61% das empresas estão longe da transformação digital

Resultados preliminares do índice feito pelo Cesar em parceria com AB mostram que companhias ainda mantêm foco só em otimizar processos

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As empresas automotivas têm anunciado uma série de esforços para acompanhar a transformação digital. Apesar disso, 61% dos profissionais desta indústria indicam que as empresas em que trabalham estão longe de alcançar maturidade digital – deste porcentual, 14% estão muito longe deste ponto. Esta é uma das conclusões preliminares do Índice de Transformação Digital do Setor Automotivo, feito pelo Cesar – Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, em parceria com Automotive Business.

Os dados

 

Os dados foram apresentados no ABX19 – Automotive Business Experience, evento que reuniu 2 mil lideranças do segmento em São Paulo, no dia 27 de maio. Os números prévios foram apurados por meio de questionário on-line com 93 pessoas que atuam em organizações, um universo que gira em torno de 600 empresas, entre fornecedores da cadeia de valor e as fabricantes de veículos. Dos entrevistados, 46% são de cargos de coordenação, gerência, diretoria, vice-presidência e presidência das empresas.

Assim que respondiam ao questionários, estes profissionais recebiam um diagnóstico, com o índice da própria organização. (Veja aqui. Eduardo Peixoto, Chief Design Officer, diz que os resultados estão dentro do esperado para o setor automotivo. )

“Trata-se de um segmento que é símbolo da revolução industrial, marcada pela linha de montagem desenvolvida por Henry Ford. Agora, no entanto, estas empresas precisam encarar uma série de desafios para acompanhar a atual revolução digital”

 

Empresas maduras

Enquanto as respostas da maior parte dos entrevistados indicaram que as companhias em que trabalham estão distantes de alcançar a maturidade, 31% apontam que estão perto de concretizar a transformação digital e apenas 4% sinalizam estar muito perto.

Digitalização ou apenas otimização

Ainda que exista um longo caminho a ser percorrido pelas empresas automotivas, 86% dos respondentes indicaram que a transformação digital é um tema prioritário nas empresas em que trabalham. Por outro lado, 9,7% dos entrevistados disseram que as organizações não priorizam o assunto.

“Outra questão sensível no setor automotivo é que muitas empresas falam em transformação digital, mas só executam medidas de otimização dos processos, deixando uma série de iniciativas essenciais de fora, como a geração de novos modelos de negócio”, alerta Peixoto.

 

Priorização da transformação digital

Segundo o especialista, apesar da priorização da transformação digital estar na maior parte das empresas, apenas 42,9% dos respondentes mostram iniciativas mais abrangentes, que vão além da preocupação em otimizar a companhia. “Em geral, o setor automotivo ainda olha para a inovação, que engloba a transformação digital, como algo que deve ser feito internamente, de forma vertical”, diz Peixoto.

Para ele, no entanto, a abordagem deveria ser mais aberta, com cocriação em ciclos interativos, em rede, com foco que vá além do produto:

“A transformação digital precisa ser profunda e incluir a ruptura do modelo de negócio em atividades-chave das organizações. O setor automotivo tem que passar por este processo para não perder espaço para empresas desafiantes”, resume.

 

Os oito eixos da transformação digital

Para medir o estágio em que as empresas automotivas estão, o Índice de Transformação Digital se apoia em oito eixos:

– Cultura e pessoas: perspectiva do ser humano em relação às mudanças na era digital, passando pelo papel de líder nas transformações e pela função das empresas nas novas configurações das sociedades e dos negócios.

– Consumidores: trata-se da mudança na relação entre as organizações e os seus consumidores. Passa pela possibilidade de customização, disponibilidade e oferta de soluções conectadas e sob demanda.

– Concorrência: a era digital reconfigurou a competição. Mesmo empresas bem estabelecidas podem ser fortemente impactadas por novos competidores ágeis, inesperados e assimétricos.

– Inovação: há novos métodos e processos. Antes as empresas desenhavam e lançavam sozinhas seus produtos no mercado. Agora a cocriação e a contínua experimentação são as estratégias com maior potencial.

– Processos: este é o eixo da otimização. Passa pelo mapeamento de como as empresas se envolvem digitalmente com o setor em que estão inseridas, e da propensão ao uso de software para gerenciar operações internas, otimizar o uso de ativos e os relacionamentos com clientes e fornecedores.

– Modelos de negócio: ao usar ferramentas digitais, as empresas devem detectar novos mercados e caminhos para crescer. Segundo o Cesar, modelar novos negócios é essencial para a sobrevivência das organizações na era digital.

– Dados: a captação e uso inteligente de dados tem extrema relevância para a estratégia e tomada de decisões das empresas. A questão é que poucas organizações sabem extrair valor deles e, ao mesmo tempo, assegurar os direitos intelectuais em ativos digitais, a privacidade e a segurança dos consumidores.

– Tecnologias: as empresas precisam conhecer e aplicar de forma inteligente as tecnologias digitais, como IoT (Internet das Coisas), big data e inteligência artificial – soluções capazes de garantir vantagem competitiva.