Indústria 4.0 já é realidade no polo de Minas Gerais

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Indústria 4.0 já é realidade no polo automotivo de Minas Gerais. Os desejos dos seres humanos relacionados ao futuro, frequentemente, estão ligados às possibilidades tecnológicas. Além disso, invariavelmente, quando se pensa sobre o amanhã e a respeito do que ele nos reserva, um dos primeiros objetos de consumo lembrados é o carro. E a indústria automobilística tem revelado que vivemos uma época em que diversos tipos de evolução apontam para um cenário muito mais amplo do que talvez pudéssemos imaginar.

Indústria 4.0 já é realidade no polo automotivo de Minas Gerais
Indústria 4.0 já é realidade no polo automotivo de Minas Gerais

Entrar no Polo Automotivo Fiat é ver, ao longo da caminhada pelo local, que muito daquilo que sonhávamos para, provavelmente, algumas décadas adiante, já existe. E mais: com uma capacidade bastante ampliada. Integrados ao conceito de Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial, diversos processos revelam toda a sua força. Entre os pilares de atuação, estão realidade aumentada, internet das coisas (IoT), computação em nuvem, entre outros equipamentos inteligentes.

“Nós estamos entrando e passando pela Quarta Revolução Industrial, que nada mais é que a fábrica conectada e inteligente. Ela deixa de ser simplesmente uma fábrica automática, com sistemas robotizados, e passa a ser uma fábrica inteligente”, destaca Rutson Aquino, coordenador de inovação da engenharia de manufatura da Fiat Chrysler Automóveis (FCA) para a América Latina.

A conexão de pessoas, máquinas e sistemas é realmente um dos pontos que chamam a atenção na Fiat. O robô colaborativo, por exemplo, que é uma espécie de “terceiro braço” para o colaborador, desmitifica a ideia de que a máquina fará absolutamente tudo em nosso lugar algum dia. Como um auxiliador, ele garante a redução de, em média, 15% das chamadas “atividades que não agregam valor” nas operações manuais, que são os movimentos sem necessidade. “Também desmistificamos que essa operação não é segura”, diz Aquino.

Por falar na relação da tecnologia com os corpos humanos, o exoesqueleto (esqueleto externo) é outro responsável por traduzir alguns dos princípios desse vínculo entre ambos. O Polo Fiat foi a primeira fábrica na América Latina a implantar o equipamento. Os 14 conjuntos, divididos em três categorias (coluna lombar, ombros e membros inferiores), usados nas linhas de produção, reduzem o esforço muscular. “Ele tem a função de melhorar o conforto do trabalhador”, explica Janelle Campos, ergonomista do polo automotivo.

Indústria 4.0 – Simulações

E a relação ser humano-tecnologia-futuro não para por aí. Já imaginou abrir o porta-malas de um carro, por meio de uma tela, com um leve movimentar das mãos? Ou montar uma lanterna mais ou menos desse jeito? Isso é uma realidade no Polo Fiat, onde já foram implantados vários tipos de simulação.

O exemplo dado acima descreve um pouco da Sala de Realidade Virtual, que utiliza o software IC.IDO (cuja pronúncia é “I see, I do”, “eu vejo, eu faço”, traduzido para o português). Nela, foram investidos aproximadamente R$ 1 milhão, recuperados em oito meses de funcionamento.

Conforme explica Eric Baier, especialista em simulação virtual da FCA, com esse recurso é possível validar todas as montagens do veículo antecipadamente, sem haver a necessidade de construir um processo físico e começar a realizar os testes só lá na frente. “A gente ganha em velocidade de desenvolvimento do carro”, diz ele.

Já o SIMCenter, resultado de uma parceria com a PUC Minas, fica localizado no campus Coração Eucarístico, em Belo Horizonte. Primeiro centro de simulação de dinâmica veicular da América Latina, o espaço conta com o que existe de mais avançado na tecnologia de simulação mundial com o objetivo de gerar inovações e pesquisas, tendo como foco a segurança de veículos, pessoas e sistemas viários.

O grande diferencial está na interação do motorista com o veículo. O condutor consegue avaliar, em tempo real, o comportamento do automóvel à medida que as variáveis passam por ajustes. A tecnologia também permite, entre outros, a geração de dados sobre o comportamento dos condutores em vários estímulos, como distração por cansaço.

Colaboradores por trás das máquinas

Sentir as coisas como se elas estivessem acontecendo pela primeira vez. Mais: ser surpreendido por um tipo de emoção totalmente nova. Márcio Gonçalves Zarattini, 59, metrologista do Polo Automotivo Fiat, sabe bem o que é isso. Na empresa há 40 anos, ele frisa que viu todos os lançamentos da marca até hoje. E cada um deles proporcionou um sentimento especial.

“É muito bom ver o carro pela primeira vez e participar da rotina da empresa. A Fiat é algo vivo. Todos os dias, há uma novidade”, diz. Diversas lembranças fazem parte do cotidiano do profissional. Entre os relatos de como ele cresceu na organização ao longo do tempo – “Comecei como inspetor de qualidade 1”, recorda.

Se a experiência é tão importante, para que os colaboradores possam obtê-la em várias áreas e situações, a Fiat investe na capacitação permanente. A tecnologia digital tem dado uma “mãozinha” nisso. Um exemplo dessa realidade é o game desenvolvido pela FCA chamado “Plantx”. O jogo tem como objetivo capacitar os colaboradores nos pilares do World Class Manufacturing (WCM), metodologia que engloba os aspectos da manufatura (posto de trabalho, qualidade, manutenção e logística).

O Isvor, universidade corporativa da FCA localizada em Betim e em atividade desde 1995, é outra prova do investimento do grupo nas pessoas. Cursos, jornadas e trilhas de aprendizagem contribuem para o desenvolvimento dos líderes da organização e de parceiros. No local, há também o fab lab, onde indivíduos de várias áreas se reúnem para realizar projetos de fabricação digital de maneira colaborativa. (O Tempo/Juliana Siqueira)