Saiba quanto custa rodar com um carro elétrico no Brasil

2214
Nissan Leaf
Nissan Leaf

E se eu tivesse um carro elétrico?

Com a greve dos caminhoneiros impactando profundamente o abastecimento de combustíveis em postos de gasolina em todo o Brasil, muitos motoristas podem acabar pensando: e se eu tivesse um carro elétrico?

Vantagem mais óbvia de um veículo elétrico

Nessa situação em que o país se encontra, a vantagem mais óbvia de um veículo elétrico seria o fato de o motorista não precisar sair à caça de gasolina ou etanol. Apenas alguns poucos postos das grandes cidades ainda possuem combustíveis para venda, e as filas de espera para abastecer estão durando duas, três ou mais horas.

De acordo com donos de veículos elétricos no Brasil, esses carros gastam cerca de R$ 0,10 ou menos por quilômetro rodado

Segunda vantagem

A segunda vantagem de um carro elétrico, também nesse momento, é o preço do quilômetro rodado. De acordo com donos de veículos desse tipo consultados pelo UOL Carros, eles gastam cerca de R$ 0,10 ou menos por quilômetro usando modelos vendidos aqui no Brasil. A média do quilômetro rodado em carros populares com gasolina ou etanol chega a ser duas a três vezes mais alta que esse valor obtido pelos elétricos. Isso desconsiderando os preços inflacionados da gasolina nos últimos dias.

bmw i3BMW i3, vendido oficialmente no Brasil, custa algo em torno de R$ 170 mil

 

Outras alternativas

Mas isso considerando um consumo em que o carro é recarregado diretamente na rede elétrica, sem o auxílio de painéis solares ou outra fonte de eletricidade alternativa. Usando essas saídas, o preço do uso da rodagem pode ser totalmente neutralizado.

Leonardo Coelho, dono de um BMW i3 elétrico em Jaguariúna (SP), explicou ao UOL Carros que investiu cerca de R$ 25 mil na compra e na instalação de equipamentos para captação de energia solar e carregamento rápido das baterias de seu carro em casa. Considerando a economia na sua conta de luz, que sempre chega apenas na taxa mínima (R$ 60), e na quantidade de km rodados com o carro, seu investimento deve ser totalmente revertido em 5 anos.

Coelho tem uma série de painéis solares no telado de sua casa, e a energia gerada por eles é inserida na rede elétrica tradicional de sua cidade. O medidor da concessionária da região então faz um balanço entre os kWh que sua casa consumiu e gerou durante 1 mês. Fora isso, nos meses que ele gera muita eletricidade para a rede, ele ganha “horas” de uso para compensar o consumo extra no período mais frio e com menos luz solar no ano. Assim, sua conta de luz nunca ultrapassa a taxa mínima.

Posso rodar facilmente rodar 110 km ou até mais sem usar o extensor de autonomia

Com uma carga, o carro de Coelho consegue rodar 110 km de distância. Na sua cidade, isso geraria um gasto de apenas R$ 12. O veículo ainda tem um tanque reserva para 9 litros de gasolina. Quando necessário, um gerador queima esse combustível para recarregar as baterias e garantir uma autonomia de 250 km para o carro.

“Posso rodar facilmente rodar 110 km ou até mais sem usar o extensor de autonomia. No meu i3, dos 49.229 km rodados, apenas 6.933 km foram usando o extensor. Ou seja, 42.296 km puramente elétricos”, disse Coelho à publicação.

chevrolet boltChevrolet deve trazer o Bolt para o Brasil em 2019, mas ainda não tem preço definido

Marcelo Dejon Souza, morador de Petrópolis (RJ), contou que consegue um preço por quilômetro rodado próximo do que Leonardo Coelho relatou. Como a eletricidade é um pouco mais cara em seu estado, seus dois carros elétricos (Chevrolet Bolt e Mitsubishi Outlander PHEV) fazem R$ 0,11 por km rodado.

Carro elétrico popular?

Infelizmente, isso ainda não existe no Brasil. Todos os carros elétricos ou híbridos vendidos por aqui para uso pessoal custam algo próximo de R$ 100 mil ou mais. O mais popular talvez seja o Toyota Prius, no nosso mercado desde 2016.

O carro pode rodar de forma 100% elétrica, mas também conta com um motor flex desenvolvido especialmente para o Brasil. Ainda assim, o modelo é totalmente fabricado no Japão. Nas lojas da montadora, os preços começam a partir de R$ 126 mil, que é salgado para a maioria dos brasileiros. Mesmo assim, ele é bastante luxuoso e cheio de itens extras, o que justifica seu preço em relação ao de outros carros da mesma categoria.

toyota priusToyota Prius é vendido oficialmente no Brasil por preços a partir de R$ 126 mil

Mas existem lançamentos de carros elétricos programados para 2019 no Brasil que podem tornar esses produtos mais populares por aqui. O Chevrolet Bolt, por exemplo, é 100% elétrico e deve chegar ao nosso mercado no ano que vem. Seu principal destaque é a autonomia, que vai a 383 km com uma única carga completa, bem mais do que vemos nas ofertas presentes no mercado nacional atualmente.

O governo federal ainda não tem nenhum programa para tornar o comércio de carros elétricos no Brasil mais interessante para o comprador final

Além desse, outro modelo interessante que deve chegar ao nosso país no ano que vem é o Nissan Leaf, o elétrico mais vendido do mundo atualmente. O carro internacional conta com autonomia de 320 km com uma carga completa.

O governo federal, entretanto, ainda não tem nenhum programa específico para tornar o comércio de carros elétricos no Brasil algo mais interessante para o comprador final. A única vantagem, por enquanto, é a isenção total do imposto de importação. Assim que a situação mudar, espera-se que carros ainda mais baratos que o Bolt e o Leaf comecem a ser vendidos por aqui, tais como a versão elétrica do Renault Kwid.

Rodovias eletrizadas

Há ainda projetos de “rodovias eletrizadas” sendo executados no país. A primeira delas, a BR-277, que atravessa o estado do Paraná de leste a oeste — passando por Paranaguá, Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu e muitas outras — já tem dois dos oito postos de carregamento projetados funcionando. O projeto está sendo executado pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica) e pela Itaipu Binacional. Também existe um plano para eletrificar uma rodovia entre Rio de Janeiro e São Paulo.

Sendo assim, em 2018, o motorista brasileiro ainda não tem muitas saídas para o desabastecimento. No ano que vem, entretanto, a história pode começar a mudar.

Fonte(s)