Entre as primeiras quinzenas de 2016 e 2017 houve estabilidade no mercado de veículos, de acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. As vendas de janeiro de 2016 foram de 155,3 mil unidades e “tudo indica que vamos terminar este mês um pouco melhor”, acrescentou.
Dada a importância do setor automobilístico para a indústria de transformação, a estimativa é um indício de que 2017 pode ser promissor.
Depois de um longo período de queda, em que a produção e as vendas recuaram para níveis próximos aos de meados da década passada, a Anfavea espera uma recuperação de 4% neste ano, o que elevará o número de licenciamentos de veículos de 2,05 milhões para 2,13 milhões.
Comparado aos tempos de euforia, o resultado parece pífio. Mas ao término de um triênio (2014/2016) em que as vendas caíram quase 1,5 milhão de unidades (41,4%), nenhum ganho deve ser ignorado.
Como o desemprego ainda é o principal empecilho à retomada, o aspecto enfatizado pelo dirigente da Anfavea é a queda do juro decidida nas últimas três reuniões do Copom e, em especial, a indicação de que novas quedas das taxas deverão ocorrer nos próximos meses. Ainda não há sinais de que os bancos estejam afrouxando o rigor nas concessões de financiamentos – e poucas instituições anunciaram juros menores –, mas, “à medida que a economia for virando, o humor vai virando, mais gente vai buscando financiamento e os bancos vão liberando o crédito”.
Setor de veículos se mantém otimista
Entre os fatores que justificam otimismo está a mudança de regras de financiamento do BNDES, com ampliação do acesso ao crédito por micro, pequenas e médias empresas que faturam até R$ 300 milhões anuais. Anunciadas para os próximos três anos, beneficiarão ampla gama de empresas, inclusive de autopeças.
A ênfase na previsibilidade é crucial para empresários e investidores, disse Megale. E isso vale não só para um setor em crise, que opera com menos da metade da capacidade instalada, mas para toda a economia. O ciclo de queda parece terminar e especialistas já preveem uma retomada mais forte no segundo semestre. (O Estado de S. Paulo)