Pelo menos nos próximos 5 anos, o Brasil verá suas importações de óleos básicos crescerem, principalmente devido ao aumento da demanda pelos grupos II e III, e a impossibilidade de produção local nas refinarias, nesse período.
Hoje, apenas a Lwart consegue entregar grupo II ao mercado, por processo melhorado de rerrefino.
Esse tema foi debatido, em mesa redonda com especialistas, no 8º Encontro com o Mercado da revista Lubes em Foco, no último dia 19 de junho.
Com a mediação do consultor técnico e editor da revista Lubes em Foco, Pedro Nelson Belmiro, a mesa redonda teve como participantes, Nelson Paim da Petrobras, Cláudio Ishihara do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Silva da Lubekem e Marcos Rego da Petronas.
O Futuro dos óleos básicos aponta para importação
Belmiro apresentou inicialmente um quadro, extraído das apresentações iniciais dos participantes da mesa, em que resumia a situação atual do país, com relação aos óleos básicos, e continha basicamente os seguintes pontos: 1-Brasil só produz básicos do grupo I; 2-Elevação do percentual de Biodiesel aumentará demanda de grupo II; 3- Demanda crescente dos grupos II e III devido às novas tecnologias e legislações; 4-Grande oferta global de grupos II e III.
A apresentação de Cláudio Silva, no painel, deixou claro que o mundo se preparou para o aumento da demanda de básicos de melhor qualidade, e o mercado global está com grande oferta de óleos básicos de grupos II e III, fazendo com que os preços fiquem bastante razoáveis.
Paim, que ocupa a função de gerente de comercialização de produtos especiais da Petrobras, foi direto e objetivo, ao afirmar que a Petrobras não tem, no momento, nenhum plano para expansão ou construção de novas refinarias. Algumas parcerias e até venda de participação em alguns “clusters” da empresa, como a refinaria da Bahia (Rlam), porém não há nenhum planejamento para produção de básicos dos grupos II e III. Paim também lembrou que uma nova refinaria levaria em torno de cinco anos para começar a produzir básicos comercialmente.
Ishihara, que mostrou o planejamento do governo com o programa “Combustível Brasil”, lembrou que é necessário que o mercado esteja atento e se manifeste, para que o governo possa direcionar seu olhar para esse segmento. “Se hoje os lubrificantes estão sendo vistos pelo grupo de tributação e não de abastecimento, é porque foi a única manifestação que recebemos do mercado, com relação aos lubrificantes, na ocasião da criação do programa”, comentou Ishihara.
Após a criação do programa Combustível Brasil, algumas iniciativas de levar o assunto sobre abastecimento de lubrificantes ao governo já foram tomadas, e a Plural já até colocou o tema em pauta para próximas reuniões.
Possíveis parceiros chineses no futuro
Ainda segundo Ishihara, existem possíveis parcerias com empresas chinesas que poderiam vir a florescer em futuro próximo, mas é importante que o tema “lubrificantes” seja bem colocado para esses parceiros. Ele disse que a organização do segmento de lubrificantes é de suma importância, para que o governo possa ter uma base consistente para levar aos novos projetos que venha a existir com parceiros chineses, uma possível demanda para lubrificantes.
Pedro Belmiro lembrou que essa organização do setor de lubrificantes deve ser feita principalmente através de maior participação de grupos como a Comissão de Lubrificantes do IBP, que reúne quase todos os segmentos da cadeia produtiva de lubrificantes. “Dessa forma, podemos ter a representatividade e a isenção necessária para formarmos um fórum adequado para discussões e a base necessária para representar todo o setor junto às autoridades e a futuros investidores”, concluiu Belmiro.
Como representante de um grande produtor e também importador, Marcos Rego, comentou sobre as dificuldades que um importador enfrenta, em termos de logística adequada nos portos brasileiros, os desafios nos espaços de armazenamento e situações críticas, como a última greve dos caminhoneiros e possíveis dificuldades com eventos climáticos, como os últimos ocorridos no golfo do México.
A necessidade de organização do setor
Em resumo, a avaliação geral dos participantes foi de que é de grande importância iniciar uma discussão sobre o futuro dos óleos básicos no Brasil, pois alerta o setor para a necessidade de organização, tanto para lidar com um cenário de importação crescente nos próximos anos, como para se preparar também para incentivar possíveis projetos de refino no país a considerar a produção de óleos básicos dos grupos II e III.
Belmiro confirmou que a Comissão de Lubrificantes do IBP, da qual é coordenador, deverá considerar incluir o tema em suas discussões mensais, bem como levar o assunto ao fórum de downstream, programado pelo Instituto para setembro na Rio Oil & Gas 2018.
O Portal Lubes deverá exibir em breve, vídeo especial com o debate realizado.