Disputa pelo lítio
Durante a live da Lubes em Foco sobre o segmento de graxas lubrificantes, realizada no dia 30 de julho de 2020, pelo canal do Portal Lubes no Youtube, um tema chamou a atenção, devido à preocupação dos produtores com o fornecimento de matérias-primas, principalmente o hidróxido de lítio, que entra na composição de mais de 60% dos produtos comercializados.
Roberta Teixeira, diretora de tecnologia da empresa ICONIC, maior produtora de graxas do Brasil, comentou que toda importação de lítio e seus derivados precisa de uma autorização da Comissão de Energia Nuclear – CNEN, que limita a quantidade. “Há uma limitação de importação de apenas 300 Kg por ano, o que é uma quantidade insignificante, quando se fala do consumo para o processo produtivo de graxas lubrificantes. Existe um pleito das empresas produtoras, lideradas pelo IBP, para que haja uma ampliação razoável desse limite, e nós acreditamos que isso provocará uma análise regulatória mais detalhada, ao invés de uma simples renovação do decreto que vence no final deste ano”, disse Roberta.
Manoel Honorato, coordenador da subcomissão de graxas do IBP, lembrou que o lítio importado difere do nacional, em termos de qualidade, e que o produto utilizado na fabricação de graxas não concorre e nem é adequado ao uso em reatores nucleares, devido ao grau de pureza exigido. Dessa forma, não faz o menor sentido se relacionar o lítio usado em graxas com a questão de energia nuclear. “Temos discutido muito no IBP, a utilização do lítio em outros setores da indústria, que pagam um prêmio maior pelo lítio, como: baterias para carros elétricos/híbridos; fármacos para antidepressivos e cerâmicas. É importante considerar que o mercado de graxas consome hoje, perto de 90% do lítio produzido no Brasil, ou seja, se o nosso segmento tem essa relevância, precisa de melhor qualidade e preço competitivo”, completou Manoel.
Foi abordada também a importância para a indústria nacional da liberação das importações do hidróxido de lítio, e não só da graxa pronta, para se agregar maior de valor ao produto, com melhor qualidade, maior competitividade do produto nacional em países do Mercosul e geração de empregos no Brasil.
A preocupação maior dos produtores brasileiros de graxas é que o decreto governamental que dá à CNEN o poder de restrição da quantidade de hidróxido de lítio importada tem sido renovado sistematicamente desde 1997, garantindo a um único produtor local o mercado desse produto, tem como prazo de vigência o mês de dezembro de 2020. Então, é necessário que o governo atente para o assunto, considerando ou a extinção do decreto ou a flexibilização das quantidades importadas.
O pleito capitaneado pela Comissão de Lubrificantes do IBP, com o apoio da recém-formada Associação Brasileira de Downstream – ABD foca mais na flexibilização das quantidades para importação, pois isso já atenderia ao produtor de graxas, e daria um apoio razoável para uma competição saudável na compra de insumos e uma maior competitividade no mercado internacional.
Muitos outros aspectos do mercado de graxas foram abordados nessa edição da “Live da Lubes em Foco”, como por exemplo a importância de a ANP informar os números de mercado do segmento de graxas, uma vez que ela já possui todas esses parâmetros no Sistema de Informação de Movimentação de Produtos – SIMP.
Assista a live na íntegra no canal portallubes no Youtube, em https://www.youtube.com/watch?v=0Xcxihx9xQE&t=1907s