O desempenho da indústria e do ambiente de negócios do mercado automotivo ainda se mostra difícil e complexo, mas “embora não tenha parado de cair, a situação está próxima da estabilidade, o primeiro passo para a retomada do setor”, observou Antonio Megale, presidente da Anfavea, na abertura do VIII Fórum da Indústria Automobilística, realizado por Automotive Business na segunda-feira, 17, no Golden Hall do WTC, em São Paulo. “Voltamos ao patamar de dez anos atrás. A queda nas vendas, no entanto, vem diminuindo a cada mês, o que nos faz acreditar que o pior já está passando.”
Para Megale, apesar de negativo, o resultado apurado no primeiro trimestre de ano indica um nível de emplacamentos em conformidade com a estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, de crescimento de 4% nas vendas de veículos em 2017, para 2,1 milhões de unidades. Nos três primeiros meses do ano o mercado absorveu pouco mais de 472 mil unidades, volume 1,9% menor que os 481,3 mil veículos negociados no mesmo período do ano passado.
A crença do dirigente da Anfavea na evolução dos negócios também está baseada no atual momento do País, seja por índices macroeconômicos, seja pela pauta da agenda política. Estão no horizonte as quedas da inflação e dos juros, a safra recorde, os primeiros anúncios de investimentos em concessões para a iniciativa privada, a aprovação da terceirização, “que traz segurança jurídica e redução nos custos da mão de obra”, e a reforma previdenciária. “O conjunto de fatos e fatores nos dá uma visão mais otimista. O País está começando a subir a escada do crescimento.”
Em sua apresentação, Megale ainda apontou os desafios que a indústria tem pela frente. O presidente da Anfavea destacou a preocupação com o fim do Inovar-Auto: “É nosso grande ponto de interrogação de hoje.” O programa de incentivo à inovação tecnológica e adensamento da cadeia produtiva criado em 2012 acaba no fim deste ano e o setor ainda não sabe o que virá pela frente. “Estamos trabalhando com o governo para organizarmos novas diretrizes setoriais. Importante, porém, é termos uma visão de longo prazo, até 2030 pelo menos, para que a indústria possa planejar investimento.”
Retomada
Segundo Megale, o Inovar-Auto trouxe benefícios para a indústria automotiva, mas ainda tem muito a avançar. “O veículo nacional ganhou mais tecnologia, a indústria investiu em pesquisa e desenvolvimento e novos processos de produção, mas corremos o risco de o setor estacionar.
Para Megale é hora de pensar grande, como objetivo maior de obter mais competitividade. “É fundamental o esforço para adequar os custos para que a indústria nacional de veículos tenha capacidade para concorrer com suas matrizes em qualquer que seja o mercado no mundo. Afinal, queremos somente um mercado interno de 3 milhões de unidades ou os 90 milhões do globo?”, questiona.