Correta Seleção De Óleos Lubrificantes Para Motor 4T

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Marcos Thadeu Giacomini Lobo

Marcos Thadeu Lobo

Engenheiro Mecânico Graduado Pela Universidade Estadual De Campinas ( Unicamp ) em 1985. Ingressou na Petrobras Distribuidora S/A em 1986 como profissional de Suporte Técnico em Produtos. E atualmente exerce a função de Consultor Técnico Sênior.

A correta seleção de óleos lubrificantes para motores de combustão Interna de 4T de equipamentos móveis.

Durante o período de garantia do veículo a troca do óleo lubrificante do motor de combustão interna 4T, geralmente, é realizada por concessionárias autorizada pelos OEMs. Após a fase de garantia, porém,  muitos usuários optam, com intento de economizar, por  efetuar a troca de óleo lubrificante em postos de serviço, em estabelecimentos prestadores de serviços de lubrificação ou na própria empresa.

Surge então a dúvida: qual o adequado óleo lubrificante a ser utilizado ? Os motores de combustão interna 4T  são divididos   genericamente   em  Ciclo Otto ( ignição por centelha ) e que utilizam como combustível Gasolina tipo C, Etanol Hidratado, GNV, flex-fuel  e Ciclo Diesel 4T ( ignição por compressão ) que utilizam como combustível Óleo Diesel Rodoviário ( B S500/B S10 ), Óleo Diesel Marítimo, OC A1 etc.

Figura 1 – É fundamental a correta escolha do óleo lubrificante
Figura 1 – É fundamental a correta escolha do óleo lubrificante

A primeira recomendação para a correta escolha do óleo lubrificante para motores de combustão interna 4T é consultar o manual de serviço do equipamento móvel onde são mencionadas as especificações técnicas sobre o tipo  de lubrificante a ser utilizado. Porém, muitos fabricantes de equipamentos móveis, por questões comerciais, coloc

Figura 2 – Manual de serviço de equipamento móvel
Figura 2 – Manual de serviço de equipamento móvel

am em seus manuais óleos lubrificantes específicos fabricados por determinadas formuladoras de lubrificantes e não especificações técnicas. Neste caso, havendo interesse  em utilizar outro lubrificante que não seja o indicado pelo OEM, é importante efetuar análise minuciosa para que produto similar seja utilizado com total segurança sem risco de avaria ao motor de combustão interna 4T.

Algumas especificações técnicas, como a SAE e a API,  necessitam ser bem entendidas para a correta escolha  do óleo lubrificante para uso em motores de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel  ) 4T.

A classificação SAE ( Society Automotive Engineers ) trata exclusivamente da viscosidade    do   óleo   lubrificante a ser   utilizado no motor de combustão  interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T, não levando em consideração requisitos de desempenho. Ou seja, não se pode decidir se o produto é adequado para uso em determinado motor de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T utilizando-se, somente, o grau de viscosidade SAE visto que produtos com níveis de desempenho bastante diferentes podem ter o mesmo grau de viscosidade SAE.

A norma SAE J300 ( revisão de 2015 ) define os graus de viscosidade para uso em motores de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T.

Tabela 1 - Classificação de viscosidade SAE J300 ( revisão 2015 )
Tabela 1 – Classificação de viscosidade SAE J300 ( revisão 2015 )

De forma resumida podemos dizer que na classificação SAE os óleos com  sufixo “W” indicam óleos lubrificantes para  temperaturas  mais baixas ( W de winter –inverno ) ou “óleos de inverno” e  óleos sem o sufixo “W” indicam  óleos lubrificantes para  temperaturas  mais elevadas ou “óleos de verão”. A elevação  do grau  SAE  indica  a elevação da viscosidade do óleo lubrificante ( ex.  óleos lubrificantes com grau de viscosidade SAE 40 são mais viscosos que os SAE 30 ).

