Colhedoras de cana-de-açúcar
A atividade manual de colheita de cana-de-açúcar, por questões ambientais e trabalhistas, teve sensível redução nos últimos anos, sendo, paulatinamente, substituída pela muito mais produtiva colheita mecanizada. Em face dessa mudança no “modus operandi” da atividade de colheita, as colhedoras de cana-de-açúcar tornaram-se equipamentos de extrema importância no setor sucroenergético.
Como já mencionado, o uso das colhedoras de cana-de-açúcar eleva enormemente a produtividade, reduz custos e minimiza problemas de ordem trabalhista e ambiental. Porém, como em qualquer outro tipo de equipamento móvel, requer cuidados apurados em sua manutenção, com vistas a evitar paradas indesejáveis em período de safra e sucateamento precoce de maquinário extremamente custoso.
Entre os cuidados mais importantes a destacar sobre a manutenção de colhedoras de cana-de-açúcar, estão os relacionados à manutenção da condição de serviço dos fluidos e lubrificantes, sendo necessários alguns cuidados importantes para se manter a adequada condição de operação dos elementos móveis face à severidade do trabalho, ao ambiente extremamente agressivo no que diz respeito à contaminação dos fluidos e lubrificantes por umidade e material particulado sólido abrasivo.
Vamos considerar agora alguns aspectos referentes a fluidos e lubrificantes nos principais componentes das colhedoras de cana-de-açúcar:
1.Motor de combustão interna ciclo diesel 4t
Mesmo sendo comum o uso de óleo lubrificante com nível de desempenho API CI-4 (SAE 15W-40), os OEMs do setor passaram a recomendar o uso de óleos lubrificantes com nível de desempenho API CK-4 e grau de viscosidade SAE 15W-40.
A partir de janeiro de 2017, as colhedoras de cana-açúcar passaram a vir equipadas com motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T dotados de sistema de pós-tratamento do gás do escapamento (EGR – Exhaust Gas Recirculation ou SCR – Selective Catalytic Reduction c/ DPF – Diesel Particulate Filter), com vistas a satisfazer as exigências do padrão de controle de emissões PROCONVE MAR-1 (EPA Tier 3 – USA/Euro Stage IIIA – Europa).
Em face do exposto, nas colhedoras de cana-de-açúcar com padrão de controle de emissões PROCONVE MAR-1 é recomendado o uso de óleos lubrificantes de cárter do tipo LOW SAPS (baixos teores de cinza sulfatadas, fósforo e enxofre) e nível de desempenho API CK-4 (SAE 15W-40), não havendo qualquer impeditivo de ordem técnica que se utilize tal tipo de lubrificante em colhedoras de cana-de-açúcar com padrão de controle de emissões anteriores ao PROCONVE MAR-1 (EPA Tier 3 – USA/Euro Stage IIIA – Europa). É importante, no entanto, atentar-se para o BN (Número Básico) do óleo lubrificante de cárter caso se esteja utilizando LSD (Low Sulfur Diesel) ou, no Brasil, Óleo Diesel Rodoviário – B S500 (500 ppm de enxofre), haja vista que óleos lubrificantes do tipo LOW SAPS (API CK-4; SAE 15W-40) são desenvolvidos, em princípio, para equipamentos móveis que estejam utilizando ULSD (Ultra-Low Sulfur Diesel – máximo de 15 ppm de enxofre) ou, no Brasil, Óleo Diesel Rodoviário – B S10.
Os intervalos de operação do óleo lubrificante de cárter recomendados pelos OEMs de colhedoras de cana-de-açúcar são, em média, de 350 horas, podendo os períodos de serviço ser estendidos até 500 horas em função do nível de desempenho do óleo lubrificante de cárter selecionado (API CK-4; SAE 15W-40), do tipo do Óleo Diesel Rodoviário utilizado (B S10) e do uso de monitoramento de sua condição de serviço por meio de análises físico-químicas.
2. Sistema de arrefecimento
Em função do melhor nível de desempenho e maior vida útil em serviço, tem sido recomendado para motores de combustão interna Ciclo Diesel 4T o uso de líquidos sintéticos de arrefecimento (coolants) com tecnologia orgânica de inibidores de corrosão (OAT – Organic Acid Technology) de longa duração à base de etilenoglicol (elevador de Ponto de Ebulição e anticongelante) e isenta de nitritos, nitratos, fosfatos, boratos e silicatos, com vistas a ter boa estabilidade química e ausência de depósitos prejudiciais.
O líquido de arrefecimento (coolant) deve ser eficiente no controle do desgaste corrosivo e da oxidação de componentes metálicos do motor de combustão interna Ciclo Diesel 4T e ter Ponto de Ebulição suficientemente elevado com vistas a evitar o fenômeno do desgaste erosivo por cavitação. O líquido de arrefecimento (coolant) deve atender a normas de desempenho nacionais, tais como a ABNT NBR 13705 Tipo A (Versão Concentrada), ABNT NBR 14261 Tipo A (Versão Diluída), e internacionais, como a ASTM D62610-17 e ASTM D3306-19. A proporção de diluição do líquido de arrefecimento em água deionizada, usualmente, é de 50% – 50%.
Leia o restante do artigo na revista LUBES EM FOCO – edição 76, apresentada abaixo: