O resultado ainda tímido de melhora em outubro de 2017, com a produção de 77.076 unidades e alta de 7,8% em relação a outubro de 2016, é o primeiro sinal dessa retomada, segundo a associação dos fabricantes de motos (Abraciclo).
“Se outubro foi bom em relação a setembro e outubro do ano passado, isso é ótimo para dar um ânimo. Mas se olharmos para o acumulado do ano, nós ainda estamos em queda”, explica José Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo.
O acumulado do ano mostra que o setor continua “patinando”, com 729.268 motos produzidas nos 10 primeiros meses, o que significa um recuo de 7% em relação ao mesmo período de 2016. As vendas seguem em ritmo ainda mais baixo, com 708.462 unidades e uma queda de 15,7% comparado ao ano passado.
Auge do setor de motocicletas no Brasil
O patamar atual é semelhante ao alcançado em 2002, quando 861.469 motos foram feitas no país. Acompanhando a queda de vendas, os empregos nas montadoras em Manaus caíram mais que a metade. De acordo com a Abraciclo, são 12 mil postos diretos atualmente, contra 23 mil em 2011.
Salão Duas Rodas “dá ânimo” para o setor
Para a entidade, os fatores que trazem otimismo é uma melhora na aprovação de financiamentos e também os lançamentos do Salão Duas Rodas 2017.
“O crédito está menos seletivo, isso é um reflexo direto da liberação do saldo das contas inativas do fundo de garantia. Muita gente botou as contas em dia”, afirma José Eduardo Gonçalves, presidente da Abraciclo.
Segundo a Abraciclo, isso já está refletindo na venda diária, que está em uma crescente. A entidade ainda não faz projeções para o próximo ano e diz estudar os números para indicar uma previsão em breve. No entanto, a líder de mercado Honda já definiu uma meta para 2018.
Estamos esperando um crescimento de 5% para o ano que vêmIssao Mizoguchi, presidente da Honda para a América do Sul
Honda
Detendo quase 80% do mercado de motos, a Honda serve como um termômetro para o que deve vir nos próximos anos. No Salão Duas Rodas, a empresa apostou na renovação na Biz, um de seus modelos mais vendidos, para embalar as vendas.
Kawasaki
Enquanto isso, a Honda analisa o mercado brasileiro de outra maneira. “Estamos desvinculando o cenário político do econômico”, acrescentou Issao Mizuguchi, da Honda.
Yamaha, Triumph e Harley se destacam
Mesmo com a queda geral, algumas marcas conseguiram bons resultados em 2017. Este foi o caso de Yamaha, Triumph e Harley-Davidson
Alcançamos nosso maior market share na história do Brasil, com 15,2% em setembro passadoKatsuaki Watanabe, diretor-executivo da Yamaha Motor Company
De janeiro a outubro de 2016, a Yamaha vendeu 89.827 unidades no país, enquanto em 2017 chegou a 95.908 no mesmo período, um crescimento de 6,8%. No Salão Duas Rodas, a empresa revelou a nova Fazer 250, que será importante para a marca manter o crescimento.
Triumph
Outra a apostar em crescimento para o próximo ano é a britânica Triumph. “Para 2018, esperamos que a expectativa de crescimento do PIB se reflita no segmento de motos premium”, diz Waldyr Ferreira, gerente geral da Triumph. “Se o PIB crescer 3%, esperamos crescer no mínimo 3% também”, acrescenta Ferreira.
A Triumph revelou a nova linha Tiger no salão, mas as motos chegam às lojas apenas em 2018. Enquanto isso, a Harley-Davidson chegou com 11 novos modelos, em uma das maiores renovações de sua linha nos últimos tempos.
A companhia acredita no grande potencial que o Brasil tem para o mercado de duas rodas, portanto continua apostando no país em longo prazoFlávio Villaça, gerente de marketing da Harley-Davidson do Brasil