SAE 0W/5W/10W/15W/20W/25W – GRAUS DE VISCOSIDADE PARA  TEMPERATURAS DE INVERNO

Figuras 4/5 – Óleos lubrificantes para temperaturas de inverno
Figuras 4/5 – Óleos lubrificantes para temperaturas de inverno

SAE 8/12/16/20/30/40/50/60 – GRAUS DE VISCOSIDADE PARA  TEMPERATURAS DE VERÃO

Figuras 6/7 – Óleos lubrificantes para temperaturas de verão
Figuras 6/7 – Óleos lubrificantes para temperaturas de verão

Grande avanço ocorrido na lubrificação de motores de combustão interna 4T são os óleos lubrificantes chamados multiviscosos ou multigrau ( 5W/30, 10W/30, 15W/40, 10W/40, 20W/50 etc. ).

Estes produtos atendem a mais de um grau de viscosidade e evitam que os óleos lubrificantes formem gel nos cárteres dos motores de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T em dias de baixa temperatura e que a  viscosidade  diminua excessivamente quando se atinge a temperatura de operação ou as temperaturas ambiente são elevadas.  O uso de óleos lubrificantes multigrau evitará que proprietários de equipamentos móveis, ao  se deslocarem de regiões em  que as temperaturas são muito baixas  para regiões de temperaturas mais elevadas,  tenham que efetuar troca do óleo lubrificante por produto de maior viscosidade durante o trajeto e tenham que realizar processo inverso quando do retorno.

Porém, óleos lubrificantes multiviscosos ou multigrau não são úteis, apenas, para uso em situações com grandes diferenças de temperatura haja vista que por terem viscosidades mais baixas à temperatura ambiente quando da partida do motor propiciam lubrificação mais rápida das    peças    localizadas    na    parte  alta  do   motor  ( balancins, sede de válvulas, tuchos, árvore de comando de válvulas etc. ) evitando contato prolongado das superfícies metálicas e reduzindo substancialmente o desgaste. Ao atingir-se a temperatura de operação a  viscosidade dos óleos lubrificantes multigrau permanecerá mais estável que a dos correspondentes óleos lubrificantes monoviscosos ou  monograu ( SAE 10W, 20W, 20, 30, 40, 50 ).

Figura 8 e 9 – Veículos moderno e antigo
Figura 8 e 9 – Veículos moderno e antigo

Esta característica extremamente interessante dos óleos multiviscosos ou multigrau se deve ao desenvolvimentos de novos tipos de óleos básicos e  de aditivos chamados MIVs – Melhoradores de Índice de Viscosidade. Resumindo podemos dizer que os óleos multiviscosos ou multigrau podem ser utilizados em motores de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T de equipamentos móveis modernos e antigos que operam em ampla faixa de temperatura, sendo a recomendação destes óleos lubrificantes feitas por todos os OEMs de equipamentos móveis.

Outra classificação fundamental para a seleção adequada de óleos lubrificantes para motores de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T é a API ( American Petroleum Institute ) que  avalia o nível de serviço ou desempenho do óleo lubrificante, sendo  classificação API muito prática:

– para motores Ciclo Otto ( Gasolina tipo C, Etanol Hidratado, GNV, flex-fuel ) 4T a categoria de serviço utiliza o prefixo “S” ( spark ignition – ignição por centelha )

Tabela 2 - Níveis de desempenho para motores Ciclo Otto 4T
Tabela 2 – Níveis de desempenho para motores Ciclo Otto 4T

– para    motores   Ciclo   Diesel ( Óleo Diesel  Rodoviário – B S500/B S10, Óleo  Diesel  Marítimo, OC A1 )    4T  a     categoria   de   serviço    utiliza o   prefixo    “C” ( compression ignition- ignição por compressão  )

Tabela 3 - Níveis de desempenho para motores Ciclo Diesel 4T
Tabela 3 – Níveis de desempenho para motores Ciclo Diesel 4T

À medida que a segunda letra da categoria de serviço à medida avança na sequência do alfabeto o nível de desempenho do óleo lubrificante se eleva e ao surgir uma nova categoria de serviço ela substituirá, com vantagens, as anteriores. Novos projetos de motores de combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T,  condições de operação mais severas e legislações ambientais mais restritivas com respeito às emissões atmosféricas tornam necessários que se desenvolvam novas categorias de serviço API.  Para exemplificar, podemos mencionar que a API  homologará, em dezembro de 2016,  mais 02 novas categorias de serviço para motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T: a CK-4 e a FA-4.

