Divisão Morse Systems
“Muitas montadoras reconhecem as vantagens da corrente em seus novos projetos, por isso decidimos investir na fabricação no Brasil e já aumentamos a capacidade de produção”, explica Wilson Lentini, gerente geral da divisão Morse Systems no Brasil. O maior cliente é a Fiat, que usa as correntes fornecidas pela BorgWarner nos motores Firefly 1.0 três-cilindros e 1.3 quatro-cilindros, lançados em 2016 e utilizados atualmente no Mobi, Uno e Argo. A Renault também começou a comprar o componente para aplicação no seu tricilíndrico 1.0 que equipa o recém-lançado Kwid.
“Ainda não podemos dizer quem são os próximos, mas no ano que vem de dois a três novos motores devem usar nossa corrente”, revela Lentini. Um dos potenciais é a Hyundai, caso decida fazer seus motores no Brasil, porque a BorgWarner fornece correntes para a montadora na Coreia, que já vêm montadas nos propulsores para equipar os modelos da marca vendidos no mercado brasileiro.
Demanda crescente
“Com as encomendas que já temos e outras em processo de cotação, é possível que até 2019 estejamos usando toda a capacidade de produção de correntes em Itatiba”, projeta Daniel Luchete Roque, gerente de contas da Morse System. “Existe demanda crescente para localizar componentes, pois ninguém gosta de viver com variação cambial”, diz.
Roque destaca que a adoção de correntes de sincronismo em novos projetos é uma tendência global. Todos os motores de alta performance já usam, mas há alguns anos a tecnologia está sendo empregada também em carros populares de entrada, como é o caso do Kwid. “Especialmente em motores três-cilindros, que costumam apresentar níveis maiores de ruído e vibrações, a corrente atenua isso”, explica Roque.
Baixo ruido, sem manutenção
Apesar de mais caras, as correntes apresentam vantagens sobre as correias dentadas de borracha: o atrito é 25% menor, o que reduz consumo, ruídos e vibrações, e o item é projetado para durar a vida inteira do motor, sem necessidade de manutenção – desde que seja mantido o nível adequado de óleo e que as trocas do lubrificante sejam feitas regularmente no período certo e com o produto especificado pelo fabricante do veículo. “Já foram abertos motores com mais de 1 milhão de quilômetros sem nenhum desgaste da corrente ou dos componentes do sistema”, destaca Lentini.
“Por causa dessas características (durabilidade e preço maiores), normalmente as correias de borracha são indicadas pelo departamento de compras da montadora e as correntes são colocadas no projeto pela engenharia”, diz Roque. Todo o fornecimento é direto para as linhas de produção de veículos. A BorgWarner não trabalha diretamente no mercado de reposição com correntes de sincronismo: “Por contrato só fornecemos para os fabricantes, que em caso de necessidade abastecem as concessionárias para eventuais reparos. Mas isso é raro, o volume é muito pequeno, para um ou outro caso de substituição, porque a corrente não precisa de manutenção”, reforça.
60% de nacionalização
No mundo a empresa tem três concorrentes no segmento, mas no Brasil é a única que produz localmente o componente. Lentini afirma que as correntes feitas em Itatiba têm cerca de 60% de nacionalização. Mas todos os elos e pinos vêm de fábricas da própria empresa na Itália, no Japão e nos Estados Unidos. “São elementos feitos por estampagem de alta precisão, em processo que a BorgWarner quer manter dentro de casa para garantir a qualidade”, informa o executivo.
Localizada na mesma planta onde também funciona a unidade de turbocompressores da BorgWarner, a linha de produção da Morse System em Itatiba é altamente automatizada, com máquinas feitas pela própria empresa. Poucas pessoas trabalham no local, com funções primárias de abastecimento de peças e de montagem dos kits finais. Segundo Lentini, a unidade é flexível e está pronta para fabricar qualquer tipo de corrente de sincronismo de motor.
Variador de fase
Outro produto da Morse Systems que poderá ser feito no Brasil é o variador de fase, para motores com comando variável de válvulas. Existem estudos para produzir o componente em Itatiba a partir de 2019. A divisão da BorgWarner, a mais antiga do grupo com 130 anos, tem também no portfólio correntes para transmissão automática, mas para essas ainda não há plano de produção local.