Anualmente a J.D. Power avalia a qualidade dos carros novos feitos em diversas fábricas brasileiras. A ideia é identificar os problemas mais recorrentes e aspectos que as montadoras podem melhorar nos veículos recém-saídos da linha de montagem final.
Desde 2011 a empresa reúne todas estas informações e faz um balanço. “Fazemos isso em todo o mundo e separamos os dados locais. Vemos que o País evoluiu muito em qualidade recentemente”, comenta Sergio Sanchez, gerente sênior de práticas automotivas da J.D. Power.
Ele aponta que o País melhorou de forma significativa, com o uso de materiais mais interessantes, montagem mais precisa e durabilidade maior. “Ainda nos falta alguma coisa para chegar ao mesmo patamar do Japão, por exemplo. Por outro lado, com as condições de estrutura e tecnologia que temos nas fábricas, estamos em um patamar bem respeitável”, diz.
Onde as montadoras podem melhorar
Para chegar aos dados, consultores da empresa rodam com duas unidades de alguns modelos de carros novos por uma semanas e avaliam o veículo de forma estática e dinâmica. São considerados apenas automóveis e comerciais leves e a J.D. Power não divulga o número nem o nome das montadoras analisadas, apenas garante que o levantamento cobre “parcela representativa da produção nacional, com diversas marcas avaliadas para produzir uma fotografia da realidade local”.
O estudo evidencia que a maior parte dos defeitos dos carros novos está no exterior e no interior do veículo. Do total de problemas, 55,2% são em componentes destas estruturas. Sanchez destaca que são áreas mais visuais, em que o consumidor nota qualquer defeito com facilidade. Além disso, diz, são aspectos mais complexos, que demandam muitos processos produtivos e tecnologia na fabricação.
Qualidade dos carros leva em conta Infoentretenimento
Outro número expressivo está relacionado aos problemas nos sistemas de infoentretenimento, nos recursos como áudio e navegação. Estes itens respondem por 12,6% do total de defeitos em carros novos, segundo a J.D Power. São equipamentos cada vez mais presentes nos veículos e demandados pelo consumidor, aponta Sanchez. Segundo o consultor, muitas vezes o que parece ser um defeito é, na verdade, dificuldade do consumidor de usar a tecnologia.
“Existe aí uma grande oportunidade para a montadora de estreitar o relacionamento com o cliente ao ensinar ele a usar plenamente a ferramenta. De quebra as empresas conseguiriam melhorar o índice de satisfação com seus carros”, aponta, destacando que é essencial ter rede de concessionárias preparada para tornar estas tecnologias menos complexas para o cliente.
Por outro lado, os sistemas dos carros que apresentaram menor índice de defeitos no levantamento da J.D. Power foram o de ventilação e ar-condicionado e os motores e transmissões, com participação de apenas 4,1% no total de problemas registrados cada um. “A tecnologia do trem de força recebe grande parte do esforço de pesquisa e desenvolvimento e de produção das montadoras. Uma falha no motor em um carro novo é um defeito severo, por isso a indústria concentra muitos esforços nesses componentes”, esclarece Sanchez.