Fique de olho na borra maldita

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Gaston R. Schweizer

Graduado em Engenharia Industrial, com larga experiência em empresas de lubrificantes e diversos cursos de especialização, desenvolveu uma carreira com mais de 30 anos na Shell, STP e Repsol, tendo atuado como chefe de treinamento, coordenador técnico, responsável pelo atendimento às indústrias montadoras e de autopeças e obtenção de aprovações de produtos.

Quando menos se espera o motor aquece e trava sem nenhum aviso. Ao abri-lo surge um dos tormentos dos donos de carro. Mesmo fazendo trocas periódicas do óleo do motor, o cárter é uma borra só.

Você nem imagina, mas toda vez que você para o seu carro no posto de abastecimento para o abastecimento de combustível, uma simples averiguação no nível ou para troca completa do óleo do motor, seu veículo corre perigo de sair de lá com um mal bastante comum nos dias atuais e que afeta a maioria dos motores: a contaminação do óleo. Esse problema pode levar à formação de borra, que é a formação de depósitos provenientes – na maioria dos casos – do uso incorreto do tipo de lubrificante. Mas usar combustíveis adulterados e de má qualidade também causa a contaminação, assim como uma aditivação suplementar e o tipo de aplicação que o veículo é submetido.

No intuito de informar como acontece e o que leva ao fenômeno da borra, que muitas vezes causa altos prejuízos, destacamos aqui algumas questões mais frequentes sobre os cuidados que visam, principalmente, evitar a contaminação do óleo lubrificante. Com essas dicas é possível se antecipar e até prevenir o fenômeno que, infelizmente, só é descoberto depois de o motor já estar contaminado ou danificado.

Como escolher o óleo lubrificante ideal para cada motor?

Na hora de completar ou trocar o óleo, leia atentamente o “Manual do Proprietário”. Lá constam as especificações do óleo lubrificante, mineral, semissintético ou sintético, testado e indicado pelo fabricante para cada modelo de motor. Procure, ao completar o nível, colocar o óleo lubrificante da mesma marca, viscosidade e especificação, evitando assim a perda de desempenho e possível incompatibilidade de aditivação.

Qual a diferença entre óleo mineral, semissintético e sintético?

Todo lubrificante é composto por óleos básicos e aditivos. Sua principal função no motor é evitar o atrito entre as superfícies metálicas e refrigerar. A diferença está no processo de obtenção dos óleos básicos. Os minerais são obtidos da separação de componentes do petróleo, sendo uma mistura de vários compostos. Já os sintéticos são obtidos por reação química, havendo assim maior controle em sua fabricação, permitindo a obtenção de vários tipos de cadeia molecular, com diferentes características físico-químicas e por isso são produtos mais puros.

Os óleos semissintéticos empregam uma mistura em proporções variáveis de básicos minerais e sintéticos, buscando reunir as melhores propriedades de cada tipo, associando à otimização de custo, uma vez que as matérias primas sintéticas são importadas e possuem custo mais elevado, hoje, para um óleo ser classificado com semissintético, pelas normas da ANP (Agencia Nacional do Petróleo), deve possuir no mínimo 10% de básico sintético em sua formulação.

Esses três tipos podem ser misturados no motor?

Essa prática não é aconselhada, pois principalmente os básicos e os aditivos utilizados em suas formulações, apresentam naturezas químicas diferentes e a mistura pode comprometer o seu desempenho.

Posso substituir óleo mineral por semissintético ou sintético no meu motor?

Sim. Pode-se substituir o óleo mineral por óleo semissintético ou 100% sintético que normalmente possuem níveis de desempenho superior. O inverso é que não é recomendado, já que o mineral não atende às especificações dos motores de última geração. No entanto recomenda-se que, ao colocar este óleo superior, você realize a troca do filtro de óleo e repita esta operação, em um intervalo menor do que o indicado pelo fabricante. Isto se deve ao fato de que os óleos mais avançados limpam mais o motor e desta forma tendem a obstruir o filtro em um período mais curto. Após este procedimento ser realizado, você pode voltar a seguir os períodos de troca usuais e garantir uma melhor lubrificação do motor do seu veículo.

Combustível adulterado contribui para o aparecimento da borra?

O uso de combustível adulterado por solventes ou produtos químicos geram uma queima irregular que aumenta a contaminação do óleo de motor. Uma pequena contaminação ocorre e faz parte da operação do motor. Mas com o combustível adulterado esta contaminação será maior e e estes subprodutos poderão ser de natureza diferente do esperado e resíduos com aspecto de resina poderão se formar no motor, aumentando a probabilidade da formação de borra, entupindo o pescador de óleo no cárter e filtro prejudicando a lubrificação e refrigeração interna do motor.

Aditivação suplementar é aconselhada?

Não, essa prática não é aconselhada. Muitos frentistas de postos de gasolina empurram esses aditivos aos motoristas vendendo a falsa idéia de que eles melhoram o desempenho da lubrificação, o que não é verdade, pois os óleos lubrificantes normalmente possuem, de forma balanceada, todos os aditivos para que seja cumprido o nível de desempenho recomendado para cada motor. Portanto, a adesão desses aditivos pode provocar uma incompatibilidade que fatalmente neutralizará a eficiência na lubrificação.

Qual a diferença entre “serviço severo” e “serviço leve”, termos encontrados nos manuais dos fabricantes?

Serviço severo são os veículos usados normalmente em pequenas distâncias, nos centros urbanos, no para e anda do tráfego pesado em baixas velocidades e em percursos de até 6 km, ou então por estradas de terra normalmente poeirentas. Já o serviço leve é aquele onde o veículo trafega por longos percursos com velocidades quase constantes em vias pavimentadas, como no caso de viagens.

Seguindo essas informações com certeza você contribuirá para que seu carro não entre para a triste estatística do mal da borra maldita, além de aumentar a vida útil do motor do seu carro.

 

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