Pesquisa detalhada feita pela revista Lubes em Foco indicou um crescimento de 1,9% do mercado brasileiro de lubrificantes em 2018, com relação ao ano anterior. A revista considerou a necessidade de analisar dados diretamente com empresas do mercado e efetuar uma consolidação com números publicados pela ANP. As importações de básicos chegaram ao recorde histórico de mais de 616 milhões de litros, um aumento de 48% sobre o ano de 2017.
Um ambiente de crescimento
Alguns fatores importantes mostram a coerência de falarmos em crescimento no ano de 2018. O mercado de lubrificantes tem historicamente acompanhado o desenvolvimento do país e, mais especificamente, do setor industrial. Em 2018, com impactos da greve dos caminhoneiros e também das eleições, o PIB Nacional cresceu timidamente, atingindo a cerca de 1,1%, enquanto a indústria automobilística apresentou um desempenho muito bom.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de veículos, motos, partes e peças teve um crescimento de 15,1% em 2018, o maior em 11 anos. A alta foi puxada pela redução de impostos e os lançamentos de carros novos. Enquanto isso, a produção do agronegócio acenou com boas perspectivas, fazendo com que a produção de máquinas agrícolas crescesse 23,8% em 2018.
Segundo levantamento e análise feitos pela revista Lubes em Foco, o mercado brasileiro de lubrificantes atingiu em 2018 um volume total de 1.299.254 metros cúbicos que, comparado aos 1.275.519 m3 publicados para 2017, mostra um crescimento de 1,9%.
Acompanhando a tendência mundial, os óleos automotivos, ou seja, os utilizados em motores dos ciclos Otto e Diesel, compuseram uma fatia em torno de 60% do volume total, enquanto os industriais, aqui compostos também de óleos para transmissões e engrenagens, ficaram os 40% restantes. Essa é uma análise também com certa dificuldade de precisão, uma vez que empresas adotam diferentes critérios para a identificação do segmento aplicado, e por vezes, uma mesma aplicação pode ter destinos diferentes na consolidação. Aqui estamos adotando como automotivos somente os óleos de motor.
Participação no mercado de lubrificantes
Quanto à participação de mercado das empresas de lubrificantes, observamos que 79,5% ficaram com as oito distribuidoras da Associação Plural (Ex.Sindicom). Cabe lembrar aqui, que as marcas Chevron e Ipiranga estão representadas pela Iconic, que pela primeira vez aparece na relação de participação de mercado, e assume assim a primeira colocação.
Aproximadamente 60% das vendas de óleos lubrificantes estão em apenas 5 estados. São Paulo é o estado brasileiro que mais consome lubrificantes, respondendo sozinho por 27,7% de todo o consumo do país. A seguir vem Minas Gerais com 11,6%, Paraná com 7,9%, Rio Grande do Sul com 7,2% e Rio de Janeiro com 5,6%.
Mercado de básicos cresce e importações batem recorde
O mercado de óleos básicos totalizou 1.476.892 metros cúbicos, com um crescimento de 19% em relação a 2017, tendo a produção das refinarias da Petrobras contribuído com 602.881 m3, correspondendo a 41% do mercado, e a indústria do rerrefino com 257.706 m3 (17,5%), deixando uma parcela para importação recorde de 616.305 m3, que corresponde a 42% das necessidades brasileiras. As importações de básicos de 2018 foram 48% superior as do ano de 2017. Também houve exportações de 7.800 m3 saindo desse volume.
De acordo com informações publicadas pela ANP, a Lwart Lubrificantes comercializou no mercado cerca de 91.934 m3 de óleos básicos do grupo II, ou seja, 32,7% do mercado atingido pela indústria do rerrefino, sendo ela a única empresa a produzir esse tipo de produto no Brasil.
Mercado de graxas
Um dos segmentos mais difíceis atualmente de serem avaliados com precisão é o mercado de graxas, uma vez que não há ainda números consolidados pelo SIMP, e nem todos os produtores são regulados pela ANP. Dessa forma, utilizamos uma metodologia própria que historicamente vem trazendo bons resultados, e nos faz avaliar o mercado de 2018 em aproximadamente 44.880 toneladas. Desse total, temos as cinco maiores produtoras (Iconic, Petronas, Ingrax, BR, Cosan e Shell) representando uma parcela ligeiramente superior a 91% do mercado.
A tarefa de levantar números precisos para o mercado de lubrificantes nunca foi fácil e tem sido um grande desafio até mesmo para o sistema informatizado de movimentação de produtos da ANP (SIMP), que precisa ser alimentado com números enviados pelo mercado. Dessa forma, a necessidade de uma análise crítica sobre os números, aliada a uma pesquisa específica com os principais players do mercado, é imprescindível para que possamos entender melhor o ambiente e as particularidades e chegarmos a um número aproximado com mais precisão.