Carro que fica parado
Uber, aplicativo de carona, carro compartilhado, bicicleta, transporte coletivo. Atualmente, quem vive nas grandes cidades tem tantas opções que é cada vez mais comum o número de pessoas que está deixando o segundo automóvel mais tempo parado na garagem – e às vezes até o único veículo da casa.
Primeiro, é preciso saber quanto tempo pretende deixá-lo parado. Se for por até duas semanas, pode relaxar: não é suficiente para causar estragos. Mas é bom providenciar uma boa limpeza (por fora e por dentro) para manter a pintura em bom estado.
Verifique principalmente se não há restos de alimentos ou líquidos no interior e garanta que os revestimentos estejam perfeitamente secos. Migalhas de biscoito, por exemplo, podem atrair insetos e manchas de suco ou de refrigerante ficam mais difíceis de retirar com o tempo.
Encerar a carroceria é outra boa prática
Encerar a carroceria é outra boa prática, pois evita que a sujeira grude na pintura. O ideal é guardar o automóvel em uma garagem coberta e bem ventilada, mas longe do sol. Caso não seja possível, providencie uma boa capa automotiva – precisa ter entrada para ventilação e forro que não cole na lataria quando chover.
William Oliveira, gerente da Dakar Auto Center, faz uma observação importante: “Se não for usar com frequência, é importante passar a trocar o óleo do motor e os filtros de acordo com o tempo, e não com a quilometragem”. Afinal, mesmo com o motor desligado, o lubrificante se degrada pela oxidação.
Um exemplo real: o Onix Joy pede troca aos 10.000 km, mas se rodar pouco, é considerado uso severo e deve ser substituído em seis meses. O mesmo vale para o fluido de freio: ele vence após dois anos caso não atinja os 20.000 km antes.
Mangueiras e correias
Atenção também aos pneus. “Se estiverem com pressão inadequada e ficarem estacionados por muito tempo, podem se deformar”, explica Oliveira. Se o veículo ficar imobilizado por mais de um mês, use a pressão indicada no manual para carga máxima.
Renato Sollitto, gerente de produto da Peugeot do Brasil, reforça que há outros itens que se degradam com o tempo. Mangueiras com pouco uso podem ressecar e rachar com mais frequência. E cuidado com as correias: no Onix, a dentada deve ser trocada após seis anos se não chegar a 60.000 km. Os limpadores de para-brisa precisam ser levantados para evitar que a borracha da palheta grude e se deforme em contato com o vidro.
O técnico Thiago Amaral das Chagas, da Auto Mecânica Kobata, lembra a importância de verificar o reservatório de gasolina da partida a frio: “Gasolina velha pode provocar a formação de goma, que pode entupir os dutos e ressecar as juntas do sistema”. O melhor é abastecer o tanquinho com gasolina Podium, que possui maior prazo de validade.
Já o ar-condicionado deve ser usado sempre, para lubrificar o sistema de vedação do gás e das mangueiras – vale até para quem roda com frequência e não aciona o ar. O ideal é ligá-lo por 30 minutos, a cada 15 dias.
Também é recomendado usar calços para manter o carro parado (em superfície plana), em vez do freio de mão, já que a umidade pode fazer com que os freios grudem mesmo se forem a disco. Se a parada durar mais de um mês, desconecte a bateria, já que há equipamentos que consomem energia com o motor desligado, como relógio, rádio ou alarme.
Carro no cavalete
No entanto, se a estadia for mais prolongada, acima de seis meses, por exemplo, é preciso tomar outros cuidados. Além do já recomendado, deixe o mínimo de combustível no tanque e apoie o veículo sobre cavaletes, para evitar que os pneus fiquem “quadrados”.
Ou então você pode apelar a um amigo de confiança e pedir que rode com o carro quando estiver fora. Afinal, a melhor precaução, é o uso (leia abaixo), nem que seja pouco, porque isso vai livrá-lo de toda essa trabalheira.
Rodar periodicamente é a melhor prevenção
Como qualquer máquina, o automóvel funciona melhor se for utilizado comfrequência. Rodar ao menos 5 km a cada 15 dias é o suficiente para manter o conjunto mecânico em bom estado. Mas atenção: não basta ligar o motor com o carro parado. Assim, apenas o motor estará sendo beneficiado.
“Itens da transmissão, como as juntas homocinéticas, e da caixa de direção, precisam ser movimentados para garantir a lubrificação de seus componentes”, afirma Thiago Amaral das Chagas, da Mecânica Kobata.
Além disso, rodar periodicamente também ajuda a evitar que a embreagem fique “colada”, por excesso de umidade. E evitar isso deixando um peso sobre o pedal da embreagem, por exemplo, não funciona: pode acabar provocando a fadiga da mola.