Impacto dos carros autônomos
No meio de novembro, a área de sustentabilidade da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, reuniu líderes para discutir o futuro da mobilidade. E se tem um assunto que bombou no dia da conferência, foi o uso de carros autônomos (self-driving cars) e o modo como eles mudarão nossa vida.
Mudar nossas vidas
Mudar nossas vidas. Por mais brega que a sentença seja, ela faz muito sentido se formos pensar no que já temos como certo para o futuro. Se formos comparar, o único momento no qual o mundo inteiro teve que se readaptar a uma nova forma de transporte foi no início do século passado, quando o carro tomou o lugar das carruagens, eliminou diversos empregos e gerou muitos outros, além de transformar nossa noção de tempo e a arquitetura das cidades. Um fenômeno bem parecido com esse está para acontecer.
Como a mobilidade será tratada em 2050
Pare por 1 segundo e imagine, com as informações disponíveis hoje, como a mobilidade será tratada em 2050: não é muito difícil criar um cenário em que os carros funcionam apenas com energia limpa, o número de acidentes tenha caído drasticamente e as pessoas consigam se locomover com mais facilidade. Seria esse um futuro possível? Com certeza, mas também existem outras coisas que precisam ser levadas em consideração.
E foi em busca de uma percepção um pouco mais precisa sobre os próximos anos que esse time de especialistas se reuniu no mês passado. Apresentamos a seguir algumas das discussões mais interessantes levantadas durante os debates.
As três palavras mágicas
Quando se trata de inovações de mobilidade que “mudam as regras do jogo”, “existem três palavras que se precisa ter em mente: elétrico, compartilhado e automatizado”, disse Antoinette WinklerPrins, diretora de programas da National Science Foundation, durante a conferência.
Elétrico, porque está mais do que claro que será necessária uma mudança drástica na matriz energética dos países em busca de soluções que não agridam o meio ambiente e que sejam autossustentáveis. Além disso, os responsáveis acreditam que, em um futuro não tão distante, os carros elétricos consigam percorrer com uma carga até dez vezes a distância de um carro com o tanque de gasolina cheio, o que contribuirá na diminuição de fontes menos ecológicas de energia.
O compartilhado se refere ao fato de que, sem a necessidade de um motorista, os carros autônomos terão menos peças e, por consequência, menos problemas mecânicos. Como as pessoas terão na garagem um carro com alta autonomia e que dificilmente precisa de conserto, em pouco tempo há a chance de elas adotarem formas de compartilhar seu automóvel com outros indivíduos ou mesmo transitar pela cidade apenas usufruindo desse serviço.
E por último…
E por último, mas não menos importante, o trabalho de automação empregado em carros permite a redução de acidentes que seriam causados por falha humana, além de oferecer informações úteis ao motorista, como horas, previsão do tempo ou a execução de uma música solicitada.
Caso esses três aspectos consigam se desenvolver de forma satisfatória, o palpite de muitos especialistas é de que o número de pessoas que possuem carro diminua, junto com a diminuição ou a eliminação de despesas atreladas a esse bem, como seguro, documentos ou estacionamento.
Segundo David Kerrigan, autor de “Life As A Passenger: como os carros sem driver mudarão o mundo”, uma das possibilidades que o uso desse tipo de tecnologia proporciona é colocar as pessoas no centro da cidade — aproveitando a otimização de estradas e ruas para pensar em espaços que possam ser formados para qualquer tipo de público, talvez possamos até retomar espaços até então ocupados por carros.
Carros autônomos: questões a se resolver e oportunidades
Com carros autônomos sendo compartilhados para viagens curtas e a preços módicos, uma possibilidade é que, em alguns anos, as pessoas parem de utilizar o transporte público e priorizem apenas esse tipo. Será? De acordo com os especialistas do evento, é mais provável que algum meio de transporte precise se adaptar, mas algumas opções de deslocamento, como ônibus e metrô, sempre serão válidas pelo grande número de pessoas que conseguem comportar.
Outro ponto sensível é a legislação
Outro ponto sensível é a legislação: enquanto empresas norte-americanas fazem testes cada vez mais independentes com carros autônomos, a equipe de direito de diversos estados corre contra o tempo para criar leis que fiscalizem e validem essa atividade. Nesse caso, somente o tempo — e as novas demandas da população — ajudarão a criar leis justas e abrangentes.
Como oportunidade, muitos dos especialistas do evento apontaram os benefícios que os carros autônomos proporcionam, tanto o bem-estar do motorista quanto para o meio ambiente. Sem dúvidas, um futuro bem interessante de se viver.