Figura 10 - Evolução nos níveis de desempenho API para carros de passageiros
Figura 10 – Evolução nos níveis de desempenho API para carros de passageiros

As classificações SAE ( viscosidade ) e API ( desempenho ), geralmente, vem estampadas nos rótulos das embalagens de óleos lubrificantes com vistas a orientar os usuários.

 Figura 11 – Classificações SAE ( viscosidade ) e API ( desempenho )
Figura 11 – Classificações SAE ( viscosidade ) e API ( desempenho )

Algumas montadoras de origem européia passaram a  recomendar o uso da classificação de desempenho ACEA ( Associação dos Construtores Europeus de Automóveis ) porém estas classificações referentes a níveis de desempenho não serão abordadas no presente artigo técnico e serão abordada futuramente.

Por determinação da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ( Resolução ANP 22/2014 de 11/04/2014 ), a partir de 30/06/2015, somente poderão ser comercializados, no Brasil,  óleos lubrificantes para motores de combustão interna Ciclo Otto 4T com nível de desempenho mínimo API SJ  e para motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T óleos lubrificantes com nível de desempenho    mínimo API CG-4. A ANP já sinalizou que  deverá, brevemente, elevar os níveis mínimos de     desempenho exigidos  de  forma a   dar   maior proteção aos usuários       de     óleos   lubrificantes         para     motores   de    combustão interna ( Ciclo Otto/Ciclo Diesel ) 4T.

O recomendado é procurar utilizar produtos com  o níveis de desempenho   API mais atuais  e os graus de viscosidade SAE  recomendados no manual de serviço do equipamento móvel . Certamente,  isto significará maior vida útil e confiabilidade ao motor de combustão interna 4T e menor probabilidade de ocorrências de borras indesejáveis, não importando o período de uso do motor ou a idade do veículo.

Figuras 12/13 – Borra em motor de combustão interna 4T
Figuras 12/13 – Borra em motor de combustão interna 4T

Alguns OEMs tem estabelecido exigências próprias de desempenho como é o caso da Volkswagen, Mercedes Benz, Volvo, Renault, Honda e Fiat . Neste caso,  o usuário deve estar atento a se o óleo lubrificante a ser utilizado atenderá ao exigido pelo OEM. Algumas destas exigências demandam que o óleo básico utilizado na composição do óleo lubrificante seja semi-sintético ou sintético.

Óleos lubrificantes que utilizam óleos básicos sintéticos ou semi-sintéticos, geralmente, apresentam maior resistência ao envelhecimento ( oxidação ) e, consequentemente, à formação de borras tendo, no entanto, custo superior ao dos óleos lubrificantes de base mineral. Neste caso, porém, economia  poderá significar avaria precoce no motor de combustão interna 4T tendo em vista que os cárteres estão com volumes cada vez menores e as temperaturas e rotações são cada vez  mais elevadas, o que provoca maior estresse no óleo lubrificante exigindo  características que somente poderão ser  atendidas com o uso de  óleos lubrificantes sintéticos ou semi-sintéticos.

Figuras 14/15 - Muitos OEMs estabelecem níveis de desempenho próprios
Figuras 14/15 – Muitos OEMs estabelecem níveis de desempenho próprios

Como regra geral recomenda-se ao usuário consultar o manual de serviço do equipamento móvel antes de utilizar ou adquirir  óleo lubrificante para  motores de combustão interna 4T. Na dúvida consulte a concessionária autorizada ou algum fornecedor confiável de óleos lubrificantes. No mercado há muitas pessoas bem intencionadas mas com conhecimento desatualizado sobre o assunto. Lembre-se:  mais caro que o óleo lubrificante e o custo do reparo é  a indisponibilidade do equipamento móvel.

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