Volta das transportadoras às compras anima os fabricantes de caminhões

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Volvo

O sueco Martin Lundstedt, presidente mundial do grupo Volvo, deixou Gotemburgo, no fim de semana, para participar da abertura da Fenatran, uma feira de caminhões que acontece a cada dois anos em São Paulo. Mas não eram apenas as novidades da exposição que o atraíram ao Brasil. O executivo queria também aproximar-se do consumidor que deixou de comprar caminhões durante a crise. Ontem Lundstedt almoçou com concessionários e hoje ele vai encontrar-se com 100 dos maiores clientes da marca no Brasil.

A volta dos grandes transportadores às compras

A volta dos grandes transportadores às compras é hoje a grande expectativa de todos os fabricantes. O presidente da MAN na América Latina, Roberto Cortes, diz que os maiores clientes, que costumavam renovar a frota a cada três anos, pararam de comprar caminhões em 2012. Isso significa, calcula, um potencial de vendas de 200 mil veículos, equivalente a quatro vezes o volume de vendas do ano passado.

Renovação de frotas

As aguardadas renovações de frotas já começaram a aparecer no segmento de veículos extrapesados, o mais organizado, diz o diretor comercial da Volvo, Bernardo Fedalto. E também o mais beneficiado pelos bons resultados do agronegócio. O presidente da Volvo na América Latina, Wilson Lirmann, prevê que o segmento de pesados registrará uma expansão de vendas de 15% a 20% em 2018. Para o mercado total de caminhões, Cortes estima crescimento anual de dois dígitos a partir de 2018, o que, diz ele, significará duplicar as vendas em quatro anos.

Isso não é muito se for levado em conta que em 2011 o mercado brasileiro de caminhões passou de 170 mil unidades, mais de três vezes o volume do ano passado. “Mas nós não queremos mais aquele mercado que crescia às custas de baixas taxas de juros, que não eram reais”, diz o presidente mundial da divisão de caminhões da Volvo, Claes Nilson, que acompanhou Lundstedt na visita ao Brasil esta semana. Nilson conheceu de perto a crise brasileira, pois foi presidente da divisão latino-americana da montadora sueca durante 2015, um dos piores anos da história do setor.

Principal fator de expansão das vendas é a recuperação da economia

Para os dirigentes do setor, apesar de a tendência de queda de juros ajudar, o principal fator de expansão das vendas de veículos de carga hoje é a recuperação da atividade econômica. “Há mais de 30 anos observamos a relação direta entre o crescimento do PIB e as vendas de caminhões”, afirma Cortes. Seu principal argumento de vendas nos cinco dias da Fenatran, aberta ao público a partir de hoje, será convencer os frotistas que caminhões com mais de três anos de uso representam mais gasto com manutenção e consumo de combustível, além de depreciação na revenda.

Para Lundstedt, entretanto, não será difícil convencer o operador de transportes brasileiro que ele considera como “o mais avançado do grupo de países que compõem o bloco Brics”. Nós vendemos veículos em 194 países e ao longo de muitos anos percebemos um nível elevado na estratégica logística dos transportadores brasileiros”, afirma o executivo.

Programas de investimento

Para Lundstedt, a crise não fez os fabricantes de caminhões desistirem do Brasil porque o potencial desse mercado é claro. “As longas distâncias do país exigem que mais cedo ou mais tarde as vendas voltem a crescer”, destaca.

Por isso, diz, os programas de investimento não foram interrompidos. Em fevereiro, a Volvo anunciou o plano de investir R$ 1 bilhão na América Latina entre 2017 e 2019. Cerca de 90% dos recursos serão aplicados na fábrica de caminhões e ônibus, em Curitiba, sobretudo em desenvolvimento de produtos.

Investimos no Brasil porque queremos

“Não investimos no Brasil porque precisamos, mas sim porque queremos”, afirma Lundstedt. Para o executivo, não se trata de explorar apenas o potencial de vendas do país, puxado pela agricultura ou mineração, como também de recursos de engenharia. “Temos testado em canaviais um caminhão autônomo feito no Brasil. Pensem nisso. Trata-se de um setor chave do país que ganha em aumento de produtividade e isso é fantástico”.