PSA negocia com a GM a compra da Opel
O grupo francês PSA negocia com a General Motors a compra da Opel, fabricante alemã de veículos que é controlada pela americana desde 1929. Segundo agências internacionais, as duas empresas confirmaram a negociação nesta terça-feira, 14, e o anúncio do negócio deve ser feito nos próximos dias. De acordo com analistas, a compra de mais uma marca traria maior escala, eficiência e rentabilidade ao Grupo PSA, que junto com as marcas que já possui (Peugeot, Citroën e DS) consolidaria sua posição de segunda maior montadora da Europa. Adicionando a Opel e Vauxhall (marca que atua no Reino Unido) ao portfólio, a participação da PSA no mercado europeu subiria para 16,3% – ficando só atrás do Grupo Volkswagen, que domina 24,1%, de acordo com números do fim de 2016.
General Motors
Pelo lado da GM, a venda pode significar uma saída “limpa” dos seguidos prejuízos de sua operação europeia, de US$ 257 milhões em 2016 e US$ 813 milhões no ano anterior. Segundo relatou a própria GM na divulgação de seus resultados do ano passado, ficou mais difícil conseguir a estabilidade financeira na Europa depois que o Reino Unido votou pela sua saída da União Europeia, o que desvalorizou a libra e comprometeu os lucros na região, levando em conta que a Opel tem boa presença no mercado britânico com a Vauxhall.
Em comunicado oficial, a GM confirma que as duas empresas “estão explorando numerosas possibilidades de iniciativas estratégicas para elevar a rentabilidade e eficiència operacional, incluindo a potencial aquisição da Opel/Vauxhall pela PSA”. Mas a companhia americana ressalta que ainda “não há nenhuma garantia que um acordo será alcançado” nesse sentido. A PSA também distribuiu comunicado similar.
Acordo operacional na Europa
GM e PSA já mantêm um acordo operacional na Europa para dividir a fabricação de alguns modelos de SUVs e minivans, que já gerou “sinergias substanciais para ambas as companhias e dentro desse escopo as duas empresas examinam regularmente as possibilidades de expansão e cooperação”, diz a GM no comunicado.
A cooperação atual das duas fabricantes de veículos é o que restou de uma tentativa mal sucedida de associação acionária, que terminou em 2013 com a venda de participação de 7% que a GM tinha na PSA. O insucesso da transação levou a PSA, na pior crise financeira de sua história, a buscar a ajuda do governo francês, que comprou 14% das ações do grupo, e vender outros 14% à chinesa Dongfeng Motor, que assim passaram a controlar a companhia em conjunto com a família Peugeot.
O CEO Carlos Tavares assumiu o comando da PSA em 2014 e implantou uma agenda de recuperação que fez a companhia voltar aos lucros e lançar um novo plano estratégico de expansão.
Com a Opel, o grupo francês teria acesso à tecnologia de propulsão elétrica já desenvolvida pela engenharia da fabricante alemã, o que poderá acelerar e ampliar o lançamento de carros elétricos. A fusão também traria ganhos de sinergia em compras conjuntas e cortes de custos.
Sem a Opel, a GM praticamente selaria sua saída do mercado europeu, já que no ano passado a companhia decidiu parar de vender carros Chevrolet na Europa.
No Brasil o impacto seria pequeno
Para o Brasil o impacto atual seria pequeno, mas a GM brasileira perderia um importante fornecedor de projetos de carros adaptados ao mercado local, vendido aqui como Chevrolet, mas que tiveram origem na engenharia da Opel. O exemplo mais atual dessa troca é o Cruze, mas da GM Europa já vieram para cá modelos como Opala, Kadett e Corsa, só para citar alguns.