Furacão Harvey paralisa refinarias e produção de óleos básicos nos EUA

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As plantas de óleo básico e de aditivos, no Texas, ao longo da Costa do Golfo do México, pararam de funcionar, pois o furacão Harvey trouxe inundações recordes para uma das maiores concentrações mundiais de fornecimento de matéria-prima para a indústria de lubrificantes.

Furacão Harvey
Furacão Harvey paralisa refinarias nos EUA (Foto: Twitter/@caroleenarn via Reuters Downtown Houston)

Com os níveis de água ainda em ascensão, as empresas disseram que era muito cedo para dizer quando as instalações reabririam. A indústria aguarda avaliações de danos à medida que a chuva se espalhava para o leste de Houston, aumentando a ameaça de impactos semelhantes para mais plantas perto da fronteira Texas-Louisiana.

“Levará algum tempo para trazer as plantas de volta ao funcionamento normal, depois que foram fechadas, e mais ainda, se elas foram danificadas pelas inundações”, disse Jamie Brunk, gerente de estudos de lubrificação da HSB Solomon Associates, na segunda-feira.

Refinarias param as operações

Entre as instalações que fecharam estão:

  • A refinaria da ExxonMobil em Baytown, no Texas, que inclui uma planta de óleo básico de 28.000 barris por dia, a segunda maior do país, e uma planta de polialfaolefina (PAO) de alta viscosidade de 50.000 toneladas métricas por ano;
  • A refinaria da ExxonMobil em Beaumont, Texas, que inclui uma planta de PAO de 146.000 t/ano;
  • Refinaria Three Rivers e planta de óleo básico de 2.400 barris/dia da Valero, Texas;
  • A maior planta de aditivos da Lubrizol na América do Norte,  em Deer Park, Texas;
  • Planta de polialfaolefina de Chevron Phillips Chemical, de 58 mil t/ano, em Cedar Bayou, Texas;
  • A planta de poliisobuteno (PIB) de 141,000 t/ano do Grupo TPC, a maior da América do Norte, em Houston;
  • As refinarias petroquímicas da Huntsman, em Port Neches e Conroe, ambas incluindo plantas de polialquilenoglicol (PAG).

Representante da Motiva disse, no final da tarde ontem, que a refinaria de Port Arthur, no Texas, que inclui uma fábrica de óleos básicos de 40.300 barris/dia, estava operando com 40 por cento da capacidade, limitada pela logística para fornecimento e saída de matéria-prima. Às 6:30 p.m. EST na terça-feira, a Reuters informou que a empresa estava se preparando para interromper as operações, devido a inundações na refinaria, citando fontes não identificadas familiarizadas com as operações.

A fábrica de óleo básico de Port Arthur é a maior do mundo. Essa instalação, a usina de Baytown da ExxonMobil e as instalações de Three Rivers da Valero representam 27% da capacidade de óleos básicos dos EUA.

Todas as empresas com fechamentos confirmados informaram que era muito cedo para dizer quando suas instalações vão reabrir. A Lubrizol disse que suas instalações sofreram danos mínimos, mas outras empresas disseram que os danos ainda não foram avaliados.

Furacão Harvey vira tempestade mas estragos aumentam

A tempestade Harvey poderá produzir acumulações de chuvas adicionais de 6 a 12 polegadas ao norte e a leste de Houston, do extremo leste do Texas ao sudoeste da Louisiana, nas próximas 48 horas, disse o National Weather Service em um aviso. Em outros lugares, Harvey deverá produzir quantidades de precipitação total de 5 a 10 polegadas em regiões do sul da Louisiana.

De acordo com os relatórios da imprensa americana, a água estava transbordando por dois reservatórios-chave – Addicks e Barker – a cerca de 15 milhas de Houston, apesar dos lançamentos intencionais de água por parte dos operadores. Funcionários disseram que as condições eram inéditas e que não tinham certeza de como os reservatórios lidariam com a situação.

As grandes questões para a indústria de lubrificantes serão quanto tempo até as plantas fechadas reabrirem, e se grandes plantas perto da fronteira Texas-Louisiana também precisarão interromper as operações. A planta da Motiva de 40,300 barris/dia, em Port Arthur, no Texas, é a maior do mundo, e a fábrica Excel Paralubes 22,000 barris/dia, em Westlake, Louisiana, é a quinta maior da nação.

Furacões já deram prejuízos antes

A indústria não precisa olhar para trás tantos anos para lembrar o tipo de problemas que os furacões podem causar. Em 2008, a planta de PAO da ExxonMobil em Beaumont sofreu danos durante o furacão Ike, que forçou a empresa a impor restrições de abastecimento a clientes de lubrificantes sintéticos, que duraram quatro meses.

Em agosto de 2005, as inundações do furacão Katrina causaram danos à principal planta de aditivos para lubrificantes da Chevron, em Belle Chasse, Louisiana, que não reabriu até outubro desse ano.

o furacão Harvey atingiu a costa sudeste do Texas na sexta-feira como um furacão da categoria 4, mas, enquanto os ventos e o aumento do mar causavam algum dano, rapidamente se tornaram mais uma ameaça de inundação à medida que os ventos diminuíram e a tempestade se instalou em Houston.

“Embora o dano do vento possa ter sido inicialmente o motivo do fechamento, o perigo maior agora está em condições de inundações, especialmente na área de Port Arthur e Beaumont [Texas]”, disse Stephen B. Ames, da SBA Consulting em Pepperpike, Ohio. Além do impacto nos fornecedores, ele acrescentou que Harvey pode afetar as próprias instalações de fabricação de lubrificantes.

“As muitas plantas de mistura de lubrificantes na área de Houston podem ter sido fortemente impactadas por possíveis inundações e a provável interrupção dos serviços logísticos, que movem matérias-primas e produtos acabados para dentro e para fora”, disse ele.

– Gabriela Wheeler e Boris Kamchev contribuíram para esta reportagem