Eixos elétricos – Bosch e Wabco eletrificam carretas

As duas empresas apresentam no Salão de Hannover protótipos de semirreboques com eixos elétricos

594

Bosch e Wabco

A eletrificação do powertrain dos caminhões já está migrando para as carretas. Na edição deste ano do salão de veículos comerciais de Hannover (o IAA Nutzfahrzeuge 2018, de 20 a 27 de setembro), na Alemanha, dois dos maiores fornecedores do setor, Bosch e Wabco, apresentam protótipos de semirreboques eletrificados, equipados com eixos elétricos que funcionam como motor e gerador.

Dois motores elétricos acoplados diretamente nas rodas servem para ajudar a impulsionar o implemento e aliviar o esforço do cavalo mecânico em certas situações (subindo ladeiras, por exemplo), o que economiza combustível. Nas frenagens e desacelerações, esses motores passam a trabalhar como geradores, recuperando a energia cinética que é armazenada em baterias para alimentar os sistemas elétricos da própria carreta, com aplicação ideal em baús frigorificados.

Wabco

A Wabco estima que a combinação de seu eTrailler com um cavalo mecânico pode garantir economia de combustível de até 20% para operações de curta distância – quando os freios são mais acionados e assim recuperam mais energia – ou de até 10% em rotas mais longas de estrada. Por isso o maior uso da solução deve ser em aplicações de entrega urbana de alimentos frigorificados.

Bosch

A Bosch apresenta em seu estande da Hannover Messe um eixo eletrificado para carretas que funciona da mesma forma, baseado na experiência da empresa que já aplica essa tecnologia em veículos leves elétricos. A sistemista calcula que, a recuperação de energia para alimentar uma carreta frigorificada em vez de deixar o eixo rodar livre, pode render economia de € 10 mil por ano, o equivalente a deixar de consumir algo como 9 mil litros/ano de diesel que seriam gastos só para manter funcionando o implemento frigorífico. Já o impulso adicional dos motores elétricos em duas das rodas do semirreboque pode garantir economia extra do cavalo mecânico a diesel de até 4%, segundo estima a Bosch, com consequente redução de emissões de poluentes e CO2.

Uma vantagem adicional dessa solução, que poderá ser aplicada no futuro, é a possibilidade de dar às carretas o poder de fazer manobras rodando em modo elétrico dentro do espaço de armazéns, sem necessidade de acoplamento com o caminhão – o que também reduz consumo e emissões.

Eixos elétricos

Ambas as empresas vão oferecer eixos elétricos tanto para carretas novas como usadas, que poderão instalar o equipamento como um retrofit. A Bosch projeta que o potencial desse mercado é bastante grande: apenas na Europa, a empresa afirma que são vendidos 250 mil semirreboques por ano para formar conjuntos com caminhões acima de 10 toneladas de peso bruto total, e um quinto desses implementos são frigorificados.

Como os motores elétricos do eixo de carretas só são usados para impulso de partida e ficam inativos a maior parte do tempo, a Bosch afirma que seu custo de produção é menor em comparação à eletrificação de rodas de veículos leves de passageiros. A empresa calcula que uma transportadora pode obter o retorno do investimento na carreta eletrifica em nó máximo dois anos, levando em conta a economia de combustível.

A Bosch avalia que a melhor forma de aplicar o eixo eletrificado é com motorização dupla, nas duas rodas, pois essa configuração gera mais energia recuperada das frenagens e facilita manobras internas em armazéns ao reduzir o raio de giro. Contudo, caso o cliente queira economizar, o sistema também pode ser aplicado com um só motor elétrico.


*Esta cobertura é oferecida pela Delphi Technologies
O jornalista viajou a convite do pool de imprensa da Anfavea patrocinado por Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen Caminhões e Ônibus, Volvo e ZF