Andamos na Alaskan, a picape média da Renault

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Alaskan
Alaskan, a picape média da Renault

Alaskan, a picape média da Renault

Com o crescente entusiasmo pelas picapes, marcas que não eram esperadas neste nicho estão se lançando no mercado das caçambas. Enquanto não chega a Classe X, da Mercedes-Benz, a Renault apresenta a sua Alaskan em terras europeias. É a versão francesa da Nissan Frontier que já temos no Brasil, e que vem entrar num segmento que explodiu na Europa, com 51% de crescimento desde 2009. Para entender melhor o que a Renault pretende com a Alaskan, dirigimos a versão dCi 190 nas estradas florestais dos Alpes Julianos, na Eslovênia.

Essai Renault Alaskan

O que é?

Com 5,40 metros de comprimento, 2,05 m de largura (com os retrovisores) e 1,81 m de altura, a Alaskan não passa despercebida. Ela até se permite ser maior do que alguns gigantes da categoria “uma tonelada”, como a Ford Ranger, a picape mais vendida na França, mas também que a Volkswagen Amarok.

Sem dúvida, é a dianteira cheia de cromados que mais chama a atenção na Alaskan. A imensa grade e as luzes de neblina são decoradas com cromo, material que também pode ser encontrado nos retrovisores, maçanetas e para-choque traseiro. São vários os elementos que dão muscularidade a esta picape todo-terreno. Em contraste, a visão traseira do modelo da Renault lembra todas as outras concorrentes.

Essai Renault Alaskan

A Alaskan está disponível exclusivamente com cabine dupla e capacidade para 1.000 kg de carga útil. Com 1.578 mm de comprimento e 1.560 mm de largura, a caçamba é uma das maiores do segmento, e toda a superfície de 2,46 m2 é protegida por um revestimento anti-riscos. O sistema de amarração de carga é muito prático, com ganchos deslizantes ao longo de trilhos nas laterais do compartimento. Um sistema de amortecimento da tampa permite que ela não caia pesadamente a cada abertura. 

Alças facilitam o acesso à (alta) cabine. Se você já conhece a Frontier, estará em casa na Alaskan, uma vez que a picape francesa usa exatamente o mesmo painel de sua irmã japonesa. Apenas o logotipo do losango no centro do volante lembra que você está num Renault. Em geral agradável aos olhos, permanece ainda bastante robusto, com base em plásticos rígidos.

Essai Renault Alaskan

O couro em alguns componentes melhora a qualidade geral, enquanto os bancos dianteiros podem ser aquecidos. A central multimídia com tela de 7″ parece um pouco datada em termos de qualidade de imagem, mas, por outro lado, o recurso “câmera 360 graus” é muito prático para um veículo grande como esse.

Na frente, a posição de condução sob o teto solar é confortável, e deve-se admitir que, com esta posição alta, tem a impressão de dominar o trânsito. Na parte traseira, os assentos são acolhedores e, a destacar no segmento, o encosto não é muito anguloso em relação ao assento.

Como anda?

Empoleirado lá no alto, com as bordas do capô saltando à vista, nos sentimos um pouco como o rei da estrada nesta Renault Alaskan. Um rei bem sentado em sua poltrona de couro que não tem menos de 190 cv à sua disposição debaixo do pé direito. Oferecido exclusivamente com motor a diesel, a picape possui o 2.3 dCi encontrado no Renault Master, também oferecido em versão de 160 cv. Para nossa avaliação, a versão mais poderosa tem torque de 45,9 kgfm a partir de 1.500 rpm, perfeito para mover as mais de duas toneladas da picape. A capacidade de reboque é de 3,5 toneladas.

Renault Alaskan - Europa

A Alaskan precisa de “apenas” 10,8 segundos de 0 a 100 km/h, pouco mais do que a Ford Ranger de 200 cv. Por outro lado, não podemos esquecer seu ofício, e seu centro de gravidade melhorado. Os 190 cv certamente são eficientes, mas a Alaskan ainda é um pequeno caminhão. Os movimentos da carroceria são bastante sensíveis, a direção permanece um pouco anestesiada e a velocidade da transmissão automática de 7 marchas é um pouco lenta. Mas o conforto é muito bom, graças às suspensões bem calibradas (traseira com cinco braços) e ao isolamento acústico eficiente, que abafa o trabalho do turbodiesel de 4 cilindros.

A decepção vem principalmente da tração, que não é uma integral permanente. É boa para o consumo, com certeza. Mas não tanto para a segurança. Cabe a você trocar manualmente de um modo para outro, não sendo uma transmissão inteligente que gerencia o torque de acordo com a motricidade detectada. Não esqueça de acionar o 4×4 no off-road. Mas, uma vez “traçada”, a Alaskan não tem medo de mergulhar suas rodas na lama. Diferencial traseiro autoblocante, 4×4 com reduzida, 22,9 cm de altura livre do solo… enfim, está preparada para o fora de estrada. Uma pista todo o terreno durante nossa avaliação permitiu até mesmo ver que ela não se opõe a uma pequena travessia de rio.

Essai Renault Alaskan
Essai Renault Alaskan
Essai Renault Alaskan

Quanto custa?

Em conclusão, pode-se dizer que a Renault fez uma entrada notável no segmento de picapes médias. Um veículo agradável em geral, bem nascido, e que vai aonde precisarmos levando carga. Já nos preços, infelizmente, ela não ganha pontos diante da concorrência. A partir de 36.860 euros (cerca de R$ 138.200) na França, com motorização e equipamento equivalente, é cerca de 2 mil euros (R$ 7.500) mais cara que a irmã Frontier – algo difícil de justificar. Nesta versão completa de 190 cv, o valor sobe para 45.960 euros (R$ 172.350).

Para o Brasil, a estreia da Alaskan está prevista para 2018, vinda da fábrica na Argentina que fará também a Frontier (hoje vinda do México) e a Mercedes Classe X (esta somente em 2019). Resta saber o posicionamento que Renault vai dar à sua picape em relação à Frontier para considerá-la (ou não) um bom negócio.

Fotos: Mael Pilven/Motor1.com

FICHA TÉCNICA

MOTOR dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.298 cm3, duplo comando, biturbo, diesel
POTÊNCIA/TORQUE 190 cv a 3.750 rpm / 45,9 kgfm a 2.500 rpm
TRANSMISSÃO automática de 7 marchas; tração 4×4 com reduzida
SUSPENSÃO independente de braço duplo na dianteira e semi-independente na traseira, com multilink, molas helicoidais e eixo rígido
RODAS E PNEUS alumínio de aro 16″ com pneus 255/70 R16
FREIOS discos ventilados na dianteira e tambor na traseira com ABS e EBD
PESO 2.086 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 5.318 mm, largura 1.850 mm, altura 1.835 mm, entre-eixos 3.150 mm; altura livre do solo 22,9 cm; ângulo de entrada 30 graus; ângulo de saída 27,9 graus
CAPACIDADES tanque 80 litros; capacidade de carga 1.000 kg
PREÇO R$ 172 mil (estimado)