Vendas de veículos
A Fenabrave confirma a consolidação do crescimento do mercado de veículos, que começa o ano em alta: dados divulgados na terça-feira, 5, pela entidade que representa o setor de distribuição mostram que as vendas de janeiro superaram em 8,7% o volume registrado em mesmo mês do ano passado ao atingir as 190,7 mil unidades, considerando apenas o segmento leve, que inclui automóveis e comerciais leves. Este foi o melhor volume de vendas para janeiro desde 2015, quando o setor emplacou 243,8 mil veículos leves.
“O desempenho positivo já no começo do ano fortalece as nossas projeções para 2019”, declarou o presidente da entidade, Alarico Assumpção Junior, durante a apresentação do balanço do mês a um grupo de jornalistas em São Paulo. “Apesar de ainda termos uma base baixa, é muito bem vinda a retomada do crescimento”, completa.
Apesar do começo com o pé direito…
Embora janeiro tenha começado com o pé direito, seus resultados na comparação com dezembro revelam queda de 15,2% sobre dezembro de 2018, o que segundo o executivo, é um movimento esperado devido à sazonalidade do período. Na passagem de um mês para o outro, a média diária de vendas caiu 26,7%, passando de 11 mil unidades vendidas em cada um dos 19 dias úteis de dezembro para pouco mais de 8,6 mil unidades nos 22 dias úteis de janeiro.
“A queda da média diária é mais um elemento que evidencia a sazonalidade: enquanto dezembro é beneficiado pelo efeito das compras e festas de fim de ano, impulsionados pelo crédito adicional das famílias com o 13º salário, em janeiro há um acúmulo de despesas, como IPTU e contas escolares, por exemplo, o que diminui o movimento nas concessionárias”, comenta Assumpção.
O estoque de veículos
Da mesma forma, o estoque de veículos sofreu os efeitos sazonais fechando janeiro em 195 mil unidades, equivalentes a 27 dias de vendas. Em dezembro, esse número era de 192 mil veículos, correspondentes a 25 dias.
O desempenho do mercado verificado em janeiro reforçou o que a Fenabrave prevê para o ano, indica o executivo. No início do mês passado, ao apresentar o balanço de 2018, a entidade divulgou sua primeira projeção para 2019, que costuma ser revisada a cada trimestre.
Na previsão, a entidade espera vender 2,74 milhões de automóveis e comerciais leves, o que se for confirmado, corresponderá a um crescimento de 11% sobre os 2,47 milhões emplacados em 2018..
A macroeconomia e sua influência no setor
Segundo a Fenabrave, alguns fatores ainda continuarão exercendo forte influência no desempenho do setor, o que vai ajudar a alcançar o volume previsto para o ano. Segundo Assumpção, é clara a melhora do índice de confiança do consumidor, reflexo dos juros baixos, que de acordo com previsões da entidade, devem se manter estáveis em 2019.
“O índice de aprovação dos financiamentos melhorou significativamente: até um passado recente, a taxa de aprovação era de três para cada dez pedidos nos bancos; hoje esse número dobrou, para mais de seis a cada dez”, revela o presidente da Fenabrave.
Segundo Alarico, a tendência de crescimento continuará em 2019 e também muito atrelada ao PIB, que para a entidade, deve ficar em 2,3% este ano.
A inadimplência
A inadimplência também é citada: dados mais recentes do Banco Central mostram que no setor de veículos, o índice alcançou seu menor nível para pessoa física, passando de 3,36% em novembro para 3,34% em dezembro. Para pessoas jurídicas, o índice recuou de 1,17% para 1,13%. “Pode parecer pouco, mas isso representa 34 milhões de inadimplentes no mês em pessoas físicas e 16 milhões em pessoas jurídicas”, completa Alarico.
Para a entidade, a inflação também se manterá dentro da meta, entre 3,5% e 4,25%.
“Para que tenhamos continuidade de crescimento para 2020, será necessário a aprovação da reforma da previdência, com isso, o PIB pode crescer até 3% no ano, sem a reforma, o crescimento será baixo”, prevê.
Outros fatores mais específicos
Alarico comenta ainda sobre outros fatores mais específicos do setor de veículos, como a vendas diretas – que são negociadas entre clientes e montadoras, sem o intermédio da concessionária. Dados da Fenabrave mostram que em janeiro, 63% das vendas foram no varejo (via concessionárias) e 36% foram vendas diretas, uma queda de 4 pontos porcentuais na comparação com dezembro, quando as vendas diretas representaram 42% e o varejo, 58%. “Acreditamos que essa tendência de queda possivelmente poderá ser mantida e em 2019 deve ficar em 30%”, diz Assumpção.
O aumento do ICMS anunciado por alguns estados (Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Paraíba, por enquanto) também podem impactar o mercado regional: “O efeito disso será o oposto ao desejado pelos estados, porque impactará no preço final e o consumidor sairá como o grande prejudicado. Pode causar queda nas vendas e, consequentemente, menor arrecadação”, alertou.
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