A rotulagem dos óleos de transmissão com informações enganosas faz parte dos vários fatores que interferem no uso adequado de fluidos de transmissão automática, de acordo com os resultados de uma pesquisa divulgada pelo Petroleum Quality Institute of America – PQIA. O uso frequente de termos como “fluidos universais” e “múltiplos propósitos”, induz o consumidor a utilizar óleos em transmissões para as quais não oferecem desempenho adequado.
O PQIA disse que sua pesquisa encontrou um forte sentimento de que o mercado de óleos ATF nos Estados Unidos também é dificultado pela abundância de especificações, conhecimento insuficiente de fluidos ATFs por parte de consumidores e até instaladores e a presença de produtos não licenciados e fora de especificação.
O PQIA pediu a criação de um conselho da indústria, que seria liderado por ele, para promover uma melhor rotulagem e educação dos instaladores e consumidores de fluidos ATF.
“A indústria reconhece que há problemas significativos em torno da qualidade e integridade do fluido de transmissão automática, no mercado americano, e que devem ser tomadas medidas para abordá-los”, concluiu a organização, em seu relatório.
A pesquisa foi feita por e-mail, em 28 de abril, aos assinantes de sua newsletter, TITLE. A empresa fechou a pesquisa duas semanas depois, tendo recebido 218 respostas, sendo 82 por cento provenientes de fabricantes e comerciantes de lubrificantes, distribuidores e consumidores.
Outros inquiridos são empregados de empresas de aditivos para lubrificantes, instaladores de transmissões e revendedores de ATF. O PQIA observou que seus assinantes estão mais informados sobre ATFs do que o público em geral, mas argumentou que os resultados ainda são esclarecedores.
Abundância de especificações é um desafio
O PQIA disse que o mercado ATF de hoje é mais desafiador do que no passado, por causa da fragmentação de projetos de transmissão e especificações de fluidos que eles usam. No ano 2000, 77 por cento do ATF, vendido nos Estados Unidos atendia às especificações Dexron III da General Motors e Mercon da Ford, ou o padrão ATF + 4 da Chrysler.
“Isso tornou relativamente fácil para os comerciantes de lubrificantes e instaladores inventariar e vender ATFs, pois cerca de 80% da demanda era atendida por dois tipos de fluidos de transmissão”, afirmou o relatório. Hoje, os fluidos Dexron III / Mercon representam menos da metade do consumo no comércio, e a demanda por eles continua caindo, “sendo substituída e deslocada por um número considerável de requisitos específicos dos fabricantes de equipamentos (OEMs)”, incluindo ATF + 4, Mercon V, Mercon LV, Dexron VI, ATF T-IV, SP-IV, Matic S e Matic D, Toyota ATF-WS, Honda DW, Diamond SP-IV e outros.
Muitos desses fluidos não fornecem proteção adequada para as transmissões para as quais não foram formulados, de modo que sua proliferação aumenta a probabilidade de os instaladores ou os consumidores escolherem um produto que possa prejudicar seu veículo. Quarenta e três por cento dos entrevistados concordaram com a afirmação de que “o número de especificações de ATF no mercado leva a uma aplicação incorreta”, e um adicional de 44% concordou.
Grande quantidade de produtos confunde o consumidor
O PQIA disse que a quantidade de produtos é uma fonte de confusão para os consumidores. Sessenta e seis por cento dos entrevistados concordaram ou concordaram fortemente com a afirmação: “A maioria dos consumidores não conhece o ATF recomendado pelo fabricante do equipamento original para o seu veículo”.
Oitenta e três por cento concordaram que os consumidores não olham os rótulos ATF. Os instaladores geralmente foram considerados como tendo uma melhor compreensão, mas 35 por cento dos entrevistados identificaram o conhecimento do instalador de ATF como uma grande preocupação.
Parece haver um sentimento generalizado de que o nível de confusão é exacerbado pelo uso de termos como universal e multiuso, mesmo para fluidos que não atinjam os requisitos de desempenho em algumas transmissões. Noventa e cinco por cento dos entrevistados concordaram ou concordaram fortemente que a rotulagem enganosa dos ATFs é um problema generalizado. A pesquisa encontrou um suporte muito maior para frases como “licenciado para” e “aprovado para uso em”.
Rotulagem dos óleos não foi o único problema
A rotulagem não foi a única fonte de problemas marcados pela pesquisa. Em alguns casos, os entrevistados indicaram que o próprio fluido é o problema. Uma grande parcela, 66 por cento, concordou fortemente ou simplesmente concordou que os ATFs fora de especificação, que poderiam causar danos à transmissão de um veículo, são uma grande preocupação da indústria.
As questões de qualidade foram consideradas mais significativas em oficinas de reparação independentes e de troca rápida. O PQIA detectou uma dicotomia, no entanto, dizendo que a pesquisa encontrou grande preocupação com a rotulagem, mas pouca preocupação com a qualidade do produto.
A maioria esmagadora dos entrevistados, 81 por cento, disse que achava que a indústria pode e deve fazer mais para assegurar a aplicação adequada, a qualidade e a integridade dos ATFs no mercado. O PQIA disse que está pronto para enfrentar esse desafio, recomendando a criação de um conselho de liderança para a melhoria da qualidade dos ATFs, que também inclua fabricantes e distribuidores de lubrificantes e aditivos, instaladores, consumidores e associações industriais. O conselho realizaria levantamentos adicionais, trabalharia para melhorar a comunicação nos rótulos e descrições das aplicações de ATF e desenvolver esforços de educação para instaladores e consumidores.
Mais informações sobre a pesquisa completa podem ser encontradas no site do PQIA.