Produção de motos
A recuperação das vendas do setor de duas rodas no mercado brasileiro pode elevar ainda mais o volume de produção de motos neste ano e superar as 980 mil unidades já previstas pela Abraciclo, associação que reúne as fabricantes de motocicletas no Brasil. Segundo a entidade, o desempenho positivo do mercado interno, além de promover o primeiro crescimento das vendas (no varejo) desde 2012, deve elevar consideravelmente o total de motos fabricadas neste ano, conforme a última revisão das projeções divulgada em julho.
“Este ano será o primeiro de crescimento das vendas após seis anos consecutivos de queda e quem sabe poderemos ultrapassar a barreira de 1 milhão de motos produzidas”, disse o presidente da entidade, Marcos Fermanian, na terça-feira, 9, durante a apresentação do balanço do setor.
Perspectiva positiva do setor
Os números sustentam a perspectiva positiva do setor, que apresentou mais um resultado positivo no acumulado do ano: de janeiro a setembro, os emplacamentos cresceram 8,7% na comparação com mesmo período de 2017 ao totalizar pouco mais de 695,9 mil unidades. A recuperação do mercado é claramente observada com o aumento da média diária de vendas, que em setembro atingiu as 3.898 unidades em cada um dos 19 dias úteis do mês, 17,8% a mais do que a média de igual mês do ano passado, que teve 20 dias úteis com 3.865 motos vendidas em cada um. A média diária de setembro também foi 0,8% maior que a de agosto, quando o setor registrou a venda de 3.865 unidades em cada um de seus 20 dias úteis.
Emplacamentos
Segundo Fermanian, os emplacamentos também poderão superar a projeção atual da Abraciclo, que prevê 915 mil unidades para o ano. Com este volume, as vendas terão aumentado 7,5% sobre o resultado de 2017, este que será o primeiro crescimento das vendas do setor de duas rodas em sete anos, conforme projeção já divulgada pela entidade.
Para o presidente da Abraciclo, uma junção de fatores tem contribuído para o bom momento do setor. Ele cita a redução do índice de inadimplência, que elevou a oferta de crédito pelos bancos e instituições financeiras, além da expansão de negócios por consórcio aliada ao crescimento da confiança do consumidor.
Os dados da entidade mostram que do total vendido no varejo nos nove meses do ano, o volume de motos financiadas cresceu 8,7% no comparativo contra o mesmo período do ano passado, considerando as vendas feitas por CDC (crédito direto ao consumidor), consórcios e à vista, quando feitas com cartão de crédito e parceladas. Ainda sobre o total emplacado neste ano, 68,2% foram financiados por CDC ou consórcios: há um ano, esse índice era de 63,5%. Ambas as modalidades cresceram em termos de volume no comparativo anual, com alta de 12,8% para o CDC e de 0,1% para o consórcio.
Nível de emprego
Com os maiores volumes de vendas e de produção, o setor vem recuperando não só o nível de emprego – que aumentou de 12,1 mil para 12,4 mil em um ano – mas também o índice de ociosidade, que está atualmente em 50%. Além disso, a rede de concessionárias começa a se movimentar após anos seguidos de crise abrupta.
“Nosso nível de produção pode voltar ao patamar de 2015, estamos recuperando a produtividade. Com isso, estamos recuperando os empregos e podemos chegar ao fim do ano com um nível maior do que o que estamos vendo agora. Além disso, como consequência, a rede agora começa um trabalho de recuperação, mas ainda vemos muitas dificuldades financeiras”, disse Fermanian.
Exportações devem acentuar sua queda no ano
Ao contrário das vendas ao mercado interno, que estão em curva ascendente, as exportações seguem com viés negativo, isso porque a crise na Argentina continua exercendo forte influência na queda dos embarques. Segundo a Abraciclo, de janeiro a setembro, os volumes para outros países diminuíram 3,6% no comparativo anual, passando de 59,2 mil para 57,1 mil, considerando o acumulado de janeiro a setembro.
Em sua revisão das projeções para 2018 feita após o fechamento do primeiro semestre, a Abraciclo já havia previsto queda das exportações, que assim como as exportações de outros segmentos de veículos, também se deve à crise na Argentina, que reduziu drasticamente o consumo de veículos. As fabricantes brasileiras estimam encerrar o ano com uma queda de 2,2% dos embarques, para algo em torno de 80 mil motos. No entanto, até setembro, o volume das exportações já é 3,6% menor do que há um ano ao totalizar 57,1 mil unidades.
“Temos a esperança de reverter esse quadro. Se não conseguirmos, não vejo um grande impacto na produção, que deverá direcionar sua maior capacidade para o mercado interno”, concluiu Fermanian.