Atendimento no Posto
Quase a metade dos consumidores que buscam outros estabelecimentos comerciais está atrás de qualidade no atendimento. Além disso, um a cada cinco clientes (21%) abandona o comércio a que já está acostumado por falta de atenção da equipe de venda.
Quem garante isso é Fernando de Lucena, um dos principais nomes do mercado em gestão de pessoas e vendas nos segmentos de varejo, serviços e indústria. Na palestra ‘Gente que gosta de gente’, apresentada em agosto no Fórum Internacional realizado simultaneamente à ExpoPostos 2017, ele conseguiu mostrar ao revendedor cada um dos motivos pelos quais o consumidor se afasta do seu negócio. Lucena defende que a sobrevivência dos postos de combustíveis está além da marca e da capacidade de operação do negócio. Está focada em ter excelência no relacionamento com os clientes. “Não é opção. Temos que melhorar o relacionamento com o cliente e, para isso, é preciso ter funcionários mais competentes”, alertou. Não há uma resposta única para a pergunta principal sobre o porquê o consumidor deixa um posto e segue em busca de outro fornecedor.
15% procuram preços melhores e 15% querem uma solução melhor
“Eu vou comprar porque preciso, mas em determinado lugar não tem fila, é mais rápido, o atendimento é de qualidade. Eu parei num posto no Rio de Janeiro porque entrei na reserva. Lá só tinha um funcionário para atender. Tentei brincar, dizendo: ‘tá puxado aí, amigo?’ Aí ele me disse: ‘vai ser assim até às 22 horas’. Imagina o humor daquele rapaz. Foi uma compra de necessidade, não de escolha”.
21% abandonam por falta de atenção
“Levanta a mão quem nos últimos 30 dias deixou de comprar algo pela falta de atenção que recebeu. Mesmo com a crise, as pessoas estão comprando. Se tem gente colocando a gente para fora por causa de atenção, algo está errado”.
49% buscam atendimento de qualidade (5 em cada 10)
“Um passageiro foi realocado para outro voo com a promessa de um upgrade. Ele vai na parte executiva pelo mesmo preço. Embarca e aí começa o serviço de bordo. O mesmo carrinho da classe econômica entra na executiva. Embora ele não fosse de executiva, a partir do momento que estava lá, queria atendimento diferenciado. E aí ele pergunta: – O serviço não é diferenciado? – Neste voo, não, responde o comissário. Se o senhor está achando ruim, imagine eu que estou sem salário há quatro meses? O fato é que o consumidor não tem nada a ver com isso, além de o funcionário ter vendido algo que não sabe o que é”.
Fernando de Lucena destaca a importância da opinião do consumidor e a instantaneidade com que qualquer experiência, boa ou ruim, é compartilhada na internet com enorme alcance, com efeito devastador. Daí a necessidade de treinar sua equipe, ter entre seus funcionários “gente que gosta de gente”. Você sabe o que significa a expressão SALES PEOPLE? Na tradução direta do inglês, quer dizer ‘pessoal de venda’ e é este profissional que deve estar preparado para o novo consumidor, cujo perfil exige uma interação com o vendedor. Mas, segundo Lucena, cada letra da expressão inglesa tem um significado. Confira:
- SSpecialist. Ele tem que ser o especialista. O cliente não se importa em pagar mais. Mas ele quer o valor, e não o preço. Vou comprar com aquele que vale a pena comprar, que é perito, técnico no que está vendendo. E para isso precisa investir em treinamento.
- AAdvocate. Quero um advogado, aquela pessoa com quem eu sinta segurança em comprar e que está do meu lado.
- LLoyal. Lealdade. Quero alguém leal, comprometido comigo. Aquele cara que quando digo que quero A, me oferece o B, por ser melhor, mesmo que mais barato. Ele vai me atender melhor.
- EEntertain. Entretenimento. Comprar tem que ser divertido. A loja tem que ser colorida, refrigerada, com música boa, cheiro bom (sensação).
- SSocial. Quero alguém que interaja comigo. Que fale a mesma língua.
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“O que queremos é o resultado operacional, ou seja, lucro. Sem ele, como manter as pessoas? Então não esqueçamos de vender, mas tudo isso tem que ter um novo significado. Ser bom é uma condição para poder jogar. O cliente exige isso”.
“Mesmo na crise, quase metade das pessoas nos deixa pela falta de qualidade do nosso serviço, o que inclui o dono, porque ele que escolheu essa equipe, então é cúmplice, é coautor. O cliente nos diz que não quer mais do mesmo. Entrar numa loja e ser mal atendido, com a desculpa de que o movimento está grande, é problema da empresa, não do consumidor. Se não dá para atender, fecha a porta. Quem chega por último paga o mesmo preço do que chegou primeiro”.
“Mais de 50% da experiência do cliente diz respeito aos aspectos emocionais (como a pessoa se sente, como percebe, que valor reconhece). A forma como o frentista olha para mim, como ele está vestido. A percepção que tenho dele, a cor do uniforme, se na hora do abastecimento me deu atenção. Se na hora que entrei na loja, faltando 10 minutos para fechar, e vi a reação negativa porque estavam fechando o caixa… isso não tem a ver com produto ou marca, tem a ver com percepção. Não dá para agradar todo mundo. Acertar é difícil, então vamos tentar errar menos”. Fernando de Lucena
- Recrutamento e seleção. Não adianta contratar vendedor se a pessoa não vende, não gosta de se relacionar, não gosta de pessoas. Não contrate gente que está na área por falta de opção.
- Escolha pessoas que tenham paixão por servir, pelos produtos e serviços que vende. O restante é possível ensinar. Por exemplo: trabalho na Volks mas meu carro é Ford. Trabalho na BR mas abasteço no posto Shell. Não faz sentido.
- Contrate a pessoa e depois lapide para que ela represente a sua marca e os seus valores. Não tenho que contratar profissional, tenho que contratar gente. As competências são possíveis desenvolver. Mas o jeito da pessoa ser, não dá para mudar.
- A equipe é a cara do dono. Se existe uma pessoa inadequada para o cargo, existe uma pessoa pior do que ela que é quem a contratou e a mantém. Ninguém trabalha obrigado. Até tem esse sentimento dentro de muitos funcionários, mas nada te obriga a manter um cara assim.
- Busque gente que gosta de gente. E gente que goste de dinheiro. O resto dá para ensinar.
- Tenha especialista na sua equipe e que ele seja facilitador da experiência do cliente (do que ele busca), para que haja conexão. Para ter o sucesso, ofereça 49% de produto e 51% de hospitalidade. As pessoas querem ser amadas. Se na tua receita, a hospitalidade é menor, cuidado. É muito mais como o cliente se sente do que aquilo que ele compra.
Mandamentos para o sucesso:
- Ofereça experiência multicanal, não adianta estar só no físico. Esteja no virtual e cerque o seu cliente de todas as formas possíveis.
- Entenda que cliente é um só, mas as formas de interagir são várias. Já a mensagem, deve ser única.
- Fuja do ‘mais do mesmo’. Vamos inovar e fazer diferente. Errar rápido, aprender rápido, consertar rápido e agir rápido.
- Estimule a percepção de valor. Não é quanto custa, mas quanto vale.
- Estimule o cliente a retornar.
- Desenvolva empatia com o cliente.
- Construa conexões emocionais.
FONTE: Revista Resan – Online