O presidente para a América Latina da FCA 9 Fiat Chrysler Automobiles), Stefan Ketter, disse em entrevista à rádio CBN que as coisas este ano não estão tão boas quanto se previa. E que isso acontece, em boa medida, porque falta “previsibilidade de regras”. “A coisa mais importante é a previsibilidade de regras. Nós hoje já tomamos decisões para 2019, 2010 e 2021. E não temos certeza do que vai acontecer neste intervalo de tempo. É difícil elaborarmos com certeza estes investimentos futuros”, disse o executivo.
A entrevista veio em meio a números de vendas desanimadores. “2017 não começou tão bem quanto nós prevíamos. Não fomos bem sucedidos em nossas previsões. Nós pensávamos no último trimestre do ano passado que em 2017 teríamos pelo menos um crescimento de 5% a 10%, mas erramos. No primeiro trimestre (de 2017), estamos abaixo da velocidade que tivemos no último trimestre de 2016”, disse Ketter. Escute abaixo a entrevista na íntegra.
Os maus resultados não se devem apenas a questões econômicas ou de planejamento, mas também por conta do quadro político conturbado. Ketter não menciona nada específico em sua entrevista, mas o quadro de indefinições vai muito além das leis e do Inovar-Auto, por exemplo, que ninguém sabe se continua ou se acaba no final deste ano. Elas incluem até saber se Michel Temer termina ou não o mandato com o processo que corre contra sua chapa no TSE. Assim como quantos políticos estão implicados nos novos desdobramentos da Lava Jato. “Nós sabemos que isso reflete na confiança geral em termos de consumo. Quanto mais rápido essa agenda for fechada, melhor”, disse ele.
Ao mesmo tempo em que pede regras mais claras, Ketter se colocou contra as políticas de incentivos praticadas pelos governos anteriores. “Hoje, sabemos claramente que tudo isso que sempre acontece são fases muito artificiais. Elas sempre antecipam demandas e depois nós recaímos no mesmo efeito. Como já falei, as regras mais claras são o que precisamos.”
Melhor, só em 2018
Diante do estágio atual do mercado, nem as contas inativas do FGTS ajudam o executivo a arriscar uma nova aposta em recuperação em 2017. “Vamos nos preparar para estar prontos para quando o crescimento vier. Talvez em 2018 tenhamos um ano melhor.” Uma das apostas de recuperação são as reformas tributária e trabalhista, mas Ketter vê ambas com cautela. “Acreditamos não numa reforma total, mas em algumas reformas cirúrgicas para melhorar a produtividade”.
O executivo encerrou a entrevista falando de carros autônomos e arriscou mais uma previsão: “Seguramente termos carros autônomos no Brasil. Não me atrevo a dizer quando e como, mas um certo grau de autonomia posso dizer que, na próxima década, nós veremos também no Brasil”.
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