BMW G310R
Basta você fazer algum elogio à BMW G310R para vir algum “entendido” e criticar. “Os caras estão loucos, R$ 22 mil numa trezentas! Prefiro muito mais uma Hornet usada…” Bom, já falamos algumas vezes aqui, mas não custa repetir: não dá para comparar preço de carros e motos novos contra usados.
Dito isso, passamos ao segundo ponto: as 250 de marca generalista, como a Honda CB Twister e a Yamaha Fazer, custam cerca de R$ 15.500 com ABS. Então porque a BMW cobra R$ 21.900 na sua street? Só imagem? Status?
Em primeiro lugar, vamos enumerar as rivais de verdade da BMW G310R. São elas as ” compactas premium”, como a Kawasaki Z300, a Yamaha MT-03 e a KTM 390 Duke. A Honda também quer entrar nesta fatia, mas, na falta de uma 300 mais “nervosinha”, reduziu o preço da CB500. BMW e KTM apostam no motor monocilíndrico, enquanto Yamaha e Kawasaki investem nos bicilíndricos. Vantagens? Melhor entrega de torque nos monos, melhor desempenho final nos bi. Ou, em outras palavras, a G310R e a 390 Duke são mais espertas na cidade, enquanto a Z300 e a MT-03 agradam mais na estrada.
O monocilíndrico da BMW entrega boa performance pela cilindrada (313 cc). São 4 válvulas e refrigeração líquida, gerando 34 cv de potência a 9.200 rpm e 2,85 kgfm de torque a 7.500 rpm. O câmbio é de 6 marchas, com a primeira bastante curta para dar agilidade nas saídas. Havíamos gostado do desempenho na primeira avaliação, em pista fechada, mas faltava o teste das ruas.
Antes, no entanto, vale destacar alguns pontos que fazem a G310R custar um pouco mais: as suspensões dianteiras possuem garfos Kayaba invertidos, que “copiam” melhor o piso, com tubos de 41 mm e curso de 140 mm. Na traseira é mais comum, mochoque com link, curso de 131 mm e ajuste de pré-carga da mola. Freios são a disco são da marca Bybre (subsidiária da Brembo), com ABS de série. E seus flexíveis são revestidos com malha de aço, o que evita dilatação – coisa que muita moto de cilindrada maior não dispõe.
A pequena G também impressiona pelo acabamento. Os botões e comandos são exatamente os mesmos utilizados nas motos maiores da marca, com tato bastante leve, enquanto o painel totalmente digital é bastante completo: tem velocímetro digital, conta-giros por barrinha (com shift-light), trip A e B, consumo médio, consumo instantâneo e os úteis indicador de marcha e autonomia restante – que indica o quanto você ainda pode rodar até o tanque zerar. As carenagens e grafismos também seguem o padrão BMW, da mesma forma que o protetor de escape e os retrovisores.
BMW G310R: gerando boas lembranças
Minha primeira moto de alta cilindrada foi uma F800R 2012. Na época, exceto pela G 650 GS, ela era a moto de entrada da linha BMW. Quer saber? Lembrei dela na hora quando montei na G310. A posição de pilotagem é bem parecida, com banco bastante confortável (com um pequeno suporte para as costas que faz a diferença) e guidão bem aberto. As pedaleiras não são muito altas nem muito recuadas, além de as costas ficarem ligeiramente inclinadas. Com 1,78 m, geralmente me sinto meio “grande” nas 300, mas não foi o caso. A G310R veste muito bem.
Como havia experimentado na pista, já esperava que a pequena BMW tivesse bom fôlego na cidade. De fato, o motor empurra bem em rotações baixas e médias, subindo de giro com rapidez e um ronco nervoso – especialmente após superar as 5 mil rpm. Vibração existe, mas não chega a incomodar.
Exceto pelo guidão um pouco largo, que requer cuidado no corredor, a G310R se revelou uma excelente companheira urbana. Esterça o suficiente, é muito ágil nas mudanças de direção, e a suspensão une firmeza com boa absorção de impactos. Logo você se sente à vontade e até “abusa”, pois a estabilidade e os freios estão acima da média.
O motor não é um rojão, mas dá para pular na frente com facilidade quando o semáforo abre. Além disso, graças à boa entrega de torque em giros médios, não é preciso ficar reduzindo marchas a toda hora – mal que assola as bicilíndricas de baixa cilindrada. O câmbio, aliás, é excelente, com engates curtos, levinhos e precisos – sem falar na embreagem macia. Rodei bastante na cidade e, mesmo após horas em cima da moto, não senti cansaço. Méritos principalmente do banco.
Consumo
Já o consumo varia bastante conforme você gira o punho direito. Andando numa boa, trocando de marcha até 4 mil rpm, ela chegou a fazer 28 km/l. Mas essa média cai para até 20 km/l caso você opte por uma tocada esportiva, esticando as marchas até 10 mil giros. Numa pilotagem normal, com algumas saídas rápidas, você vai conseguir em torno de 24 km/l.
Motor de 34 cv, câmbio de 6 marchas, R$ 21.900… é óbvio que quem comprar uma G310R vai querer também curtir umas viagens. Aí não tem jeito, ela mostra suas limitações. Não que falte desempenho, mas você percebe que acima de 110 km/h o motor parece trabalhar forçado. A 120 km/h, ele gira a cerca de 8 mil rpm, e assim o ruído e as vibrações passam a incomodar.
Velocidade máxima? Cerca de 150 km/h. Não que a G deixe a desejar na estrada, mas se viajar for prioridade, as bicilíndricas são mais indicadas. Consumo? Viajando nos 120 km/h legais, novamente tivemos média de 24 km/l, o que garante autonomia em torno de 260 km com o tanque de 11 litros.
Se numa estrada aberta a G310R perde um pouco de seu encanto, basta sair para uma vicinal cheia de curvas para que ela volte a empolgar. Como havíamos provado na pista, a naked tem excelente ciclística, com agilidade, estabilidade e freios de capacidade superior ao desempenho proporcionado pelo motor, então ela fica muito segura e fácil de pilotar mesmo em condição esportiva.
Custo BMW
Quando falamos em BMW, seja carros ou motos, logo vem a preocupação com o pós-venda, ou seja, o quanto você vai gastar para manter o “brinquedo” após levá-lo para casa. Ciente disso, a marca alemã preparou uma tabela de preços sugerida para as revisões (mais barata que a das motos de alta cilindrada), bem como valores definidos para as principais peças de reposição.
BMW G310R – Revisões:
1.000 km | R$ 375 |
10.000 km | R$ 375 |
20.000 km | R$ 1.800 |
30.000 km | R$ 375 |
40.000 km | R$ 1.400 |
BMW G310R – Principais peças:
Filtro de ar (elemento) | R$ 79,90 |
Filtro de óleo | R$ 77,74 |
Pastilhas do freio dianteiro | R$ 363,64 |
Pastilhas do freio traseiro | R$ 231,45 |
Farol completo | R$ 883,76 |
Espelho retrovisor (direito) | R$ 247,80 |
Manete de freio | R$ 122,80 |
Corrente (com emenda) | R$ 633,93 |
Coroa | R$ 269,34 |
Seta (direita) | R$ 296,54 |
Seguro
Outra dor de cabeça para os donos de motos BMW, principalmente nas grandes cidades, tem sido o valor de seguro. Infelizmente, as motos da marca se tornaram cada vez mais alvo dos gatunos. Tal fator acaba fazendo o valor das apólices subir. No caso da G310R, a melhor cotação que obtivemos para a cidade de São Paulo foi acima dos 10% do valor da moto, com a cobertura saindo a R$ 2.400. Mas, vale lembrar, que o valor seguro pode variar bastante de acordo com a região e perfil do condutor.
Então, a conclusão é que a G310R não nega ser uma BMW. Tem estilo, porte de moto maior, acabamento caprichado e tocada divertida, a um custo um pouco maior que as rivais diretas. Mas é, sem dúvida, uma bela opção para quem deseja estrear na marca.
Texto e fotos: Daniel Messeder