Gaston R. Schweizer
Graduado em Engenharia Industrial, com larga experiência em empresas de lubrificantes e diversos cursos de especialização, desenvolveu uma carreira com mais de 30 anos na Shell, STP e Repsol, tendo atuado como chefe de treinamento, coordenador técnico, responsável pelo atendimento às indústrias montadoras e de autopeças e obtenção de aprovações de produtos.
A utilização de óleos mais viscosos quando o motor apresenta maior consumo de óleo pode mascarar problemas, mas podem trazer outros.
O óleo lubrificante do motor deve sempre seguir ou exceder as especificações do fabricante do automóvel e nunca ficar abaixo delas. A maioria dos carros nacionais e importados modernos tem como recomendação óleos semissintéticos ou 100% sintéticos nas viscosidades SAE 0W-20, 5W-30, 10W-30, 10W-40 ou 15W-40, todos multiviscosos.
Recorrer a um óleo normalmente mineral monoviscoso, como um SAE 40 ou 50 ou até a um multiviscoso SAE 20W-40, 20W-50 ou até óleos comercializados como para veículos com ¨alta quilometragem¨ ou ¨com mais de 100 km¨ e encontrados nas viscosidades 25W-50 e até 25W-60! Este é um recurso utilizado por alguns motoristas para mascarar o desgaste dos componentes internos do motor, reduzindo o consumo de lubrificante do motor e recuperando um pouco da potência.
Como estes óleos possuem maior viscosidade (são mais “grossos”) do que os recomendados, sua utilização pode trazer desgaste prematuro de componentes que serão mal lubrificados, principalmente no momento da partida, como o comando de válvulas. A própria bomba de óleo pode ser prejudicada nessas condições, por ter sido projetada para trabalhar com óleos de menor viscosidade, além da partida do motor ser dificultada, ocorrerá também dificuldade de preenchimento e pressurização dos tuchos hidráulicos o que levará a ruídos e mal funcionamento na abertura das válvulas localizadas no cabeçote.
Ocorrerá um constante aumento de pressão da galeria de lubrificação, este problema será contornado pela operação da válvula reguladora de pressão máxima existente no sistema, ocorre que com a sua constante abertura, haverá uma menor fluxo e quantidade de óleo lubrificante circulando internamente no motor, somando este problema com sua maior viscosidade, teremos um queda no arrefecimento das peças internas que são resfriadas pelo óleo do motor, tais como virabrequim, bielas, comandos e principalmente os pistões, este queda na qualidade do arrefecimento aumenta a temperatura de operação do motor e reduz a vida útil destas peças além de aumentar a possibilidade da formação de vernizes e lacas no motor e formação de borra no óleo.
Quanto à formação de borra, existe mais um agravante, a utilização de óleos com especificações e desempenho notadamente inferiores ao indicado pelo fabricante, normalmente minerais, esta prática levará ao seu envelhecimento precoce, mais rapidamente perdendo suas características, bloqueando o filtro de óleo, engrossando e, como consequência, formando borra dentro do motor.
Desta maneira, recomenda-se a visita a uma oficina especializada onde o motor de seu carro será adequadamente examinado quanto à pressão das câmaras de combustão, com desmontagem total ou parcial do motor se necessário, para que seja verificado as causas precisas do consumo elevado de óleo o que, em muitos casos, passa pela necessidade de retífica e/ou troca de componentes.
Lembrando, com o aperfeiçoamento e modernização na engenharia e produção dos motores, com a utilização de melhores materiais, usinagem e montagem a quilometragem que esta situação ocorrerá é cada vez maior, mas está ligada diretamente na maneira de condução e utilização do veículo e na qualidade e na periodicidade das manutenções, e principalmente na utilização de óleos lubrificantes corretos e filtros de boa qualidade e procedência, trocados nos períodos indicados conforme plano de manutenção para o tipo de utilização. Economizar utilizando óleos e filtros inferiores cobram o seu preço.
Após esta intervenção, com certeza o motor de seu carro passará a ter a potência e o desempenho de quando novo, voltará a utilizar óleos nas baixas viscosidades indicadas e principalmente reduzirá as emissões de poluentes e o consumo de combustível. Uma intervenção que pode não ser barata mas que se paga através do tempo e da utilização do veículo pela redução de consumo de combustível. Além do que, a natureza agradece!