Demanda de carvão e petróleo em 2020
Estudo do Grantham Institute, especializado em pesquisas sobre mudanças climáticas e meio ambiente sediado no Imperial College de Londres, em conjunto com o Carbon Tracker Initiative, aponta que a queda dos custos dos veículos elétricos e da tecnologia solar tem potencial para barrar o crescimento da demanda global de carvão e petróleo já a partir de 2020. O estudo ‘Espere o inesperado: o poder disruptivo da tecnologia de baixa emissão de carbono’ que acaba de ser divulgado expõe vasta e completa fonte de dados sobre os impactos do aumento do uso dessas tecnologias limpas em detrimento das fontes de energias tradicionais e de origem fóssil como o carvão e petróleo.
O relatório aponta que …
O relatório aponta que somente o crescimento de veículos elétricos (EVs) pode fazer com que 2 milhões de barris de petróleo por dia deixem de ser usados até 2025. O estudo adverte que a demanda por carros cresce a taxa de 60% ao ano e já há mais de 1 milhão deles pelas estradas de todo o mundo. Por sua vez, os custos das baterias caíram 73% (para US$ 268 / kWh) entre 2009 e 2015, de acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos. A Tesla, fabricante de carros elétricos, prevê que este valor chegue a US$ 100 / kWh até 2020.
Perda de 10% de participação
A pesquisa sugere que os combustíveis fósseis podem perder 10% da sua participação de mercado para a energia solar fotovoltaica e para veículos elétricos em uma única década. Tal efeito não parece tão relevante, mas pode ser o começo do fim: uma perda de 10% de participação no mercado de energia causou o colapso da indústria de mineração de carvão dos Estados Unidos e as cinco maiores empresas de energia elétrica da Europa perderam mais de € 100 bilhões entre 2008 e 2013 porque não contavam com o crescimento de 8% do uso de energias renováveis, das quais a solar fotovoltaica teve maior parcela.
CARRO ELÉTRICO PODE SER MAIS BARATO
Os cenários deste estudo assumem que os veículos elétricos serão mais baratos que os convencionais a uma taxa gradual a partir de 2020. O relatório conclui que os veículos elétricos poderiam ter um quinto do mercado de transporte rodoviário em 2030 e, com o crescimento adicional de carros com célula de hidrogênio e dos híbridos, os modelos convencionais poderiam representar menos da metade do mercado. Para 2050, os veículos elétricos podem vir a representar 69% do mercado (cerca de 1,7 bilhão de unidades), enquanto os modelos convencionais a combustão responderão por apenas 12%.
Pontos-chave para a indústria de combustíveis fósseis
“Veículos elétricos e energia solar são pontos-chave que a indústria de combustíveis fósseis sempre subestima. A possível chegada de outras inovações podem fazer com que nossos cenários para daqui 5 anos pareçam conservadores: neste caso, o erro na previsão da demanda por parte das empresas será ainda maior”, alerta o pesquisador sênior da Carbon Tracker, Luke Sussams.
Pontos elencados
Entre os pontos elencados nos estudo sobre os impactos do aumento do uso das tecnologias limpas, pode-se destacar que a a energia fotovoltaica solar poderia fornecer 23% da geração de energia global em 2040 e 29% até 2050, eliminando totalmente o carvão e deixando o gás natural com apenas 1% de participação de mercado. Sobre este contexto, a ExxonMobil prevê todas as fontes renováveis fornecendo apenas 11% da geração de energia global em 2040.
Já os veículos elétricos poderiam representar um terço do mercado de transporte rodoviário até 2035, mais da metade do mercado em 2040 e mais de dois terços de participação de mercado até 2050: o BP Energy Outlook 2017 prevê que os veículos elétricos representarão apenas 6% do mercado em 2035.
Demanda por carvão
A demanda por carvão poderia atingir o pico em 2020 e cair para metade dos níveis de 2012 até 2050. A demanda de petróleo poderia ser estável de 2020 para 2030 e, em seguida, cair de forma constante até 2050. A maioria das grandes empresas de petróleo e gás não esperam que o carvão atinja seu pico de consumo antes de 2030 e nenhuma prevê o pico do petróleo antes de 2040. Neste cenário, o aquecimento global seria limitado a 2,4° C a 2,7° C em 2100 (probabilidades de 50% e 66%, respectivamente). Trata-se de uma diferença significativamente menor em relação ao cenário previsto atualmente, que projeta um aumento médio de temperatura de 4°C ou mais, índice altamente usado pela indústria de energia.
Ambiciosos objetivos climáticos
“A maioria das análises de previsões de baixo carbono considera o que precisa ser feito para atingir os ambiciosos objetivos climáticos, como o de manter o aquecimento global abaixo dos 2° C. Aqui olhamos o que aconteceria com o sistema energético global e a temperatura global se as opções de menor custo fossem implementadas, à luz das últimas projeções de custos da energia solar fotovoltaica e dos veículos elétricos. É hora de entendermos completamente as implicações da incessante trajetória dessas tecnologias na curva de custos”, enfatiza o pesquisador sênior do Imperial College Ajay Gambhir.