Os testes com o trator a biometano realizados no mês de janeiro em uma propriedade rural de 40 hectares no município de Santa Helena, a 100 quilômetros de Foz do Iguaçu, demonstraram que a nova tecnologia é viável e pode ajudar o agronegócio brasileiro a se tornar mais competitivo e autossuficiente na geração de combustível e energia. A avaliação foi feita na quarta-feira (8) no estande da Itaipu Binacional no Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), pelo novo vice-presidente da New Holland para a América Latina, Rafael Miotto, e pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
Também participaram da cerimônia o superintendente de Energias Renováveis de Itaipu, Herlon Goelzer de Almeida, o diretor-presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás – Biogás), Rodrigo Regis de Almeida Galvão, o diretor comercial da New Holland Brasil, Alexandre Blasi, e o diretor-presidente do Iapar, Florindo Dalberto.
O protótipo
O protótipo, que é uma das principais atrações do estande de Itaipu no Show Rural, foi desenvolvido na Europa pela New Holland a partir do modelo T6.140. Antes de vir ao Brasil, o veículo foi testado em uma fazenda no norte da Itália.
Para Rafael Miotto, o trator a biometano traz respostas a duas grandes preocupações do campo, que são reduzir os custos e poluir menos. De acordo com dados da empresa, a economia de combustível em relação a um modelo convencional é de 40%, com 80% menos emissões de poluentes. A autonomia, dependendo das condições de uso, pode chegar a cinco horas de trabalho ou mais.
“Quando você pensa na agricultura do futuro, que é a agricultura que vai ter certificados, muito em breve isso vai acontecer também com os pequenos agricultores. Você vai ter de certificar como produz, a origem do produto, como chegou a determinado resultado”, disse o Miotto.
Menos poluição
“O trator a biometano vai ajudar muito porque polui menos, consome menos, e economicamente o agricultor tem benefício direto porque vai gastar menos. Ou seja, terá maior margem, maior rentabilidade, e será mais sustentável”, completou.
Jorge Samek reafirmou que transformar dejetos da agropecuária em biogás é uma solução inovadora para um problema grave e atual – as emissões de gases que provocam o efeito estufa e a poluição do solo, rios e lagos.
“O que estamos vendo é uma revolução no campo. Ao invés de poluir, você transforma esses dejetos em energia elétrica ou combustível veicular, e ainda aproveita a parte residual do processo como fertilizante. Ou seja, energia limpa e custo de produção menor”, disse Samek.
Parceria
A vinda do trator à região Oeste do Paraná é resultado de um acordo de cooperação assinado por Itaipu e New Holland, em agosto do ano passado, durante a Expointer 2016 – a Exposição Internacional de Animais de Esteio (RS), para aprimorar e difundir as tecnologias relacionadas ao uso do biometano como combustível veicular.
O gerente de Marketing de Produto da New Holland, Nilson Righi, explicou que o objetivo dos testes no Brasil é avaliar o comportamento do veículo considerando o clima e as características das propriedades rurais do País. As observações poderão servir de referência para o desenvolvimento de novas gerações de tratores a biometano, até que o produto esteja pronto para ser lançado comercialmente no mercado mundial.
O teste do trator movido a biometano
A propriedade escolhida para testar o trator no Brasil não foi por acaso. A Granja Haacke, de Santa Helena, tem uma estrutura com biodigestor, compressores e filtro para tratar dos dejetos gerados por gado confinado e galinhas poedeiras. É de lá que sai o biometano que abastece parte da frota de veículos da margem brasileira da usina de Itaipu.
Atualmente, dos 249 veículos da empresa, 59 são movidos a biometano – e esse número vai subir para 73 até o final do semestre. Itaipu e CIBiogás também estão concluindo a construção de uma planta de produção de biometano dentro da usina, que vai utilizar grama, esgoto e sobras de alimentos. O gás vai reforçar o abastecimento da frota. (Coisas de Agora)