VWCO investirá R$ 110 milhões para produzir caminhão elétrico

Aporte faz parte do ciclo atual de investimento de R$ 1,5 bilhão que será aplicado no País até 2021

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caminhões elétricos
Montagem dos novos protótipos do caminhão elétrico e-Delivery em área reservada do complexo industrial de Resende

Caminhões elétricos

Volkswagen Caminhões e Ônibus dedicará R$ 110 milhões para fazer os ajustes necessários em sua fábrica de Resende (RJ) a fim de adequar sua linha de produção para começar a montar caminhões elétricos em 2020. O detalhamento do investimento foi feito pelo CEO e presidente da VWCO, Roberto Cortes, durante encontro com jornalistas na quarta-feira, 4, em São Paulo. O aporte faz parte do ciclo atual de investimento de R$ 1,5 bilhão que amontadora aplicará no País até 2021.

Segundo Cortes, o aporte será utilizado na continuação de pesquisa, desenvolvimento e lançamento dos veículos elétricos, mas também em um novo setor dentro da fábrica, que não necessita de construção civil, para a implantação da linha de eletrificação. Em algum dado momento da montagem, no lugar de o caminhão receber um motor a diesel, ele vai para este novo setor onde receberá o motor elétrico e outros componentes fornecidos pelas empresas parceiras da VWCO no e-Consórcio, cujo time completo foi conhecido durante a Fenatran.

O executivo explica que na prática, o novo setor de eletrificação funcionará no mesmo padrão do consórcio modular, que opera na unidade desde a sua inauguração (que neste mês completou 23 anos) para a fabricação de veículos com motores convencionais a diesel.

A estratégia e-Mobility da VWCO, para a produção de elétricos no Brasil, focará em um primeiro momento na fabricação de caminhões elétricos com base nos modelos da família Delivery. A empresa também considera a produção do ônibus híbrido e-Flex, apresentado há pouco mais de um no Salão de Hannover, na Alemanha, mas ainda não tem uma data de quando começará a ter o modelo na linha.

“Infelizmente, não dá para fazer tudo ao mesmo tempo”, diz Cortes se referindo à produção local do Volksbus e-Flex. “A nossa prioridade é lançar [caminhões elétricos] de 9, 11 e 13 [toneladas] para atender um pedido que já temos, de 1,6 mil unidades”, afirma.

Ele se refere à encomenda que a Ambev fez no ano passado para a montadora quando se tornou a primeira empresa no País a testar um protótipo de caminhão 100% elétrico, o e-Delivery: primeiro foi com o de 11 toneladas e depois um novo teste com o de 13 toneladas (de PBT), ambos para a entrega de bebidas em áreas urbanas.

AVANÇOS DO E-MOBILITY

 

Em paralelo às preparações para começar a produzir o e-Delivery em Resende, a VWCO prevê terminar até o fim deste mês a montagem de mais 17 protótipos do e-Delivery para novos testes de validação e avaliação de engenharia, visando a homologação do produto e o início de sua fabricação comercial.

Eles estão sendo montados no centro de desenvolvimento de protótipos da empresa, também localizado no complexo industrial de Resende, e já trazem consigo componentes das empresas fornecedoras do e-Consórcio, como a bateria da CATL, motor Weg e o módulo de controle da Bosch. Na próxima etapa, será incorporado o eixo da Meritor.

Por sua vez, a Moura já conduz investigações sobre os processos logísticos para a bateria enquanto a Siemens estuda a instalação de carregadores na fábrica da VWCO e a Semcon, empresa de engenharia, atua na montagem dos protótipos.

Os testes devem durar seis meses e serão realizados no campo de provas que também fica no sul fluminense. Lá serão conduzidos testes e simulações de rodagem para avaliação dos engenheiros.

“Alcançamos uma grande maturidade com o conceito modular para elétricos, o que vai nos possibilitar entregar o desempenho operacional exigido pelos nossos clientes. A fase agora foca na validação estrutural, de durabilidade e outros requisitos funcionais para, então, expandirmos os testes em parceria com clientes”, explica Cortes.

NOVO NEGÓCIO

 

Segundo o presidente da VWCO, o custo de operação de um veículo comercial elétrico é quase metade do custo de operação de um convencional a diesel. NO entanto, embora apresente custos menores, Cortes diz que o preço de um caminhão elétrico ainda é uma equação difícil de resolver.

“Hoje, o elétrico custa em média duas vezes mais do que um a diesel, mas economiza metade, quer dizer que ele se paga em quatro anos de operação; mas tudo vai depender da economia de escala”, diz ao se referir a precificação.

Além disso, o executivo lembra que dentro da estratégia é necessário pensar na rede de recarga. Pelos planos da VWCO, haverá eletropostos na rede de concessionárias e também em outros locais que estarão na rota dos caminhões elétricos. Dentro do e-Consórcio, é a Siemens que vai preparar os postos de recarga.