Indústria automotiva terá atenção do governo

Melhoria do ambiente de negócios e incentivo à inovação serão pontos de destaque

115
Workshop Planejamento Automotivo
Pitoli condena protecionismo e afirma que abertura de mercado é caminho para modernizar o setor (foto: Ruy Hizatugu)

Workshop Planejamento Automotivo

A melhoria do ambiente de negócios e o incentivo à inovação para a indústria automotiva estão na pauta do governo, segundo Adriano Pitoli, representante do Núcleo de São Paulo da Secretaria de Desenvolvimento da Indústria (ligada ao Ministério da Economia). Pitoli participou do Workshop Planejamento Automotivo, #ABPLAN 2020, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 19, no WTC Events Center, em São Paulo.

Ouvir o setor privado

Para ele, o governo precisa ouvir o setor privado para saber o que está atrapalhando o desenvolvimento dos negócios. O Núcleo de São Paulo da SDIC pretende ficar mais próximo do setor privado para criar uma agenda que permita a melhoria do ambiente de negócios.

Nesse âmbito, diz, não há um alvo específico a atacar, mas sim centenas de pequenos desafios. Segundo Pitoli, as empresas devem auxiliar o governo a identificar e eliminar esses obstáculos.

O governo também estaria trabalhando para potencializar o regime do Reintegra, cujo objetivo é desonerar os impostos embutidos nas exportações de diversos setores, especialmente o industrial. “Ninguém pode exportar impostos”, destaca Pitoli. Com relação ao mercado interno, o representante do governo diz acreditar que o caminho está pavimentado para o setor deslanchar de vez.

“Não tenho dúvida de que aquele componente de confiança que faltava agora virá com força e nos ajudará a engatar uma terceira marcha na retomada do setor automotivo no País”, diz Pitoli.

Desafio competitivo

Quanto ao desafio competitivo, ele afirma que o setor automotivo foi alvo de estratégias malsucedidas de fomento, com protecionismo e reserva de mercado. “Cria-se um jogo destrutivo, em que cada elo da cadeia demanda mais protecionismo, mais reserva de mercado e isso explica por que o Brasil está perdendo competitividade e relação às economias desenvolvidas”, diz.

“Não há dúvida de que para recuperar a produtividade do País, a solução é abrir mais a economia, de forma organizada, séria, previsível e responsável. Isso é inexorável e não tenho dúvida de que isso será saudável para o setor. Não há o que temer com uma economia brasileira mais aberta”, avalia.

“As teorias atuais de comércio exterior mostram que nas economias dos países abertos ocorre um intenso fluxo intrassetorial. Então, não existem motivos para acreditar que a indústria automotiva vá definhar com a abertura comercial. Pelo contrário: o setor tende a aumentar o seu volume de importação ao longo da cadeia produtiva e aumentar muito o seu potencial de exportações”, explica Pitoli.

Precisamos inverter a lógica que existe no Brasil, na qual cada elo da cadeia busca protecionismo para o seu lado. Temos de abrir o mercado. E se um integrante da cadeia perceber que a abertura pode influenciar o seu setor, ele precisa contribuir e solicitar essa medida para o governo”, diz. “Este é o caminho para a gente ter um setor automotivo moderno e bastante competitivo no País”, finalizou.