Caminho do Imperador
Texto: Egon Jenckel/Trinity Ronzella
Fotos: Trinity Ronzella
Na região serrana do Rio de Janeiro, o chamado Vale das Princesas abrange as cidades de Miguel Pereira, Paty do Alferes e Petrópolis. Em meio a esses lugares surge o “Caminho do Imperador”, que foi a primeira via para pedestres e animais construída no início do século XVII, ligando o Rio de Janeiro a Minas Gerais. O nome deste caminho se deu porque, na época do Brasil Império, o Imperador Dom Pedro II passava pela região, principalmente no início do ciclo do ouro, quando viajava a Minas Gerais. O relevo local fez com que passasse a ser conhecido como ‘‘Mar de Morros”. Além de belas paisagens, em um ponto daquele vale, com altitude de 1.100 metros, está a “Mesa do Imperador”, de onde se avista a Ponte Rio-Niterói e o Cristo Redentor em dias claros.
Trilhas do caminho
Ali é possível percorrer trilhas em mata virgem, muitas delas cortadas por riachos e quedas d´água cristalina. Outra atração do Caminho do Imperador é a Gruta do Quilombo de Manoel Congo cuja história nos remete ao ano 1838, quando partiram da Fazenda da Freguesia, hoje Arcozelo, em Paty do Alferes, 300 escravos liderados pelo africano Manoel Congo, em direção à serra de Santa Catarina, onde fundaram um quilombo. A importância deste caminho é grande, tanto que, desde 1984, esta estrada tem trechos tombados pelo Inepac.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Como este caminho só podia ser percorrido a cavalo, várias passagens surgiram ligando Paty do Alferes a Córrego Seco. Mas, com o surgimento de Petrópolis (em 1843) – e depois, com a chegada dos imigrantes alemães –, surgiu a necessidade de uma estrada para melhor abastecer a colônia alemã com produtos de outras regiões. Assim os produtos seriam transportados com mais facilidade e em menor tempo, além de ser um estímulo para a fabricação de carros e carruagens. Depois de muitos entraves e correções, em 1858, a obra foi concluída, com uma distância de 33 km a partir da Estrada do Contorno.
PATY DO ALFERES
Comece o tour em Paty do Alferes, que tem, por filho ilustre, José Osório Duque-Estrada, autor da letra do Hino Nacional. A cidade se destaca por ser a terceira maior produtora de tomate do país, fato celebrado por meio de uma festa que dura seis dias e que recebe milhares de pessoas. É uma cidade que merece ser visitada e que tem, como pontos turísticos, o Museu da Cachaça, a Igreja Matriz, a Aldeia de Arcozelo, o Sítio das Bromélias e o Orquidário Boa Vista (com orquídeas raras)
CAMINHO DESBRAVADO
Em seus 33 km de boa estrada de terra, o caminho é incrível. Se inicia a 500 metros da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de Paty do Alferes (RJ), no portal da APA Palmares. Construções antigas, belas fazendas históricas, vilarejos, pontes, muita vegetação, belíssimas paisagens e pessoas que moram ao longo do percurso tornam o roteiro muito agradável. É um lugar para se percorrer com tranquilidade, aproveitando ao máximo cada quilômetro.
O caminho não exige cuidados quando seco, mas requer atenção em seus últimos sete quilômetros, devido ao estreitamento da estrada e o surgimento de pedras. Vale citar que, quase na metade do caminho, há uma bica d’água. Ao final, já na estrada com piso em bloquetes, surge uma bela cachoeira. Nos dias mais quentes será difícil resistir a um mergulho. Ao viajar pelo Caminho do Imperador, após o trecho da estrada em bloquetes, basta seguir para a Rodovia Washington Luiz e, depois, Petrópolis.
CIDADE IMPERIAL
Petrópolis é uma cidade turística e que guarda muitas surpresas, começando por sua história. Conhecida como “Cidade Imperial”, foi o sonho de D. Pedro I, que ali construiu seu Palácio e passou bons momentos da vida.
Como herança de imigrantes, portugueses, italianos e franceses, além de seus colonos germânicos, foi envolvida pela música, arte, dança cultura e tradições. É uma viagem no tempo! Não deixe de conhecer a casa de Santos Dumont, o Palácio de Cristal, o Museu Imperial e a Catedral. A Petrópolis Imperial foi a primeira cidade planejada da América Latina.
ROTEIRO
Ida: partindo de São Paulo (SP), siga pela rodovia Presidente Dutra até Barra Mansa (RJ). Entre em Barra Mansa e acesse a rodovia Eng. Alexandre Drable (RJ-157). Depois siga para Volta Redonda (RJ) e, então, para Barra do Piraí, pela RJ-393, rodovia Lúcio Meira. Ainda na RJ-393, o próximo destino é Vassouras e, depois, pela rodovia RJ-115, siga para Miguel Pereira, pegando a RJ-109 até Paty do Alferes. Por estes caminhos, serão rodados aproximadamente 407 km até Paty do Alfreres. Quem vem do Rio de janeiro (RJ) deve seguir via rodovia Presidente Dutra, entrar em Volta Redonda e, a partir daí, seguir o mesmo caminho dos que vêm de São Paulo.
Volta: Saindo de Petrópolis, siga pela BR-040 até Três Rios (serão 70 km). Em seguida, acesse a RJ-393 com destino a Vassouras (63km). A partir de Vassouras, o caminho será o mesmo da ida.