Rota 2030 é estratégico para as empresas, mas falta estrutura

Diagnóstico de AB com a Pieracciani Consultoria mostra que há dificuldade em gerir o conjunto de regras para o setor automotivo

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Rota 2030 é estratégico
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Rota 2030 é estratégico

Rota 2030 é estratégico – O Rota 2030, conjunto de regras para o setor automotivo, é visto como estratégico por todas as organizações desta indústria. A conclusão é do exclusivo Diagnóstico do Grau de Maturidade das Empresas para o Rota 2030, elaborado pela Pieracciani Consultoria em parceria com Automotive Business. O estudo serve como uma primeira verificação para as organizações interessadas no programa e está disponível aqui.

Até agora o levantamento foi realizado com 173 empresas e sinalizou que as montadoras estão melhor estruturadas para o Rota 2030, com expectativas mais consistentes sobre o que é necessário para atingir as metas de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do programa, profissionais dedicados exclusivamente ao tema e maturidade no desenvolvimento de projetos em parceria com institutos de ciência e tecnologia e universidades.

EMPRESAS DE AUTOPEÇAS AINDA NÃO ESTÃO PREPARADAS

 

Apesar disso, as fabricantes de veículos ainda não estão convictas de que os benefícios potenciais do programa compensam o esforço e investimento necessários para atingir as metas. Francisco Tripodi Neto, sócio-diretor da Pieracciani Consultoria, fala a respeito:

“São empresas que estão preparadas, mas ainda não têm certeza de que os incentivos justificam as obrigações. Assim, mesmo considerando o rota 2030 estratégico, boa parte das companhias não tem certeza se consegue entregar o que o programa exige”, diz.

O especialista avalia que as montadoras são as empresas da cadeia automotiva que melhor conhecem os riscos do programa, já que acumulam a experiência do Inovar-Auto. Por isso, diz, há tanta incerteza sobre a capacidade de cumprir as obrigações.

As sistemistas, grandes fornecedoras de componentes e sistemas, que não têm a mesma bagagem com os desafios da política industrial anterior, estão estruturadas e têm previsão de usufruir dos benefícios. As empresas menos preparadas para o Rota 2030 são as fabricantes de autopeças de elos mais distantes da cadeia produtiva. “Estas organizações querem usufruir dos benefícios, mas ainda não estão estruturadas para o programa”, observa o executivo. Ele prossegue:

“Apenas as fabricantes de veículos conhecem profundamente os desafios de fazer a prestação de contas e o risco representado pela possibilidade de levar multas. Por isso estas empresas têm uma visão mais cautelosa do programa”

AFINAL, O QUE É PESQUISA E DESENVOLVIMENTO?

 

Tripodi observa que as empresas enfrentam um desafio um tanto quanto básico para aproveitar os incentivos do Rota 2030: classificar corretamente os projetos de P&D. “Algo essencial, que é categorizar e definir quais projetos são de pesquisa, desenvolvimento e inovação, é um enorme desafio. Concatenar tudo o que está envolvido exige esforço”, conta.

Ele cita o exemplo das companhias que já têm experiência com a Lei do Bem, mas terceirizam a gestão disso a escritórios tributários, que não têm grande experiência com a área P&D e, portanto, enfrentam dificuldade em identificar todas as oportunidades. “O mapeamento mostra que as empresas estão perdendo a chance de receber incentivos por não adequar corretamente os projetos”, conta. As organizações que participaram da pesquisa só usam 68% do potencial de incentivos, enquanto 38% dos projetos ficam de fora por não serem entendidos como P&D.

“Ao combinar a Lei do Bem com o Rota 2030, é possível receber incentivos de até 39,7% do custo do projeto apenas usando estes dois mecanismos. Há muita empresa desperdiçando essa oportunidade ao não mapear e classificar corretamente suas iniciativas”, diz.

Segundo Tripodi, fazer a gestão do programa como um todo é uma grande dificuldade, já que os softwares usados para esta função nem sempre estão atualizados com todas as definições do governo. “Isso faz com que as empresas tenham dificuldade para automatizar o processo e tenham custos administrativos altos”, avalia.