A produção de veículos cresceu 40% em abril na comparação com igual mês de 2017. No acumulado do ano, a alta foi de 20,7%, com 965,9 mil unidades. Desse total, quase 20% foi exportado para a Argentina.
O país passa atualmente por uma crise cambial que, se persistir, poderá causar impactos negativos no setor automotivo brasileiro, que está em recuperação depois de as empresas operarem com menos da metade da capacidade produtiva.
“Com certeza esse movimento de volatilidade cambial nos preocupa”, diz Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). “Mas, por enquanto, não há cancelamentos de pedidos.” Segundo ele, o setor vai aguardar os próximos meses para ter posição mais consistente sobre o tema.
Produção de veículos
Parte importante do crescimento da produção e das exportações está ligada ao mercado argentino. O país ficou com 75% das vendas externas brasileiras que somaram, no primeiro quadrimestre, 253,4 mil unidades, 7,5% a mais que no mesmo período do ano passado.
Só em abril foram exportados 73,2 mil veículos, o segundo melhor volume mensal da história. Em valores, a alta foi de 36,8%, para US$ 1,67 bilhão. No acumulado do ano, a soma chega a US$ 5,76 bilhões, 26% a mais do que no ano passado.
Segundo Megale, o aumento da participação da Argentina nas exportações, normalmente entre 60% e 70%, ocorre porque o México reduziu sua fatia quase à metade, para 7%. Chile ficou com 5%, Uruguai com 4% e Colômbia com 3%. Demais países ficaram com 6%.
Com 18 meses seguidos de crescimento na produção, as montadoras contrataram neste ano 3,4 mil trabalhadores, 528 deles no mês passado. “Algumas empresas anunciaram novos turnos de trabalho e o número de vagas está voltando gradualmente”, diz Megale. Na crise, o setor eliminou 35 mil postos, entre 2013 e 2016.
Três montadoras ainda têm 1.657 funcionários com contratos suspensos (lay-off) ou em programa de redução de jornada e salários.
Rota
Aguardado desde janeiro, quando deveria ter entrado em vigor, o novo regime automotivo, o Rota 2030, segue indefinido no governo. No mês passado, em encontro com dirigentes do setor, o presidente Michel Temer disse que anunciaria o programa antes do dia 5, mas, até agora, ainda não há consenso entre as partes envolvidas na discussão, especialmente no Ministério da Fazenda.
Megale não quer mais arriscar datas para o anúncio do Rota, que vai prevalecer até 2030. “Todas as que dei, errei.” Ele insiste na necessidade de se definir incentivos às empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento. “Se não tivermos desenvolvimento local, teremos de ficar pagando royalties para o conhecimento que está sendo desenvolvido lá fora”. (O Estado de S. Paulo/Cleide Silva)