Você já foi à oficina e lhe ofereceram a troca de óleo por sucção (ou a vácuo) e ficou na dúvida se valia a pena? Certamente lhe disseram que o processo, que consiste em usar uma cânula para extrair o óleo inserido pela entrada da vareta, é mais rápido, mas ninguém deve ter lhe dito que ele esconde alguns riscos para o motor.
Restinho no fundo
O primeiro perigo da troca a vácuo é quando o motor não está quente. A 90 ºC, a viscosidade diminui e o óleo sai com mais facilidade. Quando está frio, a troca por sucção não elimina todo o lubrificante velho. E óleo oxidado penaliza a vida útil do óleo novo: em contato com o óleo velho, a tendência é que o novo perca a viscosidade.
“Em minha oficina, só faço a troca com a remoção do bujão, assim quase 100% do óleo velho é retirado. Na troca por sucção, há o problema de motores em que a sonda não atinge a parte mais funda”, diz o mecânico Pedro Luiz Scopino, consultor técnico do Sindirepa, o sindicato dos mecânicos de São Paulo.
Isso piora quando o prazo de troca não é respeitado e surge a borra. A sucção não elimina todo esse óleo pastoso. Só uma troca por gravidade conseguirá escoá-lo. Às vezes nem assim: é fazer a descontaminação, que vai do uso de uma substância que remove a borra à abertura do cárter. E isso não sai barato – pode chegar a R$ 1.000.
Troca de óleo por sucção
Além de não eliminar todo o lubrificante velho, a sucção oferece outros riscos. O motor gera micropartículas de metal que ficam no fundo do cárter, que é projetado para ficar na parte mais baixa do motor. Quando se escoa o óleo por baixo, essas micropartículas são eliminadas. Quando se faz a vácuo, pode sobrar uma lâmina de óleo com partículas sólidas
A troca por vácuo pode também introduzir novos resíduos no motor. Um dos problemas de inserir uma sonda é que ela pode estar contaminada com algum tipo de sujeira. E no caminho ela ainda pode afetar peças, dos retentores à ponta do pescador da bomba, num caso extremo.
Mas, se é tão contraindicada, por que em países como os Estados Unidos a troca por sucção predomina? Porque pode ser útil em algumas situações. “Só troco o óleo por sucção se o cliente pede. Em geral ele diz que o bujão está com algum problema ou que o cárter amassou”, afirma Rogério Galvão, gerente da Flextub, empresa especializada em troca de óleo.
Quando bem executado, o sistema a vácuo (ou de sucção) não causa dano e oferece algumas vantagens. Nele, não há o risco de danificar o bujão (parafuso que veda o cárter) ou o próprio cárter, especialmente quando ele é feito de alumínio. Mas o método não é recomendado por algumas montadoras e técnicos porque exige um funcionário bem treinado e experiente, além de um nível de pressão adequado ao tipo de motor.
Nem entre as montadoras há consenso. “A Peugeot, por exemplo, usa máquinas de sucção em suas concessionárias; a Ford não. A Mercedes-Benz é a única que tem os dois sistemas, mas são muito criteriosos no uso da sucção”, diz José Palácio, consultor do Instituto da Qualidade Automotiva.
A troca ideal
Para que a troca de óleo seja sempre bem feita, é importante que o motor esteja em sua temperatura ideal de funcionamento, ou cerca de 90 ºC. Se você tiver de esperar pela troca de óleo, deixe o motor funcionando até levá-lo para o lugar de troca ou ligue-o por uns 10 minutos antes de começar o processo.
Certifique-se de que o bujão seja corretamente retirado, sem danos ao cárter, e que o escoamento de óleo dure pelo menos 15 minutos, para eliminar todo o lubrificante velho. Fique atento também à recolocação do bujão, em especial se o cárter for de alumínio. “Se exagerar no torque de aperto, ele pode trincar e vazar”, afirma Rogério Galvão, gerente da Flexlub.
Na troca por sucção, certifique-se de que a sonda está limpa. Além disso, ela é mais fina que a passagem pela vareta de óleo. Se ficar justa, pode gerar pressão no interior do motor e danificar os retentores e juntas do motor. Também não tenha pressa e recorra a pessoal especializado, que saiba manejar o equipamento corretamente, para evitar danos às peças do motor.