Indústria debaterá mudanças na Política Nuclear Brasileira

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Indústria debaterá impactos das mudanças que o governo estuda para Política Nuclear Brasileira. O setor nuclear brasileiro vive momentos de grande expectativa, já que o governo federal está estudando mudanças importantes neste segmento.

Indústria debaterá impactos das mudanças que o governo estuda para Política Nuclear Brasileira
Indústria debaterá impactos das mudanças que o governo estuda para Política Nuclear Brasileira

O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro (CDPNB) se reuniu recentemente em Brasília para debater uma série de propostas de modificações na política do setor do país, que preveem a ampliação da utilização da fonte na matriz energética brasileira. O CDPNB está sendo coordenado pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen (foto).

De acordo com ele, o conteúdo do plano está fechado e será proposto ao presidente Michel Temer em breve. “Com essa proposta feita pelo comitê, vamos ter claramente os objetivos e normas a serem seguidas na utilização pacífica da energia nuclear pelo Brasil”, explicou Etchegoyen. Como o assunto é considerado vital para o mercado nuclear brasileiro, ele será debatido na próxima semana durante o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2018), que será realizado nos dias 25 e 26 de julho, no auditório de Furnas, no Rio de Janeiro.

O que se comenta no mercado é que o plano do CDPNB é entregar o novo programa nuclear brasileiro, em forma de projeto de lei, para apreciação do Congresso Nacional. Além disso, o grupo liderado pelo general Etchegoyen passará a se reunir semestralmente para dar ainda mais celeridade aos trabalhos. “Como ainda não temos formalmente a Política Nuclear Brasileira, todos os trabalhos da área nuclear ficam soltos, sem ter objetivos e caminhos a seguir”, afirmou.

Outro tema que entrará na pauta do SIEN 2018 será a retomada das obras de Angra 3, considerada por especialistas do setor elétrico como fundamental para a segurança energética do Brasil. Além de ser uma fonte firme de geração de energia, a entrada em operação de Angra 3 poderá representar uma enorme economia.

Um estudo feito pela Eletronuclear constatou que a partir do momento em que a usina nuclear começar a gerar energia, o custo com despacho das térmicas cairá em até R$ 900 milhões por ano. “Precisamos lembrar que hoje gastamos um volume de recursos muito alto (chegando a R$ 900 MW/h) para despachar as usinas emergenciais”, reforça o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, em entrevista ao Petronotícias.

O setor nuclear também aguarda com grande expectativa a decisão do governo de autorizar da revisão e fixação de um novo preço para comercialização da energia da central nuclear de Angra dos Reis, inclusive de Angra 3. Essa medida viabilizaria a retomada das obras da usina com participação privada, além de estimular a construção de outras usinas.

No início deste mês, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimaraes,acredita que para reiniciar a construção de Angra 3, é preciso discutir o contrato de venda da energia que será produzida pela usina – cujo preço está defasado, inviabilizando o equilíbrio econômico-financeiro do empreendimento.

Além disso, o executivo afirma que é preciso renegociar as dívidas decorrentes do financiamento. No momento, a Eletronuclear vem tentando adiar o pagamento das parcelas do financiamento para construção da unidade com o BNDES e a Caixa Econômica Federal. Por último, a empresa precisa fechar um novo modelo de negócios para Angra 3, que permita a participação privada, mantendo o controle da União.

O presidente da Eletronuclear é um dos nomes já confirmados para compor da agenda de atividades do SIEN 2018, que terá ainda a participação de Paulo Roberto Pertusi, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); Reinaldo Gonzaga, presidente da INB; Carlos Henrique Silva Seixas, Presidente da NUCLEP; Carlos Leipner, vice-presidente da Westinghouse Latin America & Canada; André Salgado, vice-presidente da Framatome para o Brasil e América do Sul e Leonardo Dalaqua Junior, gerente de contratos da GENPRO Engenharia, além dos diretores da Rosatom América Latina (Rússia) e EDF (França).

Política Nuclear Brasileira em debate

Além da agenda de debate, o SIEN terá em sua programação uma visita técnica, no dia 27, ao Instituto de Radioproteção e Dosimetria, ligado à Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). As inscrições para o eventoestão abertas e podem ser feitas através do e-mail: inscricao.planeja@gmail.com e pelos telefones (21) 3301-3208 / 2262-9401.