desafios de investimento em todas as partes interessadas. Isto também irá levar a um aumento do custo de formulação”.
Fonte: Lube Report / Gabriela Wheeler