Montadoras pedem carro único entre Brasil e Argentina

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Com mercados cada vez mais interdependentes, os comandantes das principais montadoras brasileiras, e que lideram também as operações para outros países da América Latina, defendem uma proximidade produtiva maior entre os automóveis fabricados em Brasil e Argentina.

Atualmente, a maior parte das principais montadoras compartilha modelos entre os dois países, com alguns produtos feitos no Brasil indo para a Argentina e o mesmo ocorrendo no sentido oposto. As trocas comerciais são incentivadas também pelo acordo comercial para o setor automotivo firmado entre os países, o chamado “flex”. Até junho de 2020, o Brasil poderá exportar o equivalente a US$ 1,50 para cada US$ 1 importado da Argentina em peças e veículos.

General Motors Mercosul

Brasil e ArgentinaCarlos Zarlenga, presidente da General Motors Mercosul, defendeu uma maior uniformidade na fabricação de automóveis dentro do bloco comercial. Para o executivo, um carro único para a região pode trazer benefícios de eficiência e custos. “Temos um bloco com volume e escala, mas se não trabalharmos como um bloco só, não teremos benefícios”, afirmou Zarlenga durante o Seminário AutoData, realizado ontem.

A própria GM deve começar, já no ano que vem a fabricação de um modelo único que se adeque às regras e interesses dos mercados dos dois países. Zarlenga não revelou qual modelo será o pioneiro nessa unificação, mas afirmou que essa primeira iniciativa deve ser produzida no Brasil. “Quando você pensa numa empresa só, você melhora o que vai ser negociado [com fornecedores e clientes]”, afirmou.

Fiat Chrysler Automobiles (FCA)

Brasil e ArgentinaEm seu primeiro evento público desde que foi anunciado como presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina, Antonio Filosa defendeu que a companhia inicia agora um novo ciclo de expansão, após modernizar seus produtos e linhas de montagem nos últimos cinco anos.

Foco é o crescimento

Também para Filosa, o foco é o crescimento da marca nos dois países – hoje são 17% no Brasil e 13,5% de participação de mercado na Argentina. A intenção é retomar a liderança no Brasil, nas mãos da GM, e ficar entre os três maiores na Argentina.

Para o executivo da montadora ítalo-americana, a FCA deve se estabelecer na região como uma montadora multimarca, com destaque para Fiat, Jeep e RAM.

Volkswagen

Já o presidente da Volkswagen para o Brasil e para América do Sul, Central e Caribe, uma integração maior é importante, mas é preciso de maior planejamento. “Temos todos o mesmo desejo, de unificar e simplificar as normas. Mas temos que ter claro também quais são os pontos a serem trabalhados”, afirmou Pablo Di Si.

Pontos destacados

Entre os pontos destacados como problemáticos pelo executivo da montadora alemã estão questões como a motorização, uma vez que os modelos brasileiros estão preparados para receber gasolina com até 22% de etanol. Na Argentina são 12%. “Precisa ser um plano de médio e longo prazo, conversando com todo o ecossistema”.

A Volkswagen está há 14 anos na liderança de vendas na Argentina e experimenta uma recuperação no Brasil, assumindo o segundo lugar desde o início do ano.

Acordo de convergência regulatória

Da parte do governo, a expectativa é de que em meados deste ano deva ser assinado um acordo de convergência regulatória entre os dois países. Segundo Igor Calvet, secretário de Competitividade do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), o acordo deve beneficiar investimentos conjuntos e integração produtiva.

O representante governamental explica que apresentou, na semana passada, para os representantes argentinos a proposta brasileira para o setor. As bases ainda estão sendo estudadas pelo país vizinho.

Hoje as montadoras se reúnem com o presidente Michel Temer para discutir outro entrave para a indústria no Brasil, o Rota 2030, novo programa para o setor automotivo.