Anfavea, associação dos fabricantes, prefere mais cautela ao observar o comportamento do mercado – e manteve inalterada sua previsão, revisada para cima há um mês, de alta de 7,4% nos emplacamentos de automóveis e comerciais leves em 2017. Enquanto isso, a Fenabrave, que representa os concessionários, revisou sua projeção de vendas de veículos leves este ano para um otimista crescimento de quase 10%,
“Apesar da expansão do PIB, temos de considerar que emprego, renda e inadimplência ainda não voltaram aos mesmos níveis de antes. Por isso mantemos um pouco mais de cautela nas estimativas. Mas o importante é que ambas as associações estão prevendo crescimento importante”, avalia Rogelio Golfarb, primeiro vice-presidente da Anfavea, durante a divulgação dos resultados da indústria na quinta-feira, 5 de outubro.
Em setembro as vendas de automóveis, utilitários, caminhões e ônibus somaram 199,2 mil veículos, em expressiva alta de 24,5% sobre o mesmo mês de 2016 e queda de 8% em relação a agosto passado. “Houve menos dias úteis no mês passado, por isso a retração na comparação mensal, mas a média diária de vendas (9,96 mil por dia em 20 dias úteis) foi a melhor deste ano. É isso que contribuiu para o crescimento tão elevado observado na comparação com o mesmo mês do ano passado, pois setembro de 2016 teve a pior média diária de emplacamentos daquele ano, então a base é muito baixa”, explica Golfarb.
No acumulado de nove meses, a alta registrada no ano já é de 7,4% (justamente a previsão da Anfavea para 2017 inteiro), com 1,62 milhão de veículos vendidos de janeiro a setembro. “É preciso lembrar que até maio passado o cenário foi de retração, só depois disso as vendas começaram a crescer gradativamente. Esse crescimento deve continuar, mas em ritmo menor. Continuamos a apostar na recuperação do mercado, mas não com a mesma aceleração de setembro”, afirma Golfarb.
Anfavea diz que vendas diretas sutentam crescimento
Este ano as vendas diretas das montadoras, normalmente feitas com grandes descontos a grandes frotistas (principalmente locadoras), estão sustentando quase todo o crescimento do mercado interno, já são responsáveis por quase 40% (39,3%) dos emplacamentos de veículos leves, com 35% dos automóveis e 65% dos comerciais leves vendidos dessa forma. Golfarb admite que a situação rebaixa a rentabilidade das empresas e não é sustentável por muito tempo, “mas é melhor do que estava antes, com retração severa das compras”, pondera.
“Vemos crescimento nas vendas diretas e nas para pessoas físicas (varejo) também. Os índices de confiança do consumidor estão subindo, ainda não estão no nível de otimismo, mas o importante é a tendência de melhoria. Com o PIB em crescimento e mais confiança, as vendas de veículos também acabam crescendo”, avalia.
O nível dos estoques, segundo Golfarb, “está em níveis normais, não representa preocupações no momento”. Em agosto, existiam 220,5 mil veículos produzidos à espera de compradores nos pátios das montadoras e nas concessionárias, o equivalente a 31 dias de vendas. Em setembro o número subiu levemente para 224,1 mil, ou 34 dias pelo ritmo de emplacamentos do mês.