Congresso SAE busca respostas sobre o futuro da mobilidade. Evento defende que a indústria precisa participar do processo de disrupção do setor.
Congresso SAE busca respostas
A forma como as pessoas se deslocam já está em transformação. Para não perder o bonde, a indústria automotiva precisa ir além de suas entregas tradicionais e, assim, participar do processo de disrupção da mobilidade. Esta foi a mensagem de Mauro Correia, presidente da Caoa e da SAE Brasil, na abertura da 27ª edição do congresso da entidade, que começou na segunda-feira, 3, em São Paulo, e vai até a quarta-feira, 5. O evento, que diminuiu de tamanho nos últimos anos, acontece em paralelo com a Expo Alumínio.
Apesar de ser voltado a engenheiros automotivos, o Congresso SAE repete um movimento em curso em todo o setor automotivo ao abordar a mobilidade de forma mais ampla, indo além da área de pesquisa e das novas tecnologias para focar no desenvolvimento de soluções centradas nas pessoas.
O objetivo é atender a uma crescente demanda regional, acompanhando a projeção de que 90% da população da América Latina vai viver em centros urbanos até 2020. Outra projeção destacada no evento é de que, nos próximos 30 anos a população global vai aumentar consideravelmente, para 9,8 bilhões de pessoas – mais um movimento que vai pressionar a evolução da maneira como as pessoas se deslocam.
“Garantir mobilidade é oferecer qualidade de vida. A indústria automotiva tem uma responsabilidade muito grande nesse processo. Precisamos participar dele e gerar a disrupção. O futuro da engenharia automotiva é promissor”, defendeu o Correia. |
Richard Schwarzwald, presidente do Congresso SAE 2018 e diretor de qualidade da FCA para a América Latina, concorda. Ele diz que ficou para trás a era da indústria automotiva fechada, restrita. “A mobilidade urbana é outra se compararmos ao que vivemos há poucos anos.
Os veículos são hoje plataformas digitais”, diz. Dan Ioschpe, líder do Sindipeças, resgatou o discurso que fez durante a apresentação do programa Inova Sindipeças, que busca arejar a cadeia de produção automotiva com novas tecnologias e modelos de negócio.
Rota 2030 impulsiona inovação
“As mudanças vão acontecer em velocidade maior do que estamos esperando”, afirmou, citando uma esperada evolução do carro autônomo, eletrificado e conectado. Ele, assim como Correia, entende que o Brasil precisa contribuir e participar da transformação.
“A engenharia poderá gerar valor para mobilidade”, diz. Segundo Ioschpe, com o Rota 2030, novo conjunto de regras para o setor automotivo, as empresas da cadeia produtiva têm mais oportunidades de acessar verbas para investir em inovação e na própria reinvenção para que se mantenham relevantes neste novo cenário.
Antonio Megale, presidente da Anfavea, lembrou no evento que, com o Inovar-Auto, a política automotiva que valeu entre 2013 e 2017, a indústria automotiva melhorou em 15,4% a eficiência energética dos carros vendidos no Brasil. “Isso gera economia de R$ 7 bilhões em consumo de combustível para o consumidor anualmente”, calcula.
Ainda que o novo programa não seja a solução perfeita, capaz de atender a todas as demandas do setor automotivo, o executivo entende que a solução já traz uma grande vantagem ao garantir mais previsibilidade às empresas instaladas no Brasil, com um cronograma para a adoção de novas tecnologias de segurança e metas claras e de longo prazo de melhoria da eficiência energética.