Veículos elétricos levam petroleiras e concessionárias à guerra

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O aquecimento do mercado de veículos elétricos desencadeou um enfrentamento entre as grandes petroleiras e as concessionárias de energia elétrica.

Veículos elétricos X petroleiras

As grandes petroleiras, que vendem combustíveis fósseis para carros há um século, agora estão avançando para o setor de eletricidade, que se prepara para um crescimento exponencial. O problema é que as concessionárias, as principais fornecedoras de eletricidade há um século, têm a mesma ideia.

Veículos elétricos levam petroleiras e concessionárias à guerra
Veículos elétricos levam petroleiras e concessionárias à guerra

A BP prevê que as vendas de veículos elétricos vão disparar 8.800 por cento entre 2017 e 2040, o que gera um negócio atraente para as petroleiras, porque, segundo projeções, a demanda por gasolina e diesel vai desacelerar. As grandes petroleiras terão que disputar com as concessionárias tradicionais o carregamento na casa das pessoas, em rodovias e até mesmo no escritório de proprietários de carros ecológicos.

“É um confronto entre” setores “como nunca aconteceu antes”, disse Erik Fairbairn, fundador e CEO da Pod Point, uma das maiores empresas de carregamento de veículos elétricos do Reino Unido. Pela primeira vez, as fornecedoras de eletricidade estão interagindo de forma significativa com as fabricantes de veículos, e o setor de petróleo “está percebendo que, se errar nisso, será muito menos necessário no futuro”, disse ele.

Gasolina e diesel

A lógica para as petroleiras está clara. As vendas de gasolina e diesel são a espinha dorsal de seus negócios desde o começo da comercialização do motor de combustão interna na virada do século passado. Mas agora que os motoristas estão ficando mais cientes das emissões e do meio ambiente, a maioria dos analistas projeta que o crescimento da demanda por esses combustíveis vai desacelerar e acabará caindo.

Os postos de carregamento de veículos são um modo de levar os motoristas aos pontos de varejo das petroleiras, manter as caixas registradoras em atividade e também gerar renda com a venda de café e petiscos. Tufan Erginbilgic, CEO da divisão de refino e comercialização da BP, estima que cerca de metade da margem bruta de seus pontos de varejo vem da venda de outros produtos além do combustível.

A petroleira britânica anunciou na semana passada que gastaria cerca de US$ 170 milhões para comprar a empresa de carregamento de veículos elétricos Chargemaster, com planos de adicionar a tecnologia à sua rede existente de postos de varejo. A decisão chega após medidas semelhantes da Royal Dutch Shell, a segunda maior companhia de petróleo do mundo em valor de mercado.

O acordo “faz sentido”, escreveu Oswald Clint, analista da Sanford C. Bernstein, em um relatório. “A BP quer continuar sendo uma das distribuidoras de combustível preferenciais, portanto, precisa de uma oferta para os veículos elétricos, já que eles aumentam em número.”

Para as empresas de energia, o carregamento de veículos elétricos é mais uma oportunidade de aproveitar a provável disparada da demanda por eletricidade do que uma forma de se proteger contra a perda de clientes. A sueca Vattenfall e a finlandesa Fortum estão instalando carregadores em casas e na porta de escritórios.