Setor automotivo dá sinais de retomada de consumo

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Sinais de recuperação

Entre os três setores – respectivamente, construção civil, bens de capital e automotivo – que juntos respondem hoje por 79,9% do consumo de aço no Brasil, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Aço Brasil, o setor automotivo é o que vem apresentando sinais mais seguros de que entrou em trajetória de recuperação.

Talvez até por ter sido um dos grandes setores industriais que mais sofreram nos três anos mais severos da crise. Segundo dados do IBGE compilados pelo Aço Brasil, de 2014 a 2016 a indústria automobilística registrou queda de 45,3% na produção sobre 2013, em comparação a 16,9% da indústria em geral, 28,9% dos bens de capital, 27,2% da construção e 25% da produção de eletrodomésticos.

Segmento de aços planos

“A produção da indústria automobilística já está indo muito bem, ajudando o desempenho do segmento de aços planos que, por isso, vai melhor que o de aços longos, estes mais demandados pela construção”, diz Francisco Pessoa, economista sênior da LCA Consultores, empresa que produz regularmente relatórios setoriais.

As últimas estatísticas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), referentes a julho, mostram retomada consistente em todas as formas de comparação. A produção de veículos automotores, exceto máquinas agrícolas e rodoviárias, cresceu 5,9% em relação a junho, 17,9% quando comparada à de julho de 2016 e, mais importante, 22,4% de janeiro a julho, no confronto com o mesmo período do ano passado.

A recuperação é liderada por exportações

A recuperação é liderada por exportações, que cresceram 55,3% nos sete primeiros meses (veículos montados), mas já dá sinal de respiro do mercado interno, com os licenciamentos crescendo 7% de janeiro a julho. Pessoa ressalta que o avanço do setor automobilístico tem sido capitaneado pelo segmento de veículos leves, destacando a renovação das frotas das locadoras que compram diretamente das fábricas.

Elas estariam lucrando mais com a venda dos seus semi-novos do que com as locações propriamente ditas. Já o segmento de pesados – caminhões e ônibus -, o economista da LCA vê ainda com dificuldades que vão além dos efeitos da recessão, como o superinvestimento feito na frota de caminhões no passado recente para aproveitar incentivos de crédito do governo federal via BNDES e a dificuldade para renovação das frotas de ônibus urbanos em decorrência da crise fiscal vivida por Estados e municípios.

Setor automotivo – caminhões

Em relação a ônibus e caminhões, que dependendo da análise feita pode ser incluído tanto no setor automotivo quanto no de bens de capital, Pessoa avalia que no curto prazo o melhor dos mundos para eles será “parar de piorar”.  De janeiro a julho deste ano, segundo a Anfavea, o licenciamento de caminhões caiu 14,1% em relação ao mesmo período do ano passado e o de ônibus, 16,9%.

Dado o volume consumido o setor automotivo compra a maior parte do aço que utiliza diretamente das usinas siderúrgicas. Isso explica porque sua importância na cadeia de consumo de produtos siderúrgicos não fica evidente quando se observa as estatísticas do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).

A indústria automobilística e a de autopeças

Somadas, a indústria automobilística e a de autopeças responderam por 8,6% das vendas das distribuidoras de janeiro a junho. No mesmo período de 2012 o total era quase o dobro, 15,6%. O presidente do Inda, Carlos Loureiro, disse que o setor automobilístico representa de 30% a 35% do consumo de aços planos. Se o setor crescer 20% em 2017, responderá por alta de 6% a 7% no consumo de aços planos. (Valor Econômico/Chico Santos)