Venda de motos chega ao ‘fundo do poço’

Líder de mercado, Honda aposta em crescimento de 5% em 2018. Lançamentos do Salão Duas Rodas devem impulsionar o seto

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Salão Duas Rodas pode ajudar a impulsionar o setor (Foto: Fábio Tito/G1)

O resultado ainda tímido de melhora em outubro de 2017, com a produção de 77.076 unidades e alta de 7,8% em relação a outubro de 2016, é o primeiro sinal dessa retomada, segundo a associação dos fabricantes de motos (Abraciclo).

Produção de motos no Brasil

“Se outubro foi bom em relação a setembro e outubro do ano passado, isso é ótimo para dar um ânimo. Mas se olharmos para o acumulado do ano, nós ainda estamos em queda”, explica José Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo.

O acumulado do ano mostra que o setor continua “patinando”, com 729.268 motos produzidas nos 10 primeiros meses, o que significa um recuo de 7% em relação ao mesmo período de 2016. As vendas seguem em ritmo ainda mais baixo, com 708.462 unidades e uma queda de 15,7% comparado ao ano passado.

Auge do setor de motocicletas no Brasil

 Em 2011, auge do setor de motocicletas no Brasil, as montadoras produziram mais de 2,1 milhões de motocicletas. Mas foram anos seguidos de queda e a expectativa é fechar 2017 com menos de 900 mil unidades produzidas. No início do ano, a entidade previa um crescimento de 2,5% para 2017, que não será alcançado.

O patamar atual é semelhante ao alcançado em 2002, quando 861.469 motos foram feitas no país. Acompanhando a queda de vendas, os empregos nas montadoras em Manaus caíram mais que a metade. De acordo com a Abraciclo, são 12 mil postos diretos atualmente, contra 23 mil em 2011.

Salão Duas Rodas “dá ânimo” para o setor

Para a entidade, os fatores que trazem otimismo é uma melhora na aprovação de financiamentos e também os lançamentos do Salão Duas Rodas 2017.

“O crédito está menos seletivo, isso é um reflexo direto da liberação do saldo das contas inativas do fundo de garantia. Muita gente botou as contas em dia”, afirma José Eduardo Gonçalves, presidente da Abraciclo.

Segundo a Abraciclo, isso já está refletindo na venda diária, que está em uma crescente. A entidade ainda não faz projeções para o próximo ano e diz estudar os números para indicar uma previsão em breve. No entanto, a líder de mercado Honda já definiu uma meta para 2018.

Estamos esperando um crescimento de 5% para o ano que vêmIssao Mizoguchi, presidente da Honda para a América do Sul

Honda

Detendo quase 80% do mercado de motos, a Honda serve como um termômetro para o que deve vir nos próximos anos. No Salão Duas Rodas, a empresa apostou na renovação na Biz, um de seus modelos mais vendidos, para embalar as vendas.

Honda Biz no Salão Duas Rodas 2017  (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Honda Biz no Salão Duas Rodas 2017 (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Kawasaki

Já a Kawasaki prefere não fazer previsões para 2018. “Ainda estamos cautelosos se parou de cair mesmo. No próximo ano temos eleições”, apontou Ricardo Suzuki, gerente de marketing e planejamento da Kawasaki.

Enquanto isso, a Honda analisa o mercado brasileiro de outra maneira. “Estamos desvinculando o cenário político do econômico”, acrescentou Issao Mizuguchi, da Honda.

Yamaha vive um bom momento com o aumento da fatia no mercado (Foto: Fabio Tito/G1)

Yamaha vive um bom momento com o aumento da fatia no mercado (Foto: Fabio Tito/G1)

Yamaha, Triumph e Harley se destacam

Mesmo com a queda geral, algumas marcas conseguiram bons resultados em 2017. Este foi o caso de Yamaha, Triumph e Harley-Davidson

Alcançamos nosso maior market share na história do Brasil, com 15,2% em setembro passadoKatsuaki Watanabe, diretor-executivo da Yamaha Motor Company

De janeiro a outubro de 2016, a Yamaha vendeu 89.827 unidades no país, enquanto em 2017 chegou a 95.908 no mesmo período, um crescimento de 6,8%. No Salão Duas Rodas, a empresa revelou a nova Fazer 250, que será importante para a marca manter o crescimento.

Yamaha Fazer 250 no Salão Duas Rodas 2017 (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Yamaha Fazer 250 no Salão Duas Rodas 2017 (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Triumph

Outra a apostar em crescimento para o próximo ano é a britânica Triumph. “Para 2018, esperamos que a expectativa de crescimento do PIB se reflita no segmento de motos premium”, diz Waldyr Ferreira, gerente geral da Triumph. “Se o PIB crescer 3%, esperamos crescer no mínimo 3% também”, acrescenta Ferreira.

A Triumph revelou a nova linha Tiger no salão, mas as motos chegam às lojas apenas em 2018. Enquanto isso, a Harley-Davidson chegou com 11 novos modelos, em uma das maiores renovações de sua linha nos últimos tempos.

A companhia acredita no grande potencial que o Brasil tem para o mercado de duas rodas, portanto continua apostando no país em longo prazoFlávio Villaça, gerente de marketing da Harley-Davidson do Brasil
Harley-Davidson Fat Bob no Salão Duas Rodas 2017 (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Harley-Davidson Fat Bob no Salão Duas Rodas 2017 (Foto: Marcelo Brandt/G1)