Máquinas conectadas
Máquinas conectadas em rede via internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (IA) estão mudando (para melhor) rapidamente os processos industriais em todo o mundo, elevando produtividade e reduzindo custos. Essa tendência cria uma nova relação entre pessoas e máquinas, em uma espécie de administração compartilhada cibernética. Dados recebidos de robôs e equipamentos podem ser interpretados por programas de computador para gerar ações práticas automáticas, como manutenção preditiva ou ordens de compra de mais matéria prima para a produção. Os novos softwares de gestão empresarial e de manufatura agregam essas funcionalidades e fazem a conexão dos seres humanos com o ambiente virtual.
Global da IFS em Atlanta
O executivo falou durante a conferência global da IFS em Atlanta, Estados Unidos, onde a empresa de origem sueca realizou evento de três dias para debater suas soluções com clientes e lançou a nova geração de seu software de gestão, o Applications 10, melhor preparado para as demandas da chamada indústria 4.0, com capacidade de receber e assimilar dados recebidos de máquinas e equipamentos industriais. A IFS tem hoje cerca de 10 mil clientes no mundo e cerca de uma centena deles são do setor automotivo, um dos ambientes em que as fábricas 4.0 mais prosperam.
Conexão de máquinas via IoT
“Conexão de máquinas via IoT, inteligência artificial e nuvem de dados não coisas tão novas. O que estamos fazendo agora é levar essas tecnologias a um novo nível, para acelerar os processos de automação em massa”, explica Thomas Säld, vice-presidente sênior de pesquisa e desenvolvimento da IFS. “Por isso modelamos o Applications 10 já pensando no que vem depois”, acrescenta.
A IFS diversificou as formas de uso de seu software, que pode ser adquirido como bem de capital, para ser instalado nos sistemas internos, ou como um serviço na nuvem. Essa flexibilidade traz maior oportunidade para a conversão digital de diversos setores, pois permite que empresas menores tenham acesso a sistemas automatizados de gestão mais baratos, pagando só pelo uso.
Era da Automação em massa
“Tecnologias como internet das coisas e inteligência artificial atingiram um novo nível de maturidade, que nos leva a uma jornada de automação em massa”, antecipa Dan Matthews, executivo-chefe de tecnologia (CTO) da IFS. A velocidade desse avanço pode ser medida pela quantidade de “coisas” conectadas no mundo: analistas estimam que até 2020 mais de 20 bilhões estarão conectados à internet, contra 1 bilhão em 2010.
Módulo de conexão e controle IoT
Para se adaptar a esse futuro tão próximo, a IFS lançou junto com seu Applications 10 um módulo de conexão e controle IoT, que capta informações geradas por máquinas armazenadas no Azure, ambiente de nuvem da Microsoft. São dados como velocidade de operação, pressão hidráulica de sistemas, consumo de energia, níveis de baterias, produtividade etc. Uma vez injetados no software, esses dados podem ser interpretados para gerar alertas aos gestores, ou em certos casos gerar autorizações automáticas de manutenção ou compras.
NEC
A japonesa NEC, usuária dos sistemas da IFS há 20 anos e antiga acionista da companhia sueca, registra elevação de 20% na produtividade de suas fábricas no Japão com o uso intensivo de internet das coisas e inteligência artificial nas linhas de produção. Os operadores são reconhecidos por câmeras, recebem instruções do que fazer em um fone de ouvido. A inspeção de qualidade é feita por imagens analisadas por IA, que reconhece diferenças entre as peças e é capaz de inspecionar algo como 10 mil itens em algumas horas, o que seria impossível a um ser humano. A IA também é usada pela NEC para gerar pedidos de compras de material baseados na velocidade de fabricação.
Inteligência artificial
Uma grande vantagem de introduzir na gestão de manufatura a internet das coisas aliada à inteligência artificial é o ajuste da produção sob demanda, com relevante economia de recursos. Com a análise constante de milhões de dados, é possível ajustar automaticamente padrões de produção de acordo com épocas do ano ou variações cíclicas da economia, por exemplo.
“A inteligência artificial vai substituir muitas atividades humanas nos próximos 20 anos, mas para tarefas específicas para as quais essa função pode ser treinada”, prevê Bas de Vos, diretor do IFS Labs, espécie de startup de inovação criada dentro da IFS com maior liberdade de criar, experimentar, errar e tentar outra vez. “A IA complementa o ser humano em atividades repetitivas, gera ações preditivas, pois ao longo do tempo assimila decisões já tomadas e passa a seguir padrões”, destaca Vos. Ele acrescenta ainda que a IA é fundamental para analisar e extrair valor dos dados gerados pelas máquinas conectadas na internet das coisas. “Por isso vamos colocar foco total na IA nos próximos anos.”