Inclusão na Indústria 4.0
Pequenas e médias indústrias de todo o Brasil participaram, nessa quarta-feira (12), do Desvendar 4.0, evento realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). O objetivo foi mostrar que a inclusão na quarta revolução industrial é acessível a empresas de todos os portes. Com workshops, palestras e mesas redondas, especialistas mostraram que as tecnologias digitais estão disponíveis também para pequenos e médios empresários, com baixo investimento e ganho de produtividade. Estudos da consultoria McKinsey apontam que os ganhos em produtividade com uso de novas tecnologias digitais podem chegar a 26%.
Federações das Indústrias de norte a sul do país participaram do evento e montaram programações especiais. Em Sergipe, o evento ocorreu em Aracaju. Os empresários participaram de um debate e contaram um pouco das suas experiências de inserção na indústria 4.0. Um exemplo é o da empresária Clarice Tavares, da confeitaria Doce Lembrança. “Este evento é importante para a gente abrir cada vez mais a mente e estar sempre aprendendo e buscando coisas novas. Com o pontapé inicial do Brasil Mais Produtivo abriu-se um mundo novo para mim e tenho aplicado na empresa. As mudanças foram muito significativas’’, destacou a empresária.
Em Pernambuco
Em Pernambuco, o Desvendar contou com a palestra magna do presidente do Conselho de Administração do Porto Digital, Silvio Meira, pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). “A transformação digital é uma necessidade do novo comportamento das pessoas. Quem não estiver inserido perderá oportunidades”, disse. A palestra foi retransmitida por outras unidades do SENAI, como do Piauí e do Distrito Federal.
Ainda durante o evento no Recife, participaram de uma mesa-redonda o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia, Marcelo Prim, e o gerente executivo de Educação Profissional e Tecnológica, Felipe Morgado, ambos do SENAI nacional; representantes das empresas Reciclapac e Docile; e o diretor do Instituto SENAI de Inovação em TIC, Sérgio Soares. Em parceria com a Ekäut, o Instituto lançou oficialmente uma plataforma de internet das coisas construída com base em uma chopeira robotizada: a Chopeira 4.0.
VISÃO HOLÍSTICA
Em Santa Catarina, o engenheiro alemão Johannes Klingberg, diretor executivo da Associação de Engenheiros do Brasil e Alemanha, apresentou as diretrizes do movimento de implantação da indústria 4.0 e traçou um paralelo sobre o processo nos dois países. “Entender as diferenças neste caminho que a indústria brasileira começa a percorrer é essencial, principalmente no sentido de que se trata de um conceito de gestão em que se busca mais qualificação com ganhos de tempo e agilidade. Isso passa pela preparação e evolução do colaborador e pela necessidade de que a indústria trate o assunto dentro de uma visão holística e não como um projeto de TI”, frisou.
No Rio Grande do Sul, o evento ocorreu em Caxias do Sul e em São Leopoldo. Em São Leopoldo, foram relatados cases de empresas de vários portes. Ariberto Wagner, sócio da Metalsinos, de Araricá, contou que o SENAI fez um diagnóstico de eficiência na empresa que gerou uma redução de 40% no custo da energia elétrica. O analista de Sistema de Produção Bruning, Giovani Locatelli, afirmou que, com o conhecimento do SENAI, houve uma melhoria nas ferramentas de trabalho. “Com o software pudemos identificar e comprovar melhorias para chegarmos na produtividade ideal. E o trabalho poderá ser levado também para outras células da empresa”, destacou. No Acre, um dos participantes foi o empresário do setor de alimentos e bebidas e especialista em engenharia mecatrônica Francisco Souza dos Santos Júnior, segundo o qual a Indústria 4.0 ainda é um conceito que está chegando ao país.
Palestras e workshops tecnológicos voltados a mulheres
No Pará, os participantes contaram com mesa redonda, palestras e workshops tecnológicos voltados a mulheres, pessoas com mais de 40 anos e adolescentes. Assim, os participantes puderam sentir, na prática, como ocorre o processo de automação de uma empresa, como programar um circuito de robótica e como controlar uma indústria a quilômetros de distância por meio de aplicativos.
A pedagoga Quezia Alencar participou com as duas filhas do workshop Teen-Tech, voltado ao público adolescente, e também se envolveu. “Minhas filhas praticamente já nasceram neste ambiente e eu sei que preciso imediatamente me inserir, pois já estamos vivendo esta nova revolução. Hoje com certeza quem aprendeu mais fui eu”, comenta a pedagoga. “O que eu mais gostei foi de entender como se montam os robôs e como ele pode ser útil em nosso dia a dia”, complementa Ester Alencar, de 9 anos, filha de pedagoga, que sonha ser astrônoma.
Os próximos estágios recomendados pelo guia são tornar visíveis em nuvem os dados produzidos pelos sensores e integrá-los aos indicadores da empresa; introduzir tecnologias como big data e inteligência artificial e utilizar esses recursos para responder de forma rápida e flexível às demandas dos clientes.