Pedro Nelson Belmiro
Pedro Nelson A. Belmiro é Coordenador da Comissão de Lubrificantes do IBP, Co-autor do livro Lubrificantes e Lubrificação Industrial e Editor da revista lubes em Foco.
O país vive uma crise de ética e de moral, e o mercado de lubrificantes não fica imune aos respingos dessa praga cultural.
Havia uma grande expectativa do mercado brasileiro de lubrificantes com referência à retomada do Programa de Monitoramento dos Lubrificantes – PML da ANP. Durante quase dois anos, a Agência precisou se reestruturar e refazer contratos com universidades e laboratórios, para que o programa voltasse com força total.
E assim, vimos já no final de 2016, sair o primeiro boletim, agora com foco somente em rótulos e qualidade, uma vez que as questões relativas a registros já são resolvidas no processo de aceitação dos mesmos. Novamente, nos deparamos com resultados problemáticos no tocante à qualidade, mostrando que 18,9% das amostras analisadas apresentaram não conformidade em ensaios como: Teor de Elementos, Viscosidade Cinemática a 100°C e Viscosidade Dinâmica à baixa temperatura pelo simulador de partida a frio, CCS.
Onde está a ética na venda de óleos sem aditivos?
Ainda é um resultado muito alto para os padrões que queremos seguir no país, mas o que mais chama a atenção é ainda existirem situações, como as observadas em 20,5% das amostras que foram analisadas quanto à aditivação, e mostraram ausência de aditivos ou baixa concentração deles.
Ora, uma pequena variação em um resultado de qualquer teste, mesmo tirando o produto de especificação, não se compara à ausência de aditivos, que demonstra claramente a má intenção do produtor em aumentar lucros ilicitamente com enorme prejuízo aos consumidores e seus equipamentos. E é esse procedimento que precisa ser punido exemplarmente, para que se possa pensar em um maior patamar de qualidade para o mercado.
O consumidor tem os instrumentos
O país vive uma crise de ética e de moral, o que pode se tornar o ponto de virada na consciência da sociedade, se soubermos aproveitar o aprendizado, pois não se trata de estarmos criando o problema agora, e sim, jogando luz em cima do que já existia e estava obscuro.
Assim também, o PML pode e deve ser um agente de iluminação da obscuridade no mercado de lubrificantes, em que agentes inescrupulosos ainda empurram ao consumidor óleos minerais sem aditivos, com rótulos bonitos e preços enganadores.
Nesse ponto, entra a fiscalização como instrumento de organização desse mercado. A punição aos fraudadores deve vir consistente e precisa, e o consumidor tem o dever de colaborar, com denúncias, mesmo que anônimas, pois a ANP pode fazer o filtro necessário.
Com o tempo, o consumidor irá perceber que a economia feita com um lubrificante barato ou de procedência duvidosa pode trazer grandes prejuízos. Temos o conhecimento, temos as ferramentas, resta a vontade e a atitude para a realização das mudanças.
O momento é ótimo para isso!
Disque denúncia ANP: 0800 970 0267 – ligação gratuita, de segunda a sexta-feira, das 8 às 20h
Denúncia pelo site: http://www.anp.gov.br/wwwanp/fale-conosco/sac