Caminhões e ônibus – falta de definições do governo
Como consequência da falta de definições do governo nos investimentos em transporte e infraestrutura, o setor de caminhões e ônibus pesados ainda registra forte queda nas vendas, mesmo na comparação com o já ruim 2016. Neste primeiro bimestre foram emplacados apenas 5,56 mil caminhões, uma queda de 32,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
“A venda de caminhões depende essencialmente de PIB e o Produto Interno Bruto do País teve queda de 8% em dois anos”, recorda Luiz Carlos Moraes, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “As coisas não acontecem. Deveria haver efetivamente concessões para obras de infraestrutura e não apenas anúncios. Qualquer rodada de concessões tem impacto real demorado, em torno de seis meses”, lamenta o executivo.
Retração nas vendas
A retração nas vendas do primeiro bimestre afetou desde os caminhões semileves aos pesados. “A recuperação nos próximos meses pode começar pelos pesados (por causa do agronegócio) ou por alguns nichos de mercado”, estima Moraes.
A produção de caminhões em fevereiro registrou alta de 18,6% sobre janeiro. “O crescimento teve em vista a expectativa por números melhores após o carnaval”, afirma o presidente da Anfavea, Antonio Megale. No bimestre, contudo, a produção de somou 9,8 mil unidades e leve alta de 3,4%.
Exportações
O primeiro bimestre anotou 3,2 mil caminhões enviados ao exterior, alta importante de 26,6%. O maior volume foi o de semipesados, 1,2 mil unidades e crescimento de 55,8%. Megale atribui a alta ao esforço das montadoras e do governo nas relações comerciais com os países vizinhos.
ÔNIBUS À ESPERA DO REFROTA
As vendas de ônibus no primeiro bimestre somaram apenas 932 unidades, registrando queda de 46,2% ante os mesmos dois meses de 2016. De acordo com a Anfavea, o setor estagnou à espera do Refrota, programa anunciado em dezembro pelo governo que prevê R$ 3 bilhões para o financiamento de 10 mil ônibus este ano com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
“Até agora não ocorreu nenhum financiamento pelo programa. Esse tipo de anúncio sem a ativação efetiva trava o setor porque os empresários não compram enquanto não ocorre uma definição”, lamenta Moraes.
O setor de ônibus vive melhor momento no mercado externo. Nos dois primeiros meses o País exportou 1.053 unidades, anotando alta de 24,2%. O maior volume embarcado foi de modelos urbanos, 725 unidades e acréscimo de 33,3%.
A produção total (urbanos e rodoviários) somou 2,4 mil unidades e queda de 9,6%.