Cuidados com o alinhamento
Economia de combustível e evita desgastes excessivos
Nas rodas dianteiras, a suspensão atual é independente. Assim, cada roda acompanha a irregularidade da pista sem afetar a outra, mantendo a estabilidade. Todos os veículos possuem ajuste para a convergência dianteira, e os ângulos usados variam de acordo com os modelos e as montadoras, que os definem pensando no desgaste de pneus e na estabilidade.
Carros populares a suspensão é McPherson
“Na maioria dos carros populares a suspensão é McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Neles só é possível fazer o alinhamento de convergência no eixo dianteiro. Apenas quando há qualquer outro parâmetro diferente do nominal, seja na dianteira, seja na traseira, é necessário fazer alinhamento técnico, ou seja, deformar algum componente”, diz o engenheiro mecânico Felipe Marchesin, colaborador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Trocar peças e componentes
Em alguns casos, a substituição de peças desgastadas pode, sim, ser necessária para a realização do serviço. “Antes de se iniciar o alinhamento de rodas, devem ser avaliadas as condições dos pneus e calibragem e todas as peças e componentes da suspensão, para verificar se não têm irregularidades ou desgaste excessivo”, afirma Lima.
Vários fatores influenciam o acerto de suspensão e direção, da altura do carro em relação ao solo aos componentes que conectam as rodas ao chassi, como bandejas e buchas. “Rodas desalinhadas impedem o movimento natural do veículo, causando problemas de direção, cansaço no motorista e desgaste prematuro e irregular dos pneus”, diz Marchesin.
Ângulos diferentes no alinhamento
Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat, diz que, apesar de esse acerto de geometria ser um serviço de precisão, são normais diferenças nos ângulos usados, mesmo entre dois modelos iguais de veículo. “Numa comparação entre dois carros de utilização diária, um pode ter um pneu mais gasto ou folga em buchas ou rolamentos que, mesmo em condições de uso e sem comprometer a segurança, podem requerer ângulos diferentes no alinhamento. No entanto, para serem aceitáveis, essas diferenças devem ser muito pequenas para manter as características originais do modelo, previstas pela engenharia no desenvolvimento do carro.”
Levamos dois populares, para fazer o alinhamento
Para verificar isso, levamos dois populares, de diferentes marcas, para fazer o alinhamento em seis oficinas e concessionárias de São Paulo, cidade que oferece milhares de buracos e irregularidades em suas ruas.
Antes passamos na Quadrelli Alinhamento e Balanceamento Especiais, que deixou os volantes descentralizados e alterou os ângulos para que fosse possível conferir o serviço depois que ele fosse realizado. O resultado surpreendeu. E não só pela diferença de preços.
Ângulos foram diferentes dos iniciais
Em todos os atendimentos, apesar de o resultado ficar dentro da tolerância, os valores dos ângulos foram diferentes dos iniciais. Nenhuma calibrou os pneus antes de alinhar. Três fizeram o rodízio de pneus, mas apenas uma avisou que um deles tinha desgaste anormal. Só um operador andou com o carro para testá-lo após o serviço. Uma cobrou por uma cambagem no lado esquerdo (desnecessária). E o pior: nenhuma alinhou o volante.
Então como saber se é mesmo preciso trocar peças e se o serviço foi bem executado? A fórmula para decifrar essa questão é seguir o plano de manutenção indicada pelo fabricante, conforme quilometragem ou período, e ficar atento para sentir se o veículo está sem estabilidade, além anomalias como ruídos e vibrações.
Amortecedor não está em boas condições
É possível verificar quando um amortecedor não está em boas condições. A carroceria tem oscilação maior que a normal em frenagens e curvas, e o carro tende a escapar da trajetória. Ainda se pode checar se há vazamento de fluido entre o eixo e o corpo do amortecedor. Os pneus são outra referência. Se têm desgaste anormal, rápido ou irregular, indicam problemas de alinhamento.
Para acompanhar a inspeção do mecânico e mostrar conhecimento de causa, é preciso checar as medições comparando os valores dos ângulos com os fornecidos pelo fabricante do veículo. Ao fim do alinhamento, a máquina imprime um relatório com os ângulos medidos no carro e os valores recomendados pela montadora. Alguns já fornecem a tolerância aceitável. Basta conferir para ver o que não bate.
Outro aspecto é saber se a oficina faz a calibração das máquinas de medição periodicamente e verificar, logo após a realização do serviço, se o problema que o veículo apresentava foi eliminado.
Fora de linha
Para Wagner Quadrelli, da Quadrelli Alinhamento e Balaceamento Especiais, para evitar distorções por dados incorretos inseridos nas máquinas, o melhor é que o operador dirija o carro depois. “Esse é um serviço ligado à preservação da vida dos ocupantes do carro. Por isso, o homem ainda é fundamental para conferir o acerto do alinhamento.”
Alberto Trivellato, da Suspentécnica, pensa igual. “A sensibilidade é determinante para obter o melhor alinhamento, ainda mais no caso de máquinas de alinhamento abastecidas com valores que não correspondem ao que o carro precisa”, diz.
Marchesin acredita que essas máquinas são confiáveis, porém, como qualquer instrumento de medição, precisam ser constantemente verificadas: “Assim como o veículo perde o alinhamento, a máquina de alinhar também perde.”
Para tirar dúvidas, devem-se fazer pequenos testes que podem indicar se o carro está bem alinhado. Ao rodar devagar com o veículo em uma rua plana, basta soltar o volante e observar se o carro puxa para algum lado. Conferindo se o volante está centralizado, pisar gradativamente no freio permite sentir se o carro continua em trajetória reta.
Caso contrário, esqueça a recomendação dos 10 000 km e leve o carro para alinhar. Afinal, sua segurança e a dos ocupantes do seu carro não têm preço.
Alinhe quando…
1. Trocar os pneus
2. Os pneus tiverem desgaste excessivo na área lateral superior
3. A banda de rodagem se desgastar em forma de escama ou serra
4. Um pneu tiver maior desgaste que outro
5. Houver trepidação das rodas dianteiras
6. O volante apresentar vibração
7. A direção ficar pesada
8. Os pneus cantarem em curvas ou manobras
9. O carro puxar para o lado quando os freios forem acionados
10. O veículo puxar para a esquerda ou para a direita
Alinhamento na tela
Ao alinhar o carro, três pontos da suspensão devem ser ajustados: convergência (ou divergência), cáster e câmber. Estes dois só se alteram por acidentes ou avarias. A convergência muda pelo uso do carro e está diretamente ligada ao aumento da vida útil dos pneus.
Câmber: é o ângulo formado pela inclinação da linha normal da roda com relação à vertical.
Cáster: permite que as rodas mantenham-se em linha reta e responde pelo retorno automático do volante à posição central após a curva. Se não estiver correto, exigirá grande esforço para virar o volante.
Convergência: ângulo das rodas de modo que elas fiquem mais fechadas quando medidas na parte dianteira. É ela que compensa a tendência de abertura/fechamento dos pneus para garantir que eles rodem alinhados e evitar desgaste excessivo.