Volkswagen finaliza ciclo de investimento com estamparia quatro vezes mais produtiva

Inauguração de megaprensa coincide com a produção de 24 milhões de carros no Brasil

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Volkswagen finaliza ciclo de investimentoVolkswagen finaliza ciclo de investimento

Ao apertar um botão no início da tarde da quarta-feira, 15, Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América Latina, deu início oficial à produção da megaprensa PXL, que multiplica por quatro a produtividade de chapas estampadas para os veículos produzidos sobre a plataforma MQB (Polo, Virtus e Nivus) na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), a planta Anchieta. Ao mesmo tempo, o gesto encerra o atual ciclo de investimentos da fabricante no Brasil, de R$ 7 bilhões entre 2016 e 2020, sendo R$ 2,4 bilhões destinados à modernização das fábricas paulistas da empresa – além de São Bernardo, inclui também Taubaté e a unidade de motores de São Carlos.

A inauguração da megaprensa, que coincide com o marco de produção de 24 milhões de carros na soma de três fábricas nos 63 anos de história da Volkswagen no Brasil, é o fim de uma história feliz, que envolveu a chegada da moderna plataforma MQB ao País e à planta Anchieta, que se modernizou completamente – assim como as outras – para dar início à produção em São Bernardo de uma nova geração de modelos da chamada “Nova Volkswagen”, começando em 2017 com o Polo, seguido pelo Virtus em 2018 e este ano com o Nivus – o primeiro Volkswagen projetado pela engenharia brasileira da empresa que será produzido também na Europa, e o primeiro projeto do grupo no mundo desenvolvido em processo 100% digital.

Dessa forma, os novos carros já lançados não só abriram mais mercado à Volkswagen, mas trouxeram o maior ciclo de modernização industrial e de engenharia da empresa em seus 63 anos de história no País.

NOVO CICLO HISTÓRICO

Agora começa outra história, após o impacto da pandemia de coronavírus sobre o mercado, que tornou o cenário à frente preocupante, ainda incerto. O programa de 20 lançamentos (o Polo em 2017 foi o primeiro e o Nivus agora é o 17º), inicialmente previsto para terminar no fim deste ano, foi estendido para o primeiro trimestre de 2021, envolvendo também modelos que serão produzidos na Argentina – caso do projeto Tarek, um SUV médio-compacto. Mas um novo ciclo de investimentos, que era esperado para ser anunciado ainda este ano, saiu do horizonte de curto prazo.

“Nenhuma decisão sobre novos investimentos deverá ser tomada no curto prazo, não vejo possibilidade disso acontecer antes do fim do primeiro semestre de 2021. Temos agora de adaptar a operação a uma nova realidade com redução de custos e esforço para aumentar as vendas e as exportações. Depois vamos decidir o que fazer em conjunto com a matriz na Alemanha”, explica Pablo Di Si.

 

Para que as conquistas evolutivas até agora sejam mantidas, Di Si defende que o País adote um programa estratégico mais completo que o Rota 2030, para definir o futuro da indústria nacional com desenho que possa diferenciar e dar relevância ao Brasil diante do resto do mundo automotivo. “Não podemos exportar soja e comprar óleo importado de volta, precisamos dominar tecnologias que agregam valor aos produtos. Se não encontramos essa forma de evoluir, em mais 10 anos a indústria não vai sobreviver aqui. É necessário colocar esse tema na agenda de discussões”, alerta. Como exemplo, ele cita que o Brasil deveria aproveitar sua liderança na produção de bioetanol para investir na tendência global de eletrificação de carros, mas com células de combustível que funcionam com hidrogênio extraído do biocombustível.

MEGAPRENSA SIMBOLIZA EVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A megaprensa PXL inaugurada na planta Anchieta simboliza anos de evolução industrial, pois está localizada em área onde foi iniciada, em 1957, a construção da primeira fábrica da Volkswagen no Brasil — e primeira fora da Alemanha –, mas foi totalmente remodelada para colocar a estamparia de São Bernardo entre as mais modernas do mundo. “Esta instalação permite que o processo de produção na estamparia da fábrica Anchieta tenha o mesmo nível de tecnologia e qualidade disponível no Grupo VW mundialmente”, ressalta Di Si.

Iniciado há quatro anos, o projeto da nova estamparia foi todo desenhado dentro do programa Fábrica Digital da Volkswagen, em que todos os equipamentos e processos são desenvolvidos no ambiente virtual antes de serem instalados fisicamente, o que antecipa possíveis gargalos, permite a correção de rumos e evita atrasos.

O processo de instalação física da PXL tem proporções épicas. A prensa de transferência com força máxima de estampagem de 2,1 mil toneladas foi produzida em São Bernardo e fornecida pela Schuler. O enorme equipamento, que abriga várias etapas de estampagem em pouco mais de uma centena de metros, ocupa uma porção do espaço onde antes estavam instaladas 27 prensas antigas. As obras começaram um ano e meio atrás, em janeiro de 2019, com a fase 1, para limpar a área da Ala 2. Em seis meses foram carregados 300 caminhões com sucatas diversas, incluindo 5,2 mil toneladas de aço.

A fase 2 do projeto começou em junho de 2019 com as obras de preparação da área para instalar a nova megaprensa, que recebeu 183 m3 de concreto e 500 toneladas de aço para as estruturas, gerando também entulho suficiente para 400 caminhões. A fase 3 foi iniciada em novembro do ano passado com a montagem do equipamento, trazido em partes em 150 entregas de caminhões, 18 delas cargas especiais de grande peso e volume. Por fim, os primeiros testes de produção da PXL foram feitos no mês passado. Segundo a Volkswagen, mesmo com o impacto da pandemia, o cronograma do projeto foi seguido em dia.

“A PXL é quatro vezes mais produtiva do que as prensas anteriores. A nova prensa alcança em média 7,1 ciclos por minuto, chegando a estampar 3,4 mil peças em um turno de produção”, detalha António Pires, vice-presidente de operações da Volkswagen do Brasil e Região América do Sul.

Os ganhos de produtividade trazidos são de fato imensos. As prensas antigas gastavam de 12 a 14 minutos para estampar uma peça, enquanto a PXL faz o mesmo em apenas dois a três minutos. A troca de ferramentas (moldes de estamparia ou estampos) agora pode ser feita em cinco minutos, contra 45 minutos antes.

Também foram contabilizados ganhos logísticos: com o novo equipamento, todas as chapas estampadas dos modelos MQB da Anchieta (Polo, Virtus e Nivus) agora são produzidos dentro da própria planta, não é mais necessário trazer partes de Taubaté, que conta com uma prensa similar a inaugurada em São Bernardo. Adicionalmente à economia com fretes rodoviários, a Volkswagen calcula que reduziu em 45% suas emissões de CO2 neste processo.

Além do aumento da produtividade e da redução nos custos logísticos, também houve significativos ganhos ambientais e de eficiência energética. A PXL economiza aproximadamente 7 mil MWh por ano de energia elétrica, equivalente ao gasto anual de 3.720 residências. O sistema fechado de prensas é mais silencioso, reduz vibrações e o ruído é até 60% menor.

Assista abaixo o vídeo produzido pela Volkswagen que resume em alguns minutos todo o trabalho feito em um ano e meio para instalar a nova prensa PLX na planta Anchieta