Renúncia de Ghosn
A Renault confirmou a renúncia de Carlos Ghosn dos postos de CEO e presidente do conselho da companhia francesa. Na quinta-feira, 24, os conselheiros se reuniram para formalizar a separação dos dois cargos de agora em diante. Na mesma reunião, Thierry Bolloré foi nomeado oficialmente o novo CEO – ele era o vice de Ghosn e vinha ocupando o comando interinamente desde que o executivo foi preso no Japão. E Jean-Dominique Senard, de saída da presidência da Michelin, foi escolhido para ser o novo chairman (presidente do conselho). O movimento de destituição de Ghosn e ambos os nomes para substituí-lo em seus caros já tinham sido antecipados pela imprensa no início desta semana.
Separar as funções
A divisão dos cargos acumulados havia cerca de uma década por Ghosn acontece na esteira da prisão, há dois meses, do executivo no Japão, onde é acusado pela justiça do país e pela Nissan de sonegar seus ganhos e usar indevidamente fundos da empresa para fins pessoais. O escândalo motivou a Renault a separar as funções e dar definições mais claras a elas.
O conselho de administração definiu que seu novo chairman deverá avaliar e, se necessário, alterar a governança administrativa da Renault. Ele foi escalado para apresentar suas propostas antes da próxima assembleia geral dos acionistas. O conselho declarou ainda que também irá supervisionar ativamente o funcionamento da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, confiando a Senard a responsabilidade de pilotar a relação no empreendimento em nome da Renault, que detém perto de 40% do controle acionário da Nissan.
Jean-Dominique Senard
Desta forma, segundo comunicado da empresa, Senard será “o principal interlocutor do sócio japonês e dos outros parceiros da Aliança para qualquer discussão sobre a organização e evolução da parceria, submetendo ao conselho de administração qualquer novo acordo que lhe pareça benéfico ao futuro da Renault”. O chairman também será o “representante da companhia francesa junto à direção da Aliança e na Nissan para apresentar qualquer proposta da Renault”.
Ao novo CEO Bolloré caberá um papel mais prático. Segundo comunicado do conselho, ele coordenará para a Renault as atividades operacionais da Aliança, sob a autoridade do chairman Senard.
Sem citar o nome de Ghosn no comunicado, o conselho diz apenas que tomou “conhecimento da renúncia de seu atual presidente e CEO” e “elogiou o percurso da Aliança [Renault-Nissan-Mitsubishi], que a permitiu alcançar o posto de líder mundial de vendas entre as montadoras de automóveis